O palco é o mesmo, os adversários também, mas o contexto é outro. Apesar de ser uma partida decisiva, o jogo entre Coritiba e Paranavaí, às 15h30, no Couto Pereira, não é a final do campeonato paranaense, como foi em 2003 e há quase um ano, já que a última partida aconteceu em 23 de março.
Exatas 52 semanas depois, os atuais campeão e vice do Paraná jogam a continuidade na competição. Apesar de valer vaga, a expectativa maior está na possibilidade da utilização enfim de Luís Mário, Tuta e Aristizábal juntos.
As contas permitem que Coxa e Vermelhinho se classifiquem para as semifinais com qualquer resultado que aconteça no Couto Pereira, basta o Londrina não vencer a Adap, em Campo Mourão. O empate deixa o Cori à frente do rival desta tarde, mas o técnico Antônio Lopes não pensa em outra hipótese que não a vitória. “Nós precisamos do resultado, e todo mundo está sabendo que nós queremos o primeiro lugar do grupo, para ao menos ter vantagens na semifinal”, comenta o técnico, lembrando do fato de, terminando em primeiro, poder jogar por dois resultados iguais e fazendo o jogo da volta em casa.
Conquistando o primeiro lugar do grupo com um empate, o Coritiba corre o risco de fazer a semifinal sem a vantagem dos resultados iguais. Para isso acontecer, basta o Cianorte (vice-líder do grupo C) vencer o Malutrom. dessa forma, ambos teriam a mesma pontuação, mas com o time treinado por Caio Júnior com uma vitória a mais, o que daria a vantagem. Mesmo assim, o Cori faria a segunda partida no Alto da Glória, por ter terminado a fase em primeiro lugar.
Com tantas contas, não é de se estranhar que a expectativa maior de time, torcida e comissão técnica seja pela estréia do “trio de ouro??, que só não acontecerá caso Luís Mário seja vetado pelos médicos (ver matéria). Os atacantes estão confiantes, os meias estão animados e os defensores – em tese os sacrificados – estão esperançosos. “Eu acho que não existe sacrifício. O que existe é a divisão de tarefas. Nós marcamos e eles fazem os gols”, explica Ataliba.
Tendo os três atacantes em campo, o Coritiba ganha em velocidade e qualidade. E Tuta ganha dois companheiros a servir jogadas. “Em resumo, nós vamos correr que nem malucos e o Tuta tem o trabalho mais simples, que é colocar para dentro”, brinca Luís Mário. “Acima de qualquer coisa, o que nós temos que dizer é da nossa alegria em jogar juntos, e da esperança que temos em que tudo dê certo”, afirma Ari, de longe o maior entusiasta do novo sistema.
Sobre os problemas – dificuldade na marcação, excesso de jogadas pela direita, e conseqüente escassez de lances pela esquerda -, o técnico Antônio Lopes joga com serenidade. “Não esperem uma atuação perfeita. Até nossa seleção pentacampeã errava, e eu estava lá para ver”, lembra ele, coordenador técnico na Copa de 2002. “Mas eu confio no time, e aposto em uma boa atuação”, finaliza.
Mistério até a hora do jogo
Não se pode dizer se é apenas mistério – e não deve ser. O atacante Luís Mário segue sendo a principal dúvida do Coritiba para o jogo de hoje contra o Paranavaí, e o departamento médico só dará um posicionamento momentos antes da partida. Além das dores na coxa do “Papa-léguas”, há muitas outras coisas em jogo, e há a enorme expectativa para a participação dele ao lado de Tuta e Aristizábal.
Paira pela cabeça dos médicos e do técnico Antônio Lopes a possibilidade de colocar Luís em campo, ele voltar a sentir e ter que ficar novo tempo parado sem jogar. Luís retorna depois de duas semanas de ausência. Só que, em um novo período de tratamento, o atacante ficaria fora das semifinais do paranaense, com risco de desfalcar o Cori no jogo decisivo da Libertadores, dia 6 de abril, contra o Olimpia, em Assunção.
Só que, para isso, vão ter que vencer uma resistência e tanto o próprio jogador. Ontem, Luís Mário garantiu não sentir dores. “Passei a noite sem problemas, e o problema não me incomodou”, explica o atacante. O médico Walmir Sampaio, entretanto, não quer antecipar nada. “Vamos aguardar a evolução do caso. É melhor esperar até a hora do jogo”, avisa.
