Não há gordura para ser queimada, não há mais sinais para serem acesos. O Coritiba deixou o grupo dos classificados, e inicia a semana do Atletiba na nona posição e com a obrigação de vencer o clássico.
Mais – a nona posição de hoje pode ser a décima na quarta, dependendo do resultado de Ponte Preta x Vitória. A situação transforma o jogo de sábado no Atletiba mais importante para o Cori desde a final do paranaense de 2000.
Dos sete jogos que faltam para o Coritiba, este está na conta dos que se realizam em ?casa?, mesmo marcado para o Joaquim Américo. Segundo a comissão técnica, a partida é em Curitiba, e apesar de ser na casa do Atlético o time terá apoio da torcida e não sentirá tanto o fator mando de jogo.
Por essa análise, depois o Coritiba terá mais três jogos em casa – aí sim no Alto da Glória. E a necessidade é total de resultados positivos contra Cruzeiro, Paraná e Figueirense, para chegar (somando aos três pontos de uma possível vitória no clássico) aos 39 pontos, que mesmo assim seriam insuficientes para a classificação entre os oito primeiros, segundo as contas que apontam para o “número mágico” de 41 pontos.
Com essa situação complicada, o técnico Paulo Bonamigo tenta inicialmente revitalizar o elenco, que demonstrou abatimento após a goleada imposta pelo Juventude. “É a hora da recuperação, porque não temos mais tempo”, afirma o treinador, que sentiu em Caxias uma equipe dispersiva na marcação. “Mais uma vez a nossa característica não apareceu, e quando não acontece temos problemas”, completa.
Os fatos que demonstraram a instabilidade alviverde aconteceram exatamente nos melhores momentos psicológicos da equipe – o pênalti desperdiçado por Cláudio Pitbull e a aproximação após os gols de Lúcio Flávio. Logo após os dois momentos, que poderiam ser aproveitados, o Coritiba sofreu gols que foram decisivos para o resultado final. “Nós sofremos justamente no momento que tínhamos que aproveitar”, confessa o zagueiro Picolli.
E é isso que Bonamigo pretende ?atacar? nos próximos dias, exclusivos de treinos. “Nós temos que recuperar um estilo que nós tivemos na primeira fase do campeonato, e que é própria do Coritiba”, avisa o treinador coxa, que sabe que só uma guinada completa vai recolocar o clube onde ele esteve desde o início do campeonato, sendo inclusive líder da competição após vencer a Portuguesa – última vitória da equipe.
Diretoria coxa apela para um “mutirão”
Enquanto a comissão técnica tenta reanimar o elenco, a diretoria também resolveu entrar em campo. Sabendo que esse é o mais difícil momento do Coritiba no campeonato brasileiro, os dirigentes tomarão algumas atitudes a partir de hoje, no intuito de reforçar o auxílio ao elenco e, ao mesmo tempo, exigir de todos a retomada dos bons resultados. É a hora do mutirão alviverde, já olhando para o Atletiba de sábado.
Segundo o secretário Domingos Moro, a tomada de atitude era já um fato consumado. “Sabíamos que essas três semanas eram decisivas, e por isso já havíamos decidido que algumas decisões seriam tomadas. E essa posição da diretoria já era definitiva antes do jogo contra o Juventude”, explica. “O que aconteceu em Caxias não mudou o nosso pensamento”, completa o dirigente.
Moro fez questão de ressaltar que não haverá nenhuma mudança da estrutura do futebol do Cori. “Não mexeremos nas pessoas, e sim vamos buscar os fatos que estão fazendo com que o Coritiba esteja passando esse momento difícil”, afirma. Ele acredita que um fator que complicou a caminhada coxa foi o relaxamento. “É uma situação natural, porque isso acontece em qualquer lugar. E não se pode esquecer que os outros times evoluíram na competição”, diz o secretário.
Por isso, a direção quer se aproximar do elenco. “Vamos trabalhar juntos, acompanhando o dia-a-dia do clube com toda a atenção”, resume Domingos Moro, que é o elo entre o Conselho Administrativo do Coritiba e o comando do futebol – o gerente Oscar Yamato, o coordenador técnico Sérgio Ramirez e o técnico Paulo Bonamigo. “O principal objetivo é focar todo o clube em torno da classificação”, avisa o diretor.
Moro não quis chamar o momento de ?pacto?. “Esse pacto já foi feito, e eu tenho certeza que todos ainda estão pensando na classificação entre os oito melhores”, afirma. O secretário prefere chamar de ?mutirão?. “É a hora de uma convergência de todos, sem exceção, para que consigamos recuperar a equipe. Condições para isso o Coritiba tem”, garante.
E, ainda nesta semana, algumas atitudes práticas serão tomadas. “Existem algumas coisas a serem feitas, mas estamos estudando. São decisões que precisam ser bem pensadas”, diz o secretário, sem querer exemplificar quais medidas seriam. Uma delas poderia ser a concentração estendida, pelo menos para o clássico de sábado contra o Atlético. Especula-se que os atletas ficariam em regime de concentração desde a noite de quinta. (CT)