Coritiba tenta um novo recomeço com Cláudio Marques

Cada dia é um recomeço para o Coritiba. Nas últimas semanas, alguns dias não só foram recomeços, como foram verdadeiras revoluções. E é sob o signo da mais recente delas que o time entra em campo hoje, às 20h30, contra o Internacional, no Beira-Rio. É o último dos jogos remarcados pelo STJD por conta das manipulações confessadas pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho. Portanto, a partida de hoje faz o Campeonato Brasileiro ?entrar nos eixos?.

O que seria bom também para o Coxa.

Apesar do inusitado do jogo -afinal, ele ?já aconteceu? em 21 de agosto, vencido pelo Colorado por 3×2 -, o Coritiba nem pensa muito na situação de repetir a partida. Nem mesmo Renaldo e Caio, que perderam um gol cada na lista dos artilheiros, estão muito preocupados. ?Se der, tudo bem, mas o importante é que nós precisamos ganhar o jogo e iniciar a recuperação?, afirma o centroavante, que volta ao time esta noite (Leia matéria abaixo).

O Coritiba necessita desesperadamente de recuperação. E ela não virá somente dos resultados, virá também da própria atitude do elenco, questionado por não estar rendendo o suficiente – e por não estar reagindo como se imagina. ?Nós estamos muito preocupados. Eu, particularmente, sofro muito, porque sei a grandeza do clube desde criança. A gente não pode deixar isso acontecer. Meus familiares estão todos tensos?, confessa o zagueiro Allan.

?Isso? é deixar o Coritiba entrar na zona de rebaixamento. A cada derrota (são seis seguidas), o time se aproxima mais da ?degola?. ?Passar por uma situação destas é uma mancha na carreira de todo mundo?, reconhece o capitão Reginaldo Nascimento. ?Não podemos fugir da nossa responsabilidade?, diz o goleiro Douglas. ?É hora de aplicação, vontade e conhecimento dos problemas que estamos passando?, resume o técnico interino Cláudio Marques.

Ele assumiu a equipe na quarta com a missão de comandá-la enquanto um técnico não for contratado. Pesou para sua convocação o conhecimento do grupo e, principalmente, sua capacidade de liderança – conhecida desde os tempos de jogador multicampeão pelo Coxa. ?Ele é o profissional ideal para o momento?, elogia o gerente de futebol Oscar Yamato. ?Ele já passou coisas boas para gente e estamos bastante confiantes?, garante o zagueiro Anderson.

Cláudio Marques sabe que precisa fazer com que os jogadores do Cori (principalmente os mais jovens) acreditem que possam recuperar o time. ?Cada um precisa estar consciente do que pode fazer. E eu sei que eles podem fazer muito pelo Coritiba?, afirma o técnico, que terá o desafio mais importante em sua carreira – e nos quase 36 anos de ligação com o clube. ?Estou aqui porque sou funcionário, porque sou torcedor e porque amo o Coritiba. E vamos fazer com que o time saia desse mau momento?, finaliza.

No desespero, até Bonamigo

A diretoria do Coritiba não anunciou, como se esperava, o nome do novo treinador. Lori Sandri, um dos nomes mais citados até ontem para assumir a equipe, acabou acertando com o Atlético Mineiro. Márcio Araújo e Vágner Benazzi seguem na lista de apostas. E até mesmo Paulo Bonamigo foi alvo de assédio.

O ex-treinador do Coxa (que levou a equipe para a Copa Libertadores), hoje no Marítimo, seria uma contratação de impacto – que encorparia a comissão técnica e teria total apoio da torcida. O presidente Giovani Gionédis tentou contatos com dirigentes do clube português, mas não houve liberação do técnico, que tem contrato até o final da temporada européia.

Outro sondado foi Márcio Araújo, que também não aceitou. O técnico, que foi jogador do Coritiba no início dos anos 90 e comandou a equipe em 99, confirmou uma conversa com o gerente de futebol Oscar Yamato, mas admitiu não ser a ?prioridade? alviverde. ?Eles foram muito sinceros comigo, dizendo que tinham outros nomes que queriam conversar. Achei isto muito honesto da parte do clube. E eu ficaria muito feliz em voltar a Curitiba?, afirmou.

Vários técnicos continuam sendo oferecidos, mas a diretoria mantém a posição de contratar um profissional que se encaixe no perfil adotado pelo clube. Marco Aurélio, que pediu demissão do Atlético-MG, não interessa.

Muita precaução e expectativa

Não há segredos, mas há muita precaução. O técnico interino Cláudio Marques viajou para Porto Alegre com o Coritiba definido e com várias alterações em relação ao time que foi derrotado pelo Cruzeiro. A intenção da maioria delas é reforçar o sistema de marcação, que foi falho na terça, e dar nova oportunidade a jogadores como Maia, Renaldo e Allan.

Na primeira conversa, Cláudio já pediu para que o elenco se postasse com mais firmeza dentro de campo. ?Ele nos falou que deveríamos ter mais disciplina tática?, conta o zagueiro Anderson. ?Eu acho que ele está certo. Nós não estamos nos preocupando tanto com a marcação. E, quando somos atacados, erramos muito?, confessa. O técnico confirma que a cobrança aconteceu. ?Falei com eles para que nós tivéssemos uma disposição melhor no campo?, afirma.

Para acertar a cozinha, Cláudio Marques recoloca o Cori com três zagueiros de ofício – bem diferente de Antônio Lopes Júnior, que usava dois, um deles Reginaldo Nascimento. ?Eu tenho a minha filosofia, o meu jeito. Cada cabeça, uma sentença?, resume o treinador alviverde, que promove o retorno de Allan e de Anderson.

No meio, mais alterações. O técnico dá força aos jovens James e Ricardinho, mantendo-os no time titular. Mas barra Márcio Egídio e Humberto, que serão substituídos por Peruíbe (que foi o melhor jogador do Cori nas últimas rodadas) e Jackson, que terá funções de marcação e criação.

O ?cinturão? serve para que Renaldo e Maia tenham preocupação apenas em atacar. Os dois terão, novamente, a missão de fazer o que o Coritiba pouco está fazendo na temporada – gols. Hoje, o Coxa tem o pior ataque do Brasileiro, com apenas 39 gols (média de 1,18 por partida). ?Nós temos a obrigação de ir para cima?, avisa Cláudio Marques. ?Com força e com confiança, tenho certeza que a gente consegue?, resume Renaldo.

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