Ainda não foi dessa vez que o Coritiba voltou a mostrar um bom futebol. Se a crise institucional com a saída do pessoal que cuidava do futebol já vai ficando para trás, a crise técnica do Alviverde continua prejudicando seu desempenho, agora também na Copa do Brasil.
Mais aplicado, ontem foi a vez do São Caetano tirar uma casquinha do Coxa. Apesar de não ser lá essas coisas, o Azulão mostrou garra, conseguiu fazer 1 a 0 e fica com a vantagem do empate no jogo de volta, que está programado para quarta-feira que vem no Couto. Antes disso, porém, o time do Alto da Glória tem o Toledo no Estadual.
O regulamento favorecia o Coritiba, já que vencendo por dois gols ou mais na casa do adversário valia a classificação. No entanto, o técnico Dorival Júnior não acreditou muito no potencial do Alviverde e preferiu mandar para campo uma formação bastante cautelosa. Diferente do que se imaginava, nem Henrique Dias, nem Veiga entraram no lugar de Carlinhos Paraíba (que já disputou a competição pelo Santa Cruz) e o treinador apostou mesmo foi em Rodrigo Mancha. Tudo para segurar o principal jogador do Azulão: o meia Douglas, que, inclusive, já foi negociado com o Corinthians.
Essa pretensão até que deu certo. Habituado a marcar, Mancha segurou Douglas, mas Daniel ficou livre várias vezes para criar e Luan e Tico tiveram a marcação afrouxada. Tivessem mais felicidade e a casa coxa caía. E o pior é que Keirrison ficava isolado, esperando uma bola perdida surgir no ataque para tentar alguma coisa. Sobrou apenas uma e ele levou um certo perigo. Insatisfeito, Júnior achou que o time estava muito previsível e marcável e trocou Douglas Silva por Henrique Dias, para aumentar o poder ofensivo, dar mais velocidade e mudar a postura da equipe.
Os primeiros passos de HD em campo quase resultaram no que o treinador queria, mas o atacante parou no goleiro Júlio César, após um tirambaço. Poderia ser um ensaio para o Coritiba partir para cima e tentar a classificação ou ao menos a vitória, mas quem teve mais ímpeto foi o time da casa. Livre, Luan recebeu pela direita e antes de entrar na área mandou no ângulo.
O goleiro Edson Bastos foi no lance para cumprir tabela, porque não dava para fazer nada. Perdendo, o Coxa acordou e passou a pressionar mais, ficou mais com a bola, mas não soube concluir.
Aí foi a vez de Júnior arriscar tudo com Ricardinho e Léo Mineiro nas vagas de Rubens Cardoso e Keirrison. Mas a apatia geral foi maior, o tempo para construir boas jogadas menor e o único lance de perigo foi um chute forte de Rodrigo Mancha, que Júlio César espalmou. Para piorar, o time perdeu o equilíbrio e o mesmo Mancha deu uma entrada violenta em Luan, que merecia a expulsão. Mas quem foi pro chuveiro mais cedo foi Marcos Tamandaré, após fazer falta e reclamar com a arbitragem.
COPA DO BRASIL
2.ª Fase – Jogo de ida
São Caetano 1 x 0 Coritiba
São Caetano
Júlio César; Aderaldo, Leonardo (João Paulo, 25 do 2.º) e Tobi; Daniel, Galiardo, Hernani, Douglas (Canindé, 41 do 2.º) e Ademir Sopa; Tico (Rafinha, 33 do 2.º) e Luan.
Técnico: Pintado
Coritiba
Edson Bastos; Marcos Tamandaré, Maurício, Jéci e Rubens Cardoso (Ricardinho, 30 do 2.º); Rodrigo Mancha, Douglas Silva (Henrique Dias, 1 do 2.º), Leandro Donizete e Pedro Ken; Marlos e Keirrison (Léo Mineiro, 30 do 2.º).
Técnico: Dorival Júnior
Local: Bruno José Daniel (Santo André)
Árbitro: Antônio Frederico de Carvalho Schneider (RJ)
Assistentes: Marcelo Fonseca Duarte (RJ) e Jackson Lourenço Massarra dos Santos (RJ)
Gol: Luan aos 14 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Aderaldo, Tobi, Luan, Júlio César, Rodrigo Mancha
Expulsão: Marcos Tamandaré aos 47 do 2.º tempo
Renda: R$ 1.965,00
Público pagante: 106
Público total: não divulgado
?Chega de mesmice?
A paciência de Dorival Júnior acabou após a derrota para o São Caetano. Para ele, está na hora do Coritiba sair da mesmice de ganhar uma e perder outra e até o trabalho dele precisa ser revisto. E mais. Quem não se adaptar vai entrar na barca que o clube prepara para zarpar assim que o Paranaense acabar. ?É uma cobrança geral, porque nós temos que melhorar e termos que ter essa consciência. Se quisermos algum objetivo maior não podemos ficar nessa mesmice que estamos, de ganhar e perder?, disparou o treinador.
Para ele, o Alviverde é um clube muito grande para ficar perdendo jogos fáceis como o de ontem. ?Temos que mudar um pouco esse comportamento e está na hora de tomarmos uma atitude. Por isso que a necessidade de você reagir é grande e nós temos que nos doar mais em todos os sentidos. Está na hora e a doação tem que ser maior?, avisou Júnior. O recado parece claro e deve atingir principalmente os jogadores que estão sendo negociados e não estão se comprometendo muito com a equipe. ?A exigência para se jogar num clube como o nosso é grande e não podemos aceitar a derrota da maneira como aconteceu?, finalizou o treinador.