Luís Mário, punido pelo TRT gaúcho, fica no banco. |
A semana corria tranqüilamente no Alto da Glória. Tudo conduzia para uma festa da torcida hoje, a partir das 20h30, quando o Coritiba enfrenta o Cianorte pela partida de volta das semifinais do campeonato paranaense.
Mas a discussão aberta entre o técnico Antônio Lopes e o volante Roberto Brum criou uma tormenta, que só pode ser afastada com uma vitória – e o Cori pode até perder por um gol de diferença que garante a vaga na final. Como contraponto à confusão, Luís Mário finalmente volta ao time.
Claro que não na idéia de Antônio Lopes e da torcida. O “Papa-léguas” vai ficar no banco de reservas, e deve entrar por cerca de vinte minutos no segundo tempo. Após ser ?aprovado? no exame realizado ontem na PUC, o atacante ganhou a possibilidade de voltar a jogar. “O resultado do exame foi excelente. Ele está com a potência muscular quase ideal”, explica o coordenador de preparação física José Afonso de Araújo Moura.
A decisão de colocá-lo (e o tempo que ele jogará) foi tomada em uma reunião com médicos, preparadores físicos e Lopes. A intenção é fazer Luís ganhar ritmo de jogo para que possa começar jogando na partida de terça, contra o Olimpia. O atacante teve uma má notícia ontem, com a punição imposta pela Justiça do Trabalho em Porto Alegre – segundo o TRT, o jogador quebrou o contrato com o Grêmio, e terá que pagar R$ 3 milhões ao clube gaúcho.
Com Luís Mário no banco, a equipe será a mesma que venceu o Cianorte no domingo, apenas com a entrada de Miranda, que volta após cumprir suspensão, no lugar de Danilo. Jucemar, que foi poupado do treino de ontem, deve ser escalado.
Sabe-se, no entanto, que a idéia é manter o sistema de deslocamentos apresentado no interior e que enganou a marcação adversária. Foi com ele que o Cori teve suas melhores jogadas, nas combinações de Ígor com Adriano (em um desses lances saiu o gol de Tuta) e de Batatinha com Jucemar, dois dos melhores em campo, ao lado de Ataliba.
Mas o que Lopes mais trabalha neste momento é a cabeça do elenco. O treinador tenta evitar que o tiroteio com Roberto Brum – que segue afastado – afete o grupo. “Tenho certeza que isso não vai atrapalhar. Nosso elenco é muito bom, trabalha unido e vai se manter assim”, comenta o técnico alviverde.
Serviço
A novidade para quem for ao Couto Pereira hoje é a instalação de algumas cadeiras no segundo anel da reta da rua Mauá. Apesar de ter, no futuro, preço diferenciado, hoje elas estarão com os mesmos preços das arquibancadas. Os valores dos ingressos são: arquibancada, R$ 15,00; cadeira inferior, R$ 30,00; cadeira superior, R$ 50,00.
Ari e sua “promessa”
Ele está feliz. Por mais que sofra com a marcação adversária, ou que ainda não tenha conseguido demonstrar todo seu futebol, o atacante Aristizábal garante viver um ótimo momento de sua carreira no Coritiba. Jogando profissionalmente, há quinze anos, ele se vê querido por todos no clube, e diz ter uma ‘dívida’ com o Coxa. Além disso, o colombiano se tornou o exemplo dos jogadores mais jovens.
Exemplo: semana passada, o zagueiro Miranda chegava ao treino com uma chuteira quando foi abordado por Aristizábal. “Disse a ele que aquela chuteira não era boa para treinar, e que poderia atrapalhá-lo”, conta. Quando o jovem titular coxa se preparava para ouvir um sermão ou coisa parecida, Ari veio com a surpresa. “Eu falei que iria trazer a chuteira certa para ele. E vou fazer isso”, revela. “Ele é um sujeito incrível”, resume Miranda.
Ari tem consciência do que representa para o Coritiba e para os seus companheiros. “Depois que você atinge uma certa idade, você passa a entender o significado das suas atitudes. E eu percebo que os meninos do elenco me tomam como exemplo. E por isso eu tenho que manter o profissionalismo, não fazer coisas erradas”, diz o jogador de 32 anos, que só no Brasil atuou por São Paulo, Santos, Vitória, Cruzeiro e agora o Coritiba.
