Faltou ritmo de jogo para Luís Mário.

Aquela cena insólita deu o tom da tarde-noite de sábado. Antônio Lopes, Paulo Bonamigo, várias câmeras de TV, o árbitro carioca Luís Antônio Silva Santos e jogadores de Coritiba e Atlético-MG não conseguiam chegar a um acordo sobre as camisas a serem usadas para o jogo. Isso com o jogo com o horário “estourado”. Ali aconteceu a primeira batalha e, se pudesse ser contado um placar, seria 1×0 para o Galo, o mesmo dos 90 minutos de partida.

Por mais que se alegasse que havia possibilidade do Cori jogar de branco e o Atlético-MG de listrado, não houve jeito, e os alviverdes tiveram que mudar de fardamento. E a impressão é que o futebol ficou na outra camisa. Desde o início, foram claras as dificuldades do time em passar pela marcação imposta pelos mineiros pressão na saída de bola e acompanhamento das jogadas mais importantes do Coxa.

Nada surpreendente, porque era lógico que Bonamigo faria isso. Primeiro, porque é da natureza dele uma preocupação inicial com a marcação. Segundo, porque ele conhece o Coritiba, por mais que apenas três dos onze titulares (Danilo, Fernando e Adriano) de sua época estivessem em campo, e que Danilo saísse ainda no primeiro tempo, contundido. A providência mais importante do treinador do Galo foi colocar o ex-atleticano Alessandro para marcar o lateral coxa, além da cobertura de Márcio Araújo.

E nem ele, muito menos Tuta e Luís Mário conseguiram render o que deles se esperava. Os três demonstraram estar fora de ritmo, o que complicou o trabalho alviverde. Para piorar, Luís Carlos Capixaba teve sua pior partida vestindo a camisa coxa, não sendo o armador que o time precisava. Sobravam as bolas paradas, e com elas o Coritiba teve seus dois grandes momentos no jogo: ao final do primeiro tempo, separados por dois minutos, Tuta e Jucemar acertaram a trave de Eduardo.

Pensava-se que ali o Cori acordaria. Mas o segundo tempo mostrou um time desconexo, sem jogadas de meio-campo e jogadores em má jornada, como os zagueiros Miranda e Vagner. E aí Gaúcho bateu uma falta de longa distância longa mesmo, tanto que houve tempo e espaço para a bola fazer uma estranha curva, que enganou Fernando. O goleiro, ao tentar voltar para defender, acabou escorregando e o Atlético-MG marcou o gol que de números finais à partida.

E não adiantou o desespero, nem as jogadas aéreas que consagraram André Luís e Luiz Alberto, muito menos a primeira aparição de Adílson Popó. O Coritiba, em sua atuação mais fraca no Campeonato Brasileiro, acabou perdendo o segundo jogo em casa. E justamente para Paulo Bonamigo, o treinador que levou a equipe às principais conquistas da década.

Torcida cobra reforços. Tcheco e Adriano cotados

Não havia muito que explicar. O técnico Antônio Lopes, mesmo lembrando nas duas bolas na trave, reconheceu que o Coritiba não jogou bem, e que não houve como sair da marcação do Atlético-MG. Há seis jogos sem vencer, o Coxa se obriga a ir a São Paulo no sábado e conseguir trazer no mínimo um ponto do confronto contra o Palmeiras. A torcida, entretanto, já está na bronca.

Tanto que ao final do jogo ouviram-se vaias, e um grupo de descontentes reuniu-se na entrada do túnel de acesso ao vestiário coxa para cobrar da diretoria a contratação de reforços e a reintegração de Roberto Brum ao elenco. Na conversa, o presidente Giovani Gionédis e o vice Domingos Moro nada prometeram, mas ganhou força a possibilidade da contratação de um armador.

Os nomes prioritários seriam, pela ordem, Tcheco e Adriano. O primeiro, depende de uma complicada combinação de fatores, e mesmo os dirigentes alviverdes reconhecem a dificuldade da negociação. O segundo, ainda vinculado ao Atlético, teria que primeiro deixar a Baixada e, depois, negociar com o Coxa. Esta poderia ser a chance final para que a parceria com o empresário Juan Figger surta efeito Moro teria dito aos torcedores que depende de Figger a vinda do Gabiru.

Em campo, Antônio Lopes viu uma equipe com dificuldades claras na criação. “A gente não conseguiu passar da marcação do Atlético, que foi muito bem feita. Eles têm os méritos, mas nós realmente não jogamos bem”, comentou o treinador, que garantiu não se assustar com os 28 cartões amarelos já tomados pelo Coxa no Brasileiro sete apenas ontem. “O cara (o árbitro Luís Antônio Silva Santos) estava de frescura. Qualquer coisa que a gente fazia ele dava cartão”, atirou.

Para a partida contra o Palmeiras, Lopes perde Márcio Egídio, suspenso pelo terceiro amarelo. Em contrapartida, volta Reginaldo Nascimento, que demonstrou mais uma vez fazer falta. A partida do Parque Antártica, última antes da parada de quinze dias para as Eliminatórias, é decisiva. “Nós temos que recuperar pontos, e não podemos mais perder tempo”, resumiu Lopes.

Explicação

O único jogador a falar com a imprensa depois do jogo foi o goleiro Fernando, que disse não ter falhado no gol de Gaúcho. “Ele chutou, e a bola fez a curva para a direita e depois para a esquerda. Quando me posicionei, ela fez outra curva, e ao tentar virar acabei escorregando. Não foi falha, isso pode acontecer com qualquer goleiro”, explicou.

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