Os olhos do Brasil estão realmente voltados para o Coritiba. A arrancada nas últimas rodadas colocou a equipe em terceiro lugar, e pode fazer o técnico Paulo Bonamigo perder até três jogadores nas próximas semanas – após a avaliação positiva feita pelo auxiliar técnico da seleção brasileira sub-23, Lima, Marcel e Adriano podem emplacar no grupo que vai disputar a Copa Ouro no mês que vem.
Cristóvão Borges, ex-jogador do Atlético, é o braço-direito de Ricardo Gomes na seleção – e já era nos tempos de Coritiba, quando o ex-zagueiro comandou o Alviverde (Brasileiro de 2001). À época, Adriano estava no time juvenil, Marcel no time júnior e Lima ainda seria ?descoberto?. Mas se eles não recebiam naquele tempo informações dos jogadores, as boas atuações de Adriano atraíram o auxiliar de Ricardo Gomes ao Couto Pereira no sábado.
E o lateral-esquerdo coxa já sabia, antes do jogo, que estava sendo observado. Apesar da pressão, Adriano achou até melhor saber antes. “Eu já tinha consciência de que teria que fazer um bom jogo”, comenta. Ele até considera que teve uma atuação mais “coletiva” que o habitual. “Eu joguei com calma, não precisava jogar sempre individualmente”, garante.
Com tal consciência, Adriano já parece pressentir a convocação – ele já foi chamado este ano para o torneio do Catar, disputado pela seleção sub-20. “Experiente”, o lateral torce para contar com mais companheiros de equipe na seleção. “Seria ótimo, e seria merecido pelo que eles vêm fazendo no campeonato”, diz.
É o que sonham Lima e Marcel, que têm idade para jogar a Olimpíada (ambos com 21 anos), mas que ainda não entraram nas listas de Ricardo Gomes. O lance do primeiro gol – jogada de Lima e gol de Marcel – aumentou ainda mais o cacife da dupla, principalmente porque Cristóvão estava no Couto Pereira. “Eu não sabia que ele estava no estádio, mas fico feliz de ter sido lembrado”, comemora o centroavante, agora o artilheiro alviverde no brasileiro com cinco gols.
Seria o desfecho ideal para a “gangorra” que o atacante viveu na temporada: começou como artilheiro, viveu má fase, foi para a reserva, recuperou-se, voltou a marcar e notabilizou-se como “carrasco” do Atlético. “É uma coisa boa, porque você cria mais motivação para jogar”, admite Marcel.
Para o técnico Paulo Bonamigo, o momento é de conversar com os jovens. “É preciso trabalhar a cabeça dos meninos”, confessa. “Eles têm que se lembrar que esta é a hora de eles se consolidarem como jogadores de futebol. Ano passado eles apareceram, agora é o momento de confirmação”, avisa o treinador, que já começa a pensar na eventualidade de perder três titulares. “Lá vão eles complicar minha vida…”, brinca.
Três ausências
Nem deu para comemorar muito. A vitória no Atletiba já ficou para a tabela de classificação, e o técnico Paulo Bonamigo já precisa pensar na escalação alviverde para a partida contra o Bahia, na quinta. Ele não poderá contar com três titulares, e ainda precisa esperar a recuperação de um quarto – justamente o artilheiro da equipe no Brasileiro.
O atacante Marcel é a grande dúvida do Coritiba para o jogo de Salvador. Ele está com uma contratura na coxa esquerda (sofreu a lesão no lance em que acertou a trave atleticana no sábado), mas o treinador e os médicos ainda acreditam em uma recuperação. “Se ele treinar, viaja para Salvador”, garante Bonamigo.
Nas posições de Roberto Brum, Edu Sales e Lima, os “substitutos” já estão praticamente definidos. No ataque, deve entrar Alexandre Fávaro, fazendo função semelhante à de Lima. Tcheco ganharia mais liberdade no meio, já que Reginaldo Nascimento ocuparia a vaga de Roberto Brum e Willians completaria o meio-campo. Com as alterações, Jackson fica mantido na ala-direita.