Giovani Gionédis não contestou a arbitragem de Wilson de Souza Mendonça. Direcionou toda a sua indignação à comissão técnica e de pronto anunciou, no vestiário, as demissões de Sérgio Ramirez (coordenador) e Antônio Lopes Júnior (auxiliar-técnico). ?Não posso aceitar o que vi aqui no Rio. O Coritiba não pode jogar com quatro zagueiros e dois volantes, abdicando de qualquer possibilidade de ataque?, esbravejou o presidente alviverde.
Frisou, na coletiva, que Ramirez e Lopes Júnior não passaram ao estreante Márcio Araújo as características dos jogadores. ?Senão, como posso aceitar que o Coritiba jogue diante de um adversário como o Flamengo sem opções de ataque??, disse. A bronca de Gionédis foi o fato de Cláudio Marques não ter seguido com a delegação para o Rio de Janeiro. ?Agora, o Cláudio Marques será o auxiliar-técnico, trabalhando diretamente com o Márcio?, explicou.
Márcio Araújo disse lamentar o fato, mas que não conseguiu demover o presidente dessa idéia. ?Lamento, pois conheço o Ramirez e o Lopes Júnior e os admiro. Mas, a decisão já estava tomada?, comentou. O técnico admitiu que diante do desespero do adversário, armou o time para assegurar ao menos um empate. Disse que as alterações foram no sentido de fortalecer a marcação, já que tinha como opções mais ofensivas Souza, Marcelo Peabiru e Renaldo. ?Pensei em usar o Souza na ala, mas recebi informações de que ele não gosta de jogar nessa função?.
O novo técnico reconheceu que o volume de jogo do Flamengo foi muito superior ao do Coritiba. ?Nesse momento, precisamos de equilíbrio, de calma. Se entrarmos em desespero, fica difícil. Temos sete jogos para sair dessa situação?. Márcio Araújo terá apenas dois dias para arrumar a casa visando o jogo frente ao Figueirense, nesta quinta-feira, às 19h30, no Couto Pereira.
Coxa na porta do inferno
Um pênalti inexistente. Um gol duvidoso. Na estréia do técnico Márcio Araújo, o Coritiba amargou mais uma derrota. No estádio Luso-Brasileiro, no Rio, deu Flamengo: 2×1. Foi a oitava derrota consecutiva do representante paranaense, que passou em branco ao longo de todo o mês de outubro e segue à beira do abismo, apenas uma posição acima da temível zona de rebaixamento. Para permanecer na Série A, segundo projeções, o Cori terá que buscar, no mínimo, três vitórias e um empate ao longo das sete últimas rodadas.
O primeiro tempo seria sofrível, não fosse um lance isolado de Caio. Com rara habilidade, ele driblou seu marcador e só rolou para o gol de Ricardinho. Mas, isso só ocorreu aos 42 minutos. Até então, o que se viu foi muita correria, tropeções e pouco futebol. O Flamengo teve em Ramirez sua referência ofensiva. ?El Tigre?, porém, trabalhava na preparação das jogadas e não encontrava um companheiro para transformar seus lances em gols. Mesmo assim, o paraguaio criou três oportunidades reais.
Muito pouco para um desesperado Flamengo, um dos favoritos ao descenso e há tempos sem vencer em casa. A necessidade fez Joel Santana adotar uma marcação pressão, inibindo qualquer ação do Coritiba, repleto de meias e só com Maia no ataque. Foi nesse ritmo que Ramirez, aos 25 minutos, passou como quis por Flávio e cruzou rasteiro para Renato, que perdeu chance incrível, sem goleiro. Josafá ainda obrigaria Douglas a uma boa intervenção aos 39 minutos.
Foi então que Caio deu as caras e mudou o panorama do jogo. Mas, a vantagem coxa durou apenas quatro minutos. No último lance do primeiro tempo, Renato partiu para o drible em Anderson e o zagueiro deixou o braço esticado. O meia flamenguista projetou o corpo e Wilson de Souza Mendonça anotou pênalti. O próprio Renato cobrou com precisão, empatando o jogo.
No embalo do gol, o Flamengo começou o segundo tempo na pressão. Logo aos 4 minutos, Ramirez perdeu grande chance ao cabecear para fora um cruzamento de Leonardo Moura. Pouco depois foi Renato quem cabeceou para a defesa de Douglas. O Coritiba limitou-se à marcação, enquanto o rubro-negro carioca tentava de todas as formas – apesar da visível limitação técnica – a vitória. A rigor, o Coxa só chegou em uma cobrança de falta de Caio, aos 24 minutos.
E na base do abafa, o Flamengo conseguiu a virada. Mais uma vez de forma irregular. Leonardo Moura cobrou falta, aos 38 minutos. A bola tocou na barreira, Fellype Gabriel tentou e Ramirez (em posição irregular) dividiu com Peruíbe e a bola entrou. Com a ?mãozinha? de Wilson de Souza Mendonça, deu Flamengo: 2×1.
CAMPEONATO BRASILEIRO
35ª RODADA
SÚMULA
Local: Luso-Brasileiro (Rio de Janeiro).
Árbitro: Wilson de Souza Mendonça (Fifa-PE).
Assistentes: Erick Bartholomeu Antas e Silva Bandeira (Fifa-PE) e Luciano José Coelho Cruz (PE).
Gols: Ricardinho a 42 e Renato (pênalti) a 46 do 1º tempo. Fellype Gabriel a 38 do 2º tempo.
Cartões amarelos: Diego Souza e Fellype Gabriel (Flamengo).
FLAMENGO 2×1 CORITIBA
FLAMENGO
Diego; Leonardo Moura, Rodrigo, Fernando e André Santos; Jônatas, Diego Souza (Souza), Júnior (Fellype Gabriel) e Renato; Josafá e Ramirez (Fabiano). Técnico: Joel Santana.
CORITIBA
Douglas; Vágner (Renaldo), Anderson e Flávio; Jackson, Reginaldo Nascimento (Alexandre Luz), Peruíbe, Luís Carlos Capixaba (Márcio Egídio) e Ricardinho; Caio e Maia. Técnico: Márcio Araújo.
