O jovem Thiago deve ser a novidade da zaga coxa. |
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O caminho está cada vez mais estreito, mas o Coritiba está perto da luz. Uma vitória sobre o Figueirense, hoje, às 21h40, no Couto Pereira, pode até classificar o Cori para a segunda fase do campeonato brasileiro (e para a Copa Panamericana), dependendo de uma combinação de resultados.
Apesar disso, a intenção não é vencer para se classificar, mas sim vencer para continuar no caminho de uma das vagas. Se ela aparecer após os jogos de amanhã, melhor.
A possibilidade de classificação antecipada existe, mas envolve uma série de outros resultados. Além de vencer o time catarinense, o Coritiba precisa contar com tropeços de Fluminense (contra a Portuguesa), Ponte Preta (contra o Vasco) e Vitória (contra o São Paulo), os dois últimos jogando fora de casa.
O técnico Paulo Bonamigo apressou-se em dizer que não espera facilidades do Figueirense. “Às vezes eu escuto coisas que não condizem com o que nós pensamos. Nós temos consciência da dificuldades que teremos contra do Figueirense. Eles precisam de pontos para sair do rebaixamento. É o jogo da vida deles”, aponta o treinador.
Para vencer, Bonamigo espera a manutenção do espírito de equipe apresentado contra Cruzeiro, Inter, Atlético-MG e Paraná. “Nós realmente estamos no nosso limite, mas é o momento de mantermos esse nível. E até quem sabe superar, pois quem consegue superar seus próprios limites é um grande campeão”, diz.
O técnico também quer um time mantendo a motivação, até para que não entre em nenhum clima de ?já-ganhou?. “Em cada conversa nossa advertimos todos que ainda não conquistamos nada. Mas estamos próximos de um momento importante da história do clube, que vai ser projetado internacionalmente”, explica Bonamigo.
E é por isso que o Coritiba encara a partida desta noite como mais uma decisão. “Seria uma grande vitória para todos nós”, confessa o volante Reginaldo Nascimento, que completa hoje duzentos jogos pelo Cori.
Festa
A diretoria coxa espera mais de trinta mil pessoas esta noite no Alto da Glória – foram colocados à venda vinte mil ingressos e mais cinco mil de reserva), que somados aos sócios (que têm acesso livre) podem totalizar mais de 33 mil torcedores. Os preços são os seguintes: arquibancada, R$ 10,00; cadeira inferior, R$ 30,00; cadeira superior, R$ 50,00; menores, mulheres e estudantes, R$ 5,00.
Com desfalques, mas sem perder o embalo
Não é fácil. O técnico Paulo Bonamigo bem que gostaria de manter o mesmo time que venceu o Paraná no final de semana, mas ele terá que mais uma vez alterar a equipe. São no todo quatro desfalques, e uma possível escalação com novidades. A maior delas é Thiago, zagueiro de 19 anos que pode fazer sua primeira partida no campeonato brasileiro.
Thiago é uma das revelações do time júnior do Coritiba, que fez bom papel na Taça São Paulo da categoria este ano. Durante o primeiro semestre, ele esteve mais presente na equipe, chegando a jogar inclusive como titular contra o Grêmio (em Porto Alegre), em jogo válido pela Copa Sul-Minas. Depois, ele ficou longe da equipe e mesmo do banco de reservas.
Agora, abre-se a maior chance da carreira. Thiago tornou-se a opção para substituir Pícoli quando Danilo (o imediato do zagueiro) foi suspenso pelo TJD e obrigado a cumprir mais um jogo de suspensão. Como joga pela direita, o jovem jogador torna-se o mais provável titular, até pela coerência de Bonamigo. “Se eu não for coerente, vou mentir para meus jogadores”, resume o técnico.
A única dúvida para Thiago seria uma lesão muscular que ele sofreu semana passada, e que ainda deixa Bonamigo preocupado – e pensando até na utilização de Juninho na função. “Ele não se daria bem por ali, mas pode ser necessário”, confessa o treinador. Mas se depender de Thiago, o técnico não precisa se preocupar. “Estou pronto para jogar, e com muita vontade de ajudar o Coritiba”, diz.
Nas outras posições onde há ausentes (Tcheco no meio-de-campo e Adriano na lateral-esquerda), Bonamigo já escalara os substitutos no domingo. Badé e Pepo voltam ao time – este em nova função, diferente da que vinha jogando. “Eu vou ter um pouco mais de liberdade, e posso até ajudar o ataque”, explica ele, que já jogou em todas as funções do meio-de-campo, e quase foi zagueiro contra o Atlético-MG.
Resta a dúvida no ataque, já que Da Silva retornou aos treinos, mas ainda não está totalmente recuperado da virose que o tirou do clássico contra o Paraná. Animado, o atacante promete jogar, mas Bonamigo vai esperar o máximo possível. Se Da Silva não puder jogar, Marcel e Jabá disputam a vaga aberta no ataque.
Nascimento completa 200 jogos. Em alta
Era para ter sido mais cedo, mas uma lesão no joelho atrapalhou. Mas chegou a hora. Hoje, Reginaldo Nascimento completa 200 partidas com a camisa do Coritiba. Uma trajetória que começou em 1997, que teve uma parada em 2000 (quando ele foi para o Bahia) e que chega ao seu auge no melhor momento dele no clube.
“Eu ainda lembro daquele jogo. Em 97, contra a Portuguesa, no Canindé. Eu nem imaginava que fosse chegar a duzentas partidas no Coritiba”, confessa Reginaldo, que foi contratado junto ao Matsubara. Ele chegou como a maioria dos atletas que vêm do interior – desacreditado, desconhecido por muitos e considerado apenas mais um de um pacote que continha Eleomar, Rogério Prateat e Rogério Barbosa, entre outros.
Mas o volante logo teve seu trabalho reconhecido pelos treinadores que passaram pelo Cori (Rubens Minelli, Júlio César Leal e Valdyr Espinosa), e foi sendo cada vez mais utilizado na equipe titular. “Aquele campeonato brasileiro de 98 foi muito bom. Fizemos uma ótima campanha e fomos eliminados por detalhes para a Portuguesa”, conta.
No ano seguinte, a maior alegria como jogador do Coritiba. “O título paranaense depois de dez anos de jejum foi incrível. A gente festejou como se fosse uma Copa do Mundo”, relembra. Depois, a campanha apenas razoável no Brasileiro fez com que acontecesse uma mudança no elenco coxa, e ele foi parar em Salvador – a passagem pelo Bahia fez com que o momento de hoje fosse adiado por um bom tempo.
Quando retornou, em 2001, a história era outra. Reginaldo voltou para ser titular absoluto do Coritiba, e dali em diante foi um dos poucos atletas que passou incólume por todos os treinadores e pelas crises dos últimos dois anos. “Você não pode questionar as atitudes do torcedor do Coritiba. Nós temos que conquistá-los”, explica. “Ainda mais eu, que não sou um atacante”, completa.