Caso Luís não jogue, Antônio Lopes pensa em três opções. A primeira seria a entrada de Tiago Santos apesar de ser a mais surpreendente, foi a única testada esta semana (no treino de sexta). Também para manter o 4-3-3, Laércio entraria na briga pela vaga aberta. Mas o favorito, até para facilitar a adaptação do time, é Ígor, que foi titular até o jogo contra o Londrina. (CT)
– O Paranavaí mantém três titulares da final de 2003: o goleiro Vilson, o volante Márcio e o atacante Neizinho. Mas o time do noroeste que desembarca na capital tem outros nomes em alta: os dos meias Rui Barbosa, ex-Sertãozinho (SP), e Alex Sandro, ex-Cene (MS). Além da dupla, a aposta é no veterano Tupãzinho.
Paranavaí terá torcida no Couto Pereira
O Atlético Clube Paranavaí – o Vermelhinho do fim da linha – retorna neste domingo ao palco onde há pouco menos de um ano (23 de março de 2003) alcançou uma de suas principais conquistas: o vice-campeonato paranaense, ao ser derrotado pelo Coritiba por 2 a 0. No primeiro jogo, no estádio Waldomiro Wagner, houve empate em 2 a 2.
No mesmo lugar, contra o mesmo adversário, o domingo será de nostalgia. Mas também de esperança num final diferente. Afinal, o time de Paranavaí tenta uma vitória para continuar sonhando com uma segunda final consecutiva, o que pode ser considerado um grande feito, tamanha a diferença entre os recursos financeiros investidos pelo Vermelhinho em relação às equipes da capital.
No meio desta paixão, surge um personagem especial. O advogado Osni Marcos Leite, que chegou à Curitiba em 1977 para transformar o sonho em realidade, é um entusiasta do ACP. Mesmo na capital há quase três décadas, ele não perdeu o vínculo com a cidade do interior. Uma de suas paixões é o Vermelhinho do fim da linha, onde, quando criança e adolescente, perfilou suas fileiras, defendendo o Paranavaí.
A ligação com a cidade do interior não pára por aí. Além de visitá-la com freqüência, Osni Leite ainda arranja tempo em sua apertada agenda para fazer contato com vários ex-moradores da cidade do noroeste paranaense. E, através da Associação dos ex-moradores de Paranavaí Residentes em Curitiba, ele conta com uma lista de aproximadamente oito mil pessoas.
Com a tal lista na mão, Osni está fazendo uma “operação de guerra”, ligando para todos aqueles que, assim como ele, torcem fervorosamente pelo ACP, para que vão ao Couto Pereira domingo, e assim funcionem como o “camisa 12” do time.
“O Atlético Paranavaí sempre foi uma paixão em minha vida. Tenho uma coleção de camisas do clube pelo qual defendi as categorias de base”, revela o advogado, lembrando que espera contar com pelo menos 400 torcedores no reservado para o Vermelhinho no Alto da Glória.
Para o apaixonado Osni, o segredo do Paranavaí sempre esteve nas arquibancadas. “Em jogos de apelo regional, como por exemplo contra o Grêmio Maringá, sempre tivemos público superior a três mil pagantes. Nos confrontos contra os times da capital então, é garantia de casa cheia”, pondera Leite, lembrando a primeira da final do ano passado, quando quase vinte mil pessoas lotaram as dependências do Waldomiro Wagner.
Por isso, Osni apela para que a torcida não deixe morrer esta mística e vá em grande número ao Couto Pereira.
CAMPEONATO PARANAENSE
CORITIBA X PARANAVAÍ
Coritiba:
Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Ataliba e Luís Carlos Capixaba; Luis Mário, Aristizábal e Tuta. Técnico: Antônio LopesParanavaí:
Vilson; Deci, Alex, Zé Luciano e Preto; Márcio, César Gaúcho, Alex Sandro e Tupãzinho; Rui Barbosa e Neizinho. Técnico: Itamar BernardesSúmula
Local:
Horário: 15h30
Árbitro: Mauricio Batista dos Santos
Assistentes: José Amilton Pontarolo e José Carlos Dias Passos
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