Foto: Orlando Kissner/Tribuna
Gionédis foi dar seu apoio
aos jogadores ontem, durante
o treino no Couto Pereira.

O Coritiba vai entrar em campo pela 42.ª vez no Campeonato Brasileiro – a última rodada, a última partida em casa. Foram, até agora, vinte jogos no Couto Pereira, e o rendimento do time no Alto da Glória não foi dos melhores, mesmo com o apoio maciço da torcida, fato que se repetirá no domingo, às 16h, contra o Internacional. Para fugir do rebaixamento, o Coxa terá que fazer o que não fez na maioria dos jogos em Curitiba: jogar bem e vencer.

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Nos vinte jogos que disputou no Couto Pereira, o Cori conseguiu nove vitórias, três empates e oito derrotas. Apenas Atlético-MG (onze) e Brasiliense (nove), ambos já rebaixados, perderam mais jogos em seus domínios. O aproveitamento é de 50%, bem abaixo da média histórica da equipe nos últimos Brasileiros. Em contrapartida, a média de público alviverde é a quarta melhor do campeonato até o momento -e os ingressos para o jogo de domingo devem se esgotar ainda hoje.

São duas situações conflitantes, que precisam se encontrar no confronto com o Inter. ?Será a nossa decisão, será a nossa final de Copa do Mundo. E nós precisaremos contar com a torcida a cada momento?, argumenta o zagueiro Anderson, que chegou há pouco no Coritiba, mas já se identificou com o clube. ?É muito legal ver o estádio lotado todo jogo. E chegou o momento da gente fazer o que eles querem, que é vencer a partida e tirar o Coxa deste sufoco?, completa.

É o mesmo pensamento do capitão Reginaldo Nascimento. ?Agora é a hora de retribuir para eles toda a ajuda que nos deram tanto dentro quanto fora de casa?, comenta o volante, que deve ser zagueiro na partida de domingo (ver matéria). Ele segue o pensamento de Douglas, que há algumas rodadas vem dizendo que o elenco ainda está em dívida com os torcedores. ?Não queríamos estar passando por isto, mas nossa obrigação agora é acabar com este suplício?, ressalta o goleiro.

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Para o técnico Márcio Araújo, a partida com o Internacional será mais uma prova da inteligência do torcedor coxa. ?Não é fácil passar por esta situação. Eles estão sofrendo, todo mundo comenta e faz brincadeiras. Mas, mesmo assim, a torcida vai ao estádio, lota em todos os jogos e faz uma linda festa. São estes os coxas que a gente precisa e eu tenho certeza que teremos no estádio domingo?, afirma.

E o treinador garante que haverá resposta em campo. ?Eles serão o reflexo das arquibancadas. Vão fazer o máximo para vencer, ainda mais com o apoio que receberão?, avisa Márcio Araújo, que tem seu discurso corroborado pelo capitão. ?Vamos ser empurrados pela torcida e vamos tentar fazer tudo que eles esperam da gente para conseguir a vitória?, finaliza Nascimento.

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Márcio ainda está em dúvida

A dúvida pode ser dirimida ainda hoje – ou ficar para momentos antes da partida. O técnico Márcio Araújo estuda duas formações para escalar o Coritiba no jogo decisivo de domingo contra o Inter. A surpresa é que ele abdicou de formar a equipe com três zagueiros, como se esperava. A intenção é partir desde o início para o ataque, tentando encurralar o vice-líder do Brasileiro.

Márcio explica que não adianta pensar em marcar. ?Nossa prioridade tem que ser o ataque. A gente precisa do resultado, então não pode montar um time que seja considerado mais defensivo. Claro que vamos ter uma marcação forte, mas nossa força tem que estar na frente. Nós vamos jogar?, explica o treinador coxa, que chegou até a falar em três atacantes. ?Por que não podemos fazer isto? Tudo pode acontecer, desde que seja feito com inteligência?, resume.

Uma opção para formar a equipe mais ofensiva acabou descartada. O atacante Maia, que voltou a treinar esta semana, sentiu novamente a coxa direita e foi vetado pelo departamento médico. Sem o jogador, Márcio Araújo dificilmente começará jogando com três na frente -além de Alcimar e Renaldo, as opções seriam Anderson Gomes e Marcelo Peabiru.

Com isso, a dúvida fica mesmo na lateral-direita. Se na quarta o titular foi Rodrigo Batatinha, ontem James foi o camisa 2. ?São situações que a gente precisa ver durante os dias, tentando entrar na mente do técnico do Internacional para saber o que eles vão fazer?, desconversa Márcio.

Com a torcida de Lula

?Aposto que tem gente que torce para os outros times daqui do Paraná que estão torcendo pelo Inter no domingo, para que o Coritiba seja rebaixado. Isso é pura maldade?. Em meio às rusgas entre ministros, cassações de aliados e quedas no Produto Interno Bruto, o presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda arrumou tempo para falar de futebol – e o torcedor corintiano acabou se envolvendo no jogo do adversário de sua equipe na luta pelo título brasileiro.

Para Lula, e para os paulistas, uma vitória do Coxa sobre o Colorado é ideal – faz com que o Timão seja campeão com qualquer resultado contra o Goiás. ?Ele está torcendo para o Corinthians?, lembra o técnico Márcio Araújo, que no entanto ?aceita? as declarações do presidente. ?Ele é o nosso chefe maior, temos que respeitar as opiniões dele?, resume.

Os jogadores avaliam o posicionamento do presidente como a prova da importância do futebol no Brasil. ?O Márcio Araújo sempre nos diz que os jogadores de futebol são os profissionais mais pressionados do país?, afirma o zagueiro Vágner. ?Um evento como o Campeonato Brasileiro sempre é assunto, ainda mais em uma última rodada?, completa o meia Caio.

E a torcida do político mais importante do país foi bem-vinda no Alto da Glória. ?Tudo que for positivo a gente recebe muito bem?, diz o meia Rodrigo Batata, que deve ocupar a lateral-direita no domingo. ?Se ele falou, é porque está interessado na nossa situação e porque também interessa ao Corinthians. Agora cabe à gente fazer a nossa parte e vencer o jogo, para salvar o Coritiba?, finaliza Caio.