Roberto Brum e Jakson seguram Edinho, numa arrancada do time vascaíno. |
Sem nenhuma inspiração e sentindo a ausência do seu artilheiro, o Coritiba decepcionou e deixou escapar a chance de se igualar ao Santos na vice-liderança do Brasileirão. Melhor para o Vasco, que mesmo com um jogador a menos venceu por 2×1 e pulou para a 14.ª posição. O Alviverde permanece em 3.º, numa rodada onde o Cruzeiro levou a melhor e disparou na ponta da tabela.
O jogo ficou à feição do Coritiba logo aos 15?, com a expulsão do zagueiro vacaíno Henrique, que agarrou Edu Sales. Na cobrança da falta, o próprio Sales mandou a bola no travessão. O Vasco respondeu também de bola parada, com Edmundo. A expectativa do torcedor coxa acabou frustrada pela apatia da equipe.
Lima perdeu boa oportunidade aos 26?, quando recebeu “um presente” do zagueiro Fabiano e chutou por cima. A melhor oportunidade do Coritiba, com bola rolando, também surgiu dos pés de Edu Sales. Ele passou pela zaga e da linha de fundo fez o cruzamento para Lira, que cabeceou para a defesa de Fábio.
O quadro se complicou no final do primeiro tempo. Régis se livrou da marcação e chutou forte. Fernando defendeu, mas na sobra Reginaldo Nascimento deu um carrinho em Edinho e o árbitro marcou pênalti. Edmundo cobrou com precisão para marcar seu 100.º gol em brasileiros. Bonamigo tentou mudar o panorama, sacando Edinho Baiano e colocando Helinho.
Os primeiros movimentos deram a falsa impressão de que o empate era questão de tempo. Aos 9?, Edu driblou Fabiano e encheu o pé, mas Fábio espalmou. Pouco depois, Marco Brito cabeceou para fora. No lance seguinte, o meia tentou da entrar na área, mas a bola saiu rente à trave.
Mesmo com mais volume, o Coritiba tinha deficiências graves na articulação das jogadas e faltava presença de área. Bonamigo mandou a campo Gélson e depois Souza, mas a estratégia não surtiu efeito. Do outro lado, Mauro Galvão “povoou” o meio-de-campo. Mesmo com um jogador a menos, o Vasco conseguia segurar as pontas e ainda arriscava contragolpes.
No fim, Danilo recebeu na direita, cortou para dentro da área e chutou cruzado para vencer Fernando e ampliar o marcador, aos 43?. Com o desespero coxa, Igor ainda carimbou a trave, mas foi o Coritiba quem marcou, aos 48?. Wescley fez pênalti em Odvan e Edu Sales converteu, mas era tarde.
Delegação vive momentos de horror após a derrota
A pressão que o Coritiba esperava dentro de campo em São Januário não aconteceu durante a partida. Nem precisava. O pior estava por vir e foi registrado depois do jogo, quando a delegação já estava no ônibus e passou momentos de desespero, com a invasão de torcedores do Vasco para agredir todos os que estavam no ônibus – do presidente Giovani Gionédis, passando pelo secretário Domingos Moro e vários jogadores – inclusive com lesões corporais.
Sem cobertura da Polícia Militar, Roberto Brum, que conhece todos os atalhos em volta do Estádio de São Januário, correu quatro quadras para pedir socorro da PM. Quando ela chegou, vários jogadores já haviam abandonado o veículo e se refugiado dentro do gramado, misturando-se a repórteres para poder fugir da selvageria. O atacante Gélson foi jogado para fora do ônibus “a socos e pontapés”, mostrou os arranhões a todos, enquanto Lima e Jackson foram outros dois que mais apanharam. Jackson, inclusive, teve seu celular e a carteira roubados.
Segundo depoimento do secretário Domingos Moro, houve até tiros por parte da torcida. Segundo ele, devia haver representantes do Vasco, possivelmente seguranças. “Havia gente muito forte e preparada para brigar”, lembrou. “Era se esconder no vestiário, fugir do ônibus ou se esconder no gramado, para sair vivo e fugir de uma possível bala perdida. Saímos por milagre”, descreveu depois. Além das agressões pessoais, o ônibus foi danificado.
Do estádio, a delegação seguiu para o 17.º Distrito Policial, onde só saiu de madrugada, após registrar queixa. A diretoria coxa garante que vai tomar outras medidas além da simples queixa. Ninguém soube precisar o início da confusão, mas há informações de que Jackson teria se desentendido com uma pessoa (possivelmente ligada à direção) e que isto teria desencadeado reações dos torcedores.