O Couto Pereira, em seus mais de setenta anos de história, recebeu dezenas de jogos importantes – a seleção brasileira, inclusive, fez jogo válido por Eliminatórias da Copa do Mundo. Já houve semifinais de campeonato brasileiro, decisões de títulos estaduais, mas é provavelmente a primeira vez que se decide tão claramente o futuro de um clube como hoje. A partir das 19h30, o Coritiba joga contra o Olimpia, pela Copa Libertadores, para mostrar se está na competição ?a passeio? ou para valer.
É como se fosse uma nova estréia. O jogo da semana passada, contra o Sporting Cristal, foi uma ducha de água fria na animação coxa. Apesar da vitória sobre o Malutrom, no sábado, o clima no Alto da Glória ainda é de maior contestação. “O torcedor quer vitória, e é isso que temos que apresentar a ele”, resume o presidente Giovani GIonédis, hoje o principal avalista do trabalho do técnico Antônio Lopes e de sua comissão.
Vencer o Olimpia, portanto, significa iniciar de vez a Libertadores, mantendo vivas as chances de classificação. E também responder à América: toda a crítica especializada do continente vê o Coritiba como a grande decepção do torneio até agora. No Brasil, poucos acreditam no Cori. “Vamos ter que contar apenas com a gente. Teremos que mostrar nossa força de uma vez”, reconhece o capitão Reginaldo Nascimento.
E, apesar da norma que recomenda ?vencer e convencer?, qualquer resultado positivo interessa. Por mais que haja contestações, sabe-se que (apesar das comparações do técnico alviverde no sábado) o nível da Libertadores é superior ao do Paranaense. E isso dá à vitória sobre os paraguaios, da forma que ela venha, um caráter ?libertário?, concedendo a Lopes tranqüilidade para trabalhar.
A derrota, em contrapartida, retoma – talvez em níveis insustentáveis – a pressão sentida nesta última semana, que se amainou em parte após a vitória no campeonato paranaense. “Isso tudo é normal. Eu vivo nesse mundo há muito tempo, e sempre há vaias, reclamações. O importante é formarmos um grupo e buscarmos, acima de tudo, dar força a essa meninada que está dizendo ?presente? nesse momento tão importante”, comenta Lopes.
Por isso que o jogo de hoje vale tanto. E ainda vale para os jogadores mostrarem que estão prontos para jogar uma Libertadores – ou para recuperarem-se da má atuação em Lima, casos de Luís Carlos Capixaba e Luís Mário, que eram os jogadores mais experientes da equipe. “É a nossa hora. Vamos buscar essa vitória e colocar o Coritiba de novo da briga pela classificação”, finaliza o “Papa-léguas”.
Serviço
Ainda há ingressos a venda para o jogo das 19h30. Os preços são os seguintes: arquibancada, R$ 20,00; cadeira inferior, R$ 50,00; cadeira superior, R$ 70,00. Menores de 12 anos, maiores de 60, estudantes e mulheres pagam meia-entrada em todos os setores do Alto da Glória. Até ontem, a movimentação era pequena nas bilheterias do estádio.
Lopes repete o esquema de jogo
Não é hora de surpreender – ou de ousar. O técnico Antônio Lopes preferiu manter a fórmula que deu certo contra o Malutrom, e pouco mexeu na formação alviverde que enfrenta hoje o Olimpia. São apenas duas alterações, justamente aquelas que naturalmente iriam acontecer. Com isso, Fernando volta ao gol e Reginaldo Nascimento, tido pelo treinador como “o melhor zagueiro do elenco”, volta à defesa.
Chegou-se a imaginar que Lopes voltaria a optar pelo 3-5-2, até porque contava com a boa atuação de Nivaldo, que jogou no sábado. Mas esta hipótese sucumbiu logo no primeiro momento em que o treinador conversou com seus onze titulares. “Sabe que eu jogo em qualquer uma, menos no gol, porque não tenho muita movimentação”, brinca Nascimento, que volta ao time depois de recuperar-se de uma lesão no joelho.
Antônio Lopes preferiu manter a força de marcação com Márcio Egídio e Pepo a colocar Nivaldo na zaga ou mesmo retornar ao 3-5-2. “O importante é você dar uma estrutura ao time. Essa é a base”, resume o treinador, que aproveitou o treino de ontem, no Couto Pereira, para trabalhar basicamente as saídas de jogo e a movimentação ofensiva.
A ordem a Luís Carlos Capixaba e Igor é de se aproximar dos atacantes. “Podem ter certeza que o ataque não vai ficar isolado”, promete o técnico alviverde. “A entrada do Igor facilitou isso, porque ele é muito inteligente e deixa a gente sempre em boas condições”, festeja Luís Mário. “Eu estou feliz porque o professor Lopes me colocou onde eu mais gosto de jogar”, completa Igor.
Além das orientações táticas, Lopes pediu calma ao elenco. Ele quer evitar o nervosismo visto em Lima, quando os jogadores mais jovens acabaram sentindo a pressão da estréia na Libertadores. “Eles precisam ter esse apoio, porque vão enfrentar jogadores mais calejados. Espero que nossos torcedores entendam isso. Faço um apelo para que eles nos auxiliem no jogo”, pede o treinador coxa.
Olimpia vem disposto a surpreender
Se depender da vontade dos paraguaios, o Coritiba vai sofrer esta noite. O Olimpia precisa de um resultado positivo – e tem que ser a vitória, pois a equipe de Luís Cubilla perdeu na estréia da Libertadores para o Rosario Central em pleno Defensores del Chaco. Apesar de ser quase um deus para os torcedores (foi ele quem levou a equipe às três conquistas continentais), o trabalho do treinador uruguaio é contestado em Assunção.
Para a partida de hoje, Cubilla – que marcou o gol da Celeste na semifinal da Copa de 70 contra o Brasil – conta com um time experiente. O jogador mais conhecido do público brasileiro é Julio Cesar Enciso, que passou três anos no Internacional, clube que ainda quer 700 mil dólares do Olimpia pelo não-pagamento dos direitos federativos. Além dele, são conhecidos os zagueiros Cáceres (que jogou a Copa de 98) e Zelaya, os meias Esteche e Camps e o atacante Caballero.
O time ainda tem duas dúvidas. O meia Franco luta por uma vaga com Quintana, que foi titular nas duas últimas temporadas, e esteve na vitoriosa campanha de 2002, quando o Olimpia derrotou Grêmio e São Caetano antes de conquistar o título. A outra disputa é no ataque, entre Zapata e Esquivel.
Para o técnico Antônio Lopes, o adversário é perigoso principalmente porque é experiente. “São jogadores que têm bagagem, que conhecem a competição, e o time sabe jogar a Libertadores”, comenta o treinador – com conhecimento de causa, já que treinou o Cerro Porteño. No último confronto entre Coxa e Olimpia (em jogo comemorativo ao centenário do time paraguaio), a vitória foi ?gringa?, por 1×0.
COPA LIBERTADORES
CORITIBA X OLIMPIA
Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 19h30
Árbitro: Martín Vasquez (URU)
Assistentes: Sergio Komjetan (URU) e Marcelo Costa (URU)
Coritiba
Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Pepo, Luís Carlos Capixaba e Igor; Luís Mário e Laércio. Técnico: Antônio Lopes.
Olimpia
Aceval; Del Campo, Cáceres, Zelaya e Corbo; Esteche, Enciso, Franco (Quintana) e Camps; Caballero e Zapata (Esquivel). Técnico: Luís Cubilla.
