Miranda Lopes e Nascimento confabulam sobre a estratégia da zaga. |
O Coritiba entra em campo domingo, às 16h, contra o Criciúma, defendendo os números mais expressivos de sua temporada. Ao contrário dos últimos anos, em 2004 o time teve em seu setor defensivo o mais eficiente, sofrendo 72 gols em 69 partidas (1,04 por jogo). No brasileiro, a média é ainda mais expressiva, 45 sofridos em 45 jogos, fazendo da defesa coxa a segunda melhor da competição, atrás apenas do São Paulo, que levou somente 41 gols.
Este é o melhor rendimento defensivo do Coritiba desde que o clube voltou em definitivo para a primeira divisão do futebol brasileiro, em 1996. Se em alguns anos o time teve equilíbrio entre defesa e ataque, como em 98 e 2002, em outras temporadas o Coxa sofreu com as turbulências – na Copa João Havelange, em 2000, o time foi o antepenúltimo colocado e sofreu quase 1,5 gol por jogo (35 em 24 partidas). Ano passado, a equipe que conseguiu vaga na Libertadores levou 58 gols, treze a menos que em 2004.
Marca importante para o técnico Antônio Lopes e para os jogadores da zaga – ao todo, cinco jogadores (Reginaldo Nascimento, Miranda, Flávio, Alexandre e Vagner) atuaram no setor como titulares, sem contar os laterais. "Realmente é muito legal, mais uma prova do trabalho que foi feito neste ano", comenta o Delegado. "É bom, porque mostra que todo o grupo rendeu", diz Vagner, que foi um dos destaques da vitória sobre o Goiás.
Melhor ainda para Miranda, que foi a grande revelação do Coritiba na temporada. "Eu fico feliz em saber que tivemos números positivos na defesa, que às vezes é esquecida", confessa o zagueiro de 20 anos, em seu primeiro ano como profissional – e o único que foi titular em todo o brasileiro. "Vários jogadores atuaram ao meu lado, o que prova que o elenco tem qualidades e não vive só de onze titulares", elogia.
Para Flávio, que assumiu o posto de titular em setembro, quando voltou do México, é mais uma prova do bom trabalho de Antônio Lopes. "Foi ele que nos passou as orientações para moldarmos o setor defensivo. Claro que nós, jogadores, estamos em campo, mas é o trabalho do Lopes que iniciou tudo", comenta o agora líbero da equipe. "Quando fazemos 80% ou mais do que o Lopes nos pede, não levamos gols e vencemos as partidas", reitera Miranda.
O Delegado, além de comemorar a marca, reconhece que este é mais um incentivo para a última rodada. "Seria fantástico se conseguíssemos ter a defesa menos vazada do brasileiro, mas já estamos em um patamar muito bom, atrás apenas do São Paulo. Mesmo assim, temos que fazer a nossa parte, buscar o resultado, marcar o maior número de gols possível e não sofrer nenhum", resume o treinador coxa.
Lopes exige time ofensivo em SC
Não tem essa história de "sangue doce". O Coritiba vai ao interior de Santa Catarina interessado em uma vitória sobre o Criciúma para tentar terminar o brasileiro entre os dez primeiros da competição. Por isso, o técnico Antônio Lopes não pensa em poupar jogadores ou mudar sistemas táticos. Vai continuar o que deu certo nas últimas rodadas.
Se acontecerem alterações, serão apenas os retornos dos titulares. Adriano e Fernando, que ontem ficaram mais uma vez no departamento médico, passam esta tarde por uma avaliação clínica e física e, caso aprovados, voltam a entrar nos planos de Lopes. "Não vou ficar segurando ninguém. Nossa dignidade está em jogo e temos que buscar o resultado positivo", resume o Delegado.
Além de tentar a décima posição ("seria a terceira melhor colocação do Coritiba desde o título brasileiro de 85", alerta), o técnico sabe que o resultado pode mudar o rumo de várias equipes, a começar pelo próprio Criciúma. "Se vencermos, eles ficariam próximos do rebaixamento, enquanto times como Flamengo, Botafogo e Atlético-MG estariam mais longe", explica Lopes.
E mesmo que não tenha nada a ver com a luta para fugir da Série B, o treinador alviverde não aceita diminuir o ritmo, como algumas equipes estão fazendo. "Já sofri com esta situação. Era técnico do Vasco, e o Botafogo resolveu entrar com os reservas contra o Flamengo, em um jogo que nos interessava. Reclamei publicamente, disse que aquilo era uma palhaçada. E meu filho (o hoje auxiliar coxa Antônio Lopes Júnior) acabou sendo retaliado pelo então presidente (José Luís) Rolim", relata o Delegado. "Por isso não aceito que nenhuma equipe baixe a guarda, por mais que não tenha interesse na competição", finaliza.