Domingos Moro: mobilização para voltar a vencer. |
O processo de mobilização do Coritiba começou ontem. A diretoria tomou as primeiras medidas para recuperar o elenco e dar força à comissão técnica nesta reta final do campeonato brasileiro – são sete jogos decisivos, a partir do domingo, contra o São Paulo, às 18h, no Morumbi.
O objetivo é conscientizar o grupo da importância de chegar à Libertadores, e da grande possibilidade que o Cori tem de conseguir uma vaga no maior torneio interclubes da América Latina.
Ainda no sábado, o secretário Domingos Moro marcou uma reunião com toda a comissão técnica – lá estiveram o gerente Oscar Yamato, o coordenador Sérgio Ramirez, o técnico Paulo Bonamigo, os auxiliares Hércules Venzon, Édson Gonzaga e Alciney de Miranda, os preparadores físicos Róbson Gomes e Cléber Hidalgo e o preparador de goleiros Cassius Hartmann.
Segundo Moro, foi realizada uma espécie de ?dinâmica de grupo?. “Cada um que lá estava comentou o que estava achando de errado, e depois disso discutimos as atitudes que iríamos tomar”, conta o dirigente. “Feito isso, dividimos as responsabilidades e passamos a agir”, completa o secretário, que marcou nova reunião, agora com o elenco, para esta tarde.
Nos planos da direção e da comissão técnica, o problema é, acima de tudo, emocional. “O time perdeu confiança, e isso só se resolve com conversa, mas sem pressão. Claro que vamos trabalhar, porque também temos que corrigir algumas coisas, mas temos que passar tranqüilidade nesse momento importante”, comenta Bonamigo.
Domingos Moro garantiu que não deverá ser trazido nenhum profissional de motivação. “Nós temos as pessoas aqui. A solução para a nossa recuperação está dentro do clube”, explica. “A nossa psicóloga (Flávia Focaccia) já está nos ajudando, e nós vamos conversar também com eles”, completa o treinador alviverde. “A palavra chave é motivação”, resume o secretário coxa.
A conversa mais decisiva deve partir mesmo de Moro, que deve ser incumbido de lembrar os atletas do quanto vale a classificação para a Libertadores. “Eu quero reiterar a eles a importância dessa vaga na carreira de cada um, acima de qualquer coisa”, resume. Para isso, ele terá a ajuda de Maurinho, Odvan e Jackson, que já disputaram o torneio – os dois últimos foram campeões, respectivamente por Vasco (98) e Palmeiras (2000).
E, para que o elenco não seja mais pressionado, toda a cúpula do futebol alviverde trabalha com a mesmo discurso. “Temos que melhorar, sim, mas com tranqüilidade. Trabalhando sério, mas sem desespero”, diz Oscar Yamato. “Nós temos condições para chegar. Ninguém faz 65 pontos à toa”, lembra Bonamigo. “Nós vamos lembrar que temos qualidade para estar entre os melhores. E vamos estar”, finaliza Moro.
Dez pontos para garantir a vaga
Chegou a hora de fazer contas. Nos sete jogos que restam, o Coritiba precisa de dez pontos para chegar à Copa Libertadores. Apesar de o São Paulo ter empatado na classificação, as chances de conseguir uma das quatro vagas em disputa são de 82%. E, segundo o matemático Tristão Garcia, que se debruça há anos sobre os números do futebol brasileiro, não há motivo para desespero.
O professor gaúcho é sempre procurado quando se fala em probabilidades em campeonatos. “Eu tenho um cálculo conservador, e por ser assim, ele não vende falsas esperanças”, explica. Essa conta é feita tomando por base os jogos já realizados pelas equipes, seus rendimentos fora e dentro de casa e a tendência disso se repetir no restante da competição.
E é por isso que Tristão acredita que o Coritiba tem grandes chances de chegar ao maior torneio interclubes da América. “Não vejo motivo para tanta preocupação. O Coritiba está bem, faz uma campanha elogiável e tem possibilidades reais de conseguir uma vaga”, garante.
Tristão Garcia lembra que a instabilidade é comum em todas as equipes do Brasileiro. “Todo mundo já teve um momento de queda, mesmo o Cruzeiro e o Santos”, diz. Isso se deve, segundo o matemático, ao tamanho do campeonato. “É uma competição muito longa, e na minha opinião uma ótima forma de perder dinheiro. É um erro fazer campeonatos em pontos corridos”, comenta.
Nas contas de Garcia, o Santos já tem uma das quatro vagas reservadas ao Brasileiro. “Só um desastre tira a vaga”, resume. Depois, vem o São Paulo, que mesmo atrás do Coxa nos critérios, tem maiores possibilidades – 86% a 82%. “Isso porque eles têm quatro jogos em casa, contra três do Coritiba. E o confronto direto será no Morumbi, e isso faz diferença na análise”, explica.
Os rivais que vêm abaixo têm chances menores: o Atlético-MG tem 53%, o São Caetano 39%, e o Internacional, 30%. E, diz Tristão, a tendência dos últimos jogos -quando o Cori caiu de produção – não modifica muito os números. “Se fizesse uma conta apenas com os dez últimos jogos, apenas o Atlético teria uma subida considerável. O Coritiba teria 80% de chances de se classificar para a Libertadores”, avalia.
Por isso o matemático diz que a torcida alviverde pode manter a calma. “O torcedor, por conviver com a paixão, acaba impregnado pelo último resultado. Aí aumenta a preocupação porque o Coritiba perdeu de 4×0. Mas a campanha é muito boa”, finaliza.