Quando o Cruzeiro me dispensou, o único clube que apostou sem se preocupar com a minha recuperação foi o Coritiba. Eu devo muito ao clube por isso”, afirma o colombiano.
Falta – e ele não esconde – apenas o crescimento técnico de seu próprio futebol.
Luís Mário terá de pagar dívida de R$ 3 milhões
Quando vivia a satisfação de voltar a jogar – depois de um bom tempo parado -, o atacante Luís Mário recebeu uma má notícia, ontem. O atacante do Coritiba foi punido (em primeira instância, por isso cabe recurso) pela Justiça do Trabalho gaúcha, que o obriga a pagar uma multa de R$ 3 milhões por quebra de contrato com o Grêmio, onde esteve até a metade do ano passado.
Segundo a diretoria jurídica do clube gaúcho, Luís teria saído do Olímpico antes do previsto em uma cláusula do contrato que falava sobre as negociações para o exterior. Por isso a reclamatória do Grêmio – curiosamente, um clube que perdeu recentemente dez jogadores por problemas contratuais e salariais. Esta semana, inclusive, o zagueiro Adriano conseguiu a liberação por causa do não-pagamento do FGTS.
Luís Mário chegou a viajar para Porto Alegre nas últimas semanas por causa do trâmite do caso. E, logo no dia do julgamento do mérito, ele estava no hotel Vernon – no momento da sentença, ele estava participando da conversa com o técnico Antônio Lopes. A Tribuna tentou contato com o atacante, mas o celular dele estava desligado.
Caio só define no vestiário
Uma boa dose de mistério é a receita do Cianorte para o jogo contra o Coritiba, hoje, às 20h30, no Couto Pereira, em partida que vale uma vaga na final do campeonato paranaense. O técnico Caio Júnior comandou ontem o último treinamento antes do compromisso, na Vila Olímpica, mas não confirmou a equipe. “Tenho opções diferentes do meio para frente. Mas só vou divulgar os titulares quando também souber a postura que o Coritiba vai adotar”, diz.
A novidade confirmada é a entrada de Edson Baiano no lugar de João Renato, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. E a dúvida, mesmo que o treinador não confirme, deve estar entre os atacantes Samuel e Márcio Machado. O primeiro começou jogando no jogo de ida. O último é artilheiro da equipe e entrou no decorrer do jogo, no lugar de Cuca. Outra possibilidade, mais remota, é a substituição do meia João Henrique por Márcio Machado, deixando a equipe com três atacantes. Como deixou claro que não vão partir para cima do Coritiba, pelo menos na primeira etapa, essa opção deve ficar para a etapa complementar. “Primeiro vou sentir como o Coritiba vem. Mesmo tendo a consciência de que precisamos vencer por dois gols de diferença, não vamos partir para o ataque no desespero”, garante o treinador.
A intenção é manter o padrão de jogo apresentado no último domingo, jogando com tranqüilidade e muito toque de bola. “Jogamos assim no primeiro jogo e fomos bem, merecíamos até um empate. Mas são águas passadas. Vamos entrar fazendo a nossa parte.”
No comando desde novembro do ano passado, Caio comemora o sucesso da equipe, que subiu para Série Ouro esse ano. “É fruto de muito trabalho. Como começamos a preparação antes das outras equipes, começamos a competição mais entrosados e com uma boa condição física”, lembra Caio.
CAMPEONATO PARANAENSE
SEMIFINAL – JOGO DE VOLTA
Local: Couto Pereira.
Horário: 20h30.
Árbitro: Henrique França Triches.
Assistentes: Rogério Carlos Rolim e Vagner Vicentin.
CORITIBA X CIANORTE
CORITIBA
Fernando, Jucemar, Miranda, R. Nascimento, Adriano, Márcio Egídio, Ataliba, R. Batatinha, Igor, Tuta, Aristizábal. Técnico: Antônio Lopes.
CIANORTE
Adir, Édson Baiano, Edson Santos, Fábio Carioca, Wellington, Marcelo Lopes, Cuca, Barbieri, Reginaldo, Samuel, M. Machado (J. Henrique). Técnico: Caio Júnior.