O Coritiba passou sufoco ontem à tarde, mas conseguiu bater o Cianorte por 1 a 0, no Estádio Albino Turbay. Com o resultado positivo fora de casa, o Alviverde pode até perder por um gol de diferença no jogo de volta, sexta-feira, no Couto Pereira, que se classifica à final do campeonato paranaense de 2004. Sem poder contar com o meia Luís Carlos Capixaba e o atacante Luís Mário, contundidos, o técnico Antônio Lopes teve que adotar o esquema 4-4-2, com a clara proposta de jogar nos contra-ataques. Para isso, Rodrigo Batata e Ígor iniciaram a partida, em função da velocidade que possuem.
A proposta deu certo na primeira etapa. Mandante do jogo e com a necessidade de reverter a vantagem coxa-branca, o Cianorte partiu para cima do Coritiba. Mas a defesa fechada do Coxa não permitia maiores avanços, tanto que as principais tentativas do Cianorte vinham de chutes de fora da área, protagonizados por Samuel e Barbieri, o nome do jogo. Além de arriscar chutes a gol com a bola rolando, ele cobrou todas as faltas, dando trabalho ao goleiro Fernando.
Entretanto, a tática de Antônio Lopes foi eficiente. No treinamento de sexta-feira, ele treinou exaustivamente jogadas de contra-ataques e foi assim que o Coritiba agrediu o adversário, especialmente pelo lado esquerdo do campo, pelos pés do lateral-esquerdo Adriano.
Foi justamente em um lance armado por ele que saiu o único gol do jogo. Aos 29 minutos, Adriano arrancou pela esquerda, deixando Cuca para trás, e cruzou para a área. A bola resvalou em Fábio Carioca e sobrou para Tuta, que mandou para o fundo da rede. Com o gol, o Coritiba cresceu no jogo e criou muito mais que o Cianorte. Mas as conclusões não foram eficientes. “Criamos bastante, mas perdemos muitos gols. Se mantivermos o ritmo, temos tudo para ampliar”, afirmou o meia Rodrigo Batatinha na saída para o intervalo.
Entretanto, o técnico Caio Júnior soube ler o jogo e conseguiu neutralizar as jogadas pelas laterais do Coritiba na segunda etapa. Com isso, o Cianorte ganhou mais espaço e com a entrada de Márcio Machado no lugar de Cuca, ganhou mais poder de fogo. A fim de criar um fato novo no jogo, o técnico Antônio Lopes trocou Ígor por Éder e posteriormente, Rodrigo Batatinha por Tesser, que empurrou Jucemar para o meio. Apesar de descansados, os substitutos não conseguiram manter o ritmo dos então titulares e, a partir dos 30 minutos, o Coxa passou a ser impiedosamente pressionado. Nos minutos finais, acabou valendo o empenho da defesa, a qualidade do goleiro Fernando e a sorte, que decididamente não estava do lado da equipe interiorana.
Artilheiro e Capixaba podem jogar
O cartão amarelo recebido por Tuta na partida de ontem gerou uma polêmica nos bastidores, onde surgiu a informação de que seria o terceiro cartão do jogador. Isso o deixaria fora do jogo de volta contra o Cianorte, antecipado para a sexta-feira, às 20h30, em função da partida contra o Olimpia, no Paraguai, que será na terça-feira, dia 6 de abril. Este jogo é decisivo para a permanência do Coritiba na Copa Libertadores da América.
Mas tudo não passou de boato. O atacante recebeu cartão amarelo apenas na partida contra o Paranavaí. “Estou certo de que este foi o segundo cartão. Vou jogar na sexta-feira”, garantiu o artilheiro, que a cada dia se mostra mais à vontade na área.
Desfeito o mal-entendido, o técnico Antônio Lopes também espera contar para o jogo de volta com o retorno de Luís Carlos Capixaba, que sofreu uma torção no tornozelo e ficou de fora da partida de ontem. “Ele fez muita falta na partida de hoje (ontem) porque tem características únicas. Ele é o principal articulador do time”, disse o treinador, mesmo fazendo questão de elogiar o desempenho do substituto, Rodrigo Batatinha. “Tanto o Rodrigo quanto o Ígor foram bem e só foram substituídos pelas circunstâncias do jogo”, disse. Se Capixaba tem boas chances de jogar, o mesmo não se pode dizer do atacante Luís Mário. Recuperando-se de uma fibrose na coxa, dificilmente ele terá condições de jogo até sexta-feira, o que adia mais uma vez a “estréia” do trio de ouro, formado ainda por Tuta e Aristizábal.
Apesar de ter aumentado a vantagem para o próximo jogo – até se perder por um gol o Coxa estará na final, o treinador e os jogadores evitam o clima de “já ganhou”. Uma prova disso é que Lopes espera contar com força máxima para o segundo jogo.
Para o goleiro Fernando, o Cianorte mostrou muita força no jogo de ontem. “Eles têm um time complicado, que já deu dificuldades ao Atlético em Curitiba. Hoje (ontem) eles vieram com tudo e não foi fácil conseguir a vitória. Todo o cuidado é pouco.”
O atacante Tuta concorda com o arqueiro e garante que a seriedade será mantida. “Sabíamos das dificuldades que encontraríamos aqui em Cianorte, poque além do adversário ter um bom time, representa o interior. E time de interior quando joga com time da capital cresce ainda mais. Por isso, o cuidado tem que ser mantido no jogo de volta.”
CAMPEONATO PARANAENSE
Semifinal – Jogo de Ida
Local: Albino Turbay (Cianorte)
Árbitro: Evandro Rogério Roman
Assistentes: Ildefonso Trombeta e Gilson Bento Coutinho
Cartões amarelos: Cuca, Tuta, Reginaldo Nascimento, Édson Santos, João Renato, Fernando.
Gol: Tuta aos 29 minutos do 1º tempo.
Público pagante: 7.254
CIANORTE
0 x1
CORITIBA
CIANORTE
Adir, Wellington, João Renato, Edson Santos, Fábio Carioca, Marcelo Lopes, Cuca (Márcio Machado), Barbieri, João Henrique (Souza), Reginaldo, Samuel. Técnico: Caio Júnior
CORITIBA
Fernando, Jucemar (Pepo), Danilo, Reginaldo Nascimento, Adriano, Ataliba, Márcio Egídio, Igor (Éder), Rodrigo Batatinha (Tesser), Aristizábal, Tuta. Técnico: Antônio Lopes