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A promessa foi cumprida. Depois de dizer na segunda que o Coritiba teria mudanças, o técnico Paulo Bonamigo confirmou uma nova formação de equipe para a partida contra o Cruzeiro, às 21h40 de hoje, no Alto da Glória. Com seis alterações em relação ao time que perdeu para o Atlético, o ?novo? Cori será mais agressivo na marcação e ousado no ataque – ao menos, é isso que pretende o treinador.
Quando perguntado sobre que identidade pretende na equipe, Bonamigo resumiu em duas palavras: “Humildade tática”, afirmou, para depois explicar. “Tínhamos isso durante o início da competição, e depois o time começou a querer jogar sempre no ataque, esquecendo a marcação. E é isso que necessitamos recuperar com urgência”, disse o treinador coxa.
Essa ?humildade tática? baseou a escalação do Cori. O treinador já tinha que mexer em três posições, já que os titulares Edinho Baiano, Reginaldo Nascimento e Da Silva não têm condições de jogo (além deles, Danilo está suspenso). Mas, além deles, Bonamigo sacou Reginaldo Araújo, Lima e Jabá – que seria o substituto natural de Da Silva. Apesar disso, Bonamigo não quer ?sacrificar? os barrados. “Quero deixar bem claro que os jogadores que estão saindo não podem ser considerados culpados”, afirmou.
Escolhidos os seis substitutos (Ceará, Juninho, Willians, Sérgio Manoel, Marcel e Alexandre Fávaro), formou-se um time muito diferente, e que ainda precisa de acertos, segundo o técnico. “Ainda temos que aproximar mais os meias dos nossos atacantes, e com isso aumentar o poder ofensivo”, explicou Bonamigo, que no todo gostou do que viu. “É um time agressivo, como eu esperava”.
Também é uma equipe bastante jovem, que será comandada por Sérgio Manoel e Picolli. “Sabemos dessa responsabilidade, mas também tenho confiança nessa garotada”, disse Picolli. Juninho, por exemplo, disse que vai se espelhar no jogador que ele vai substituir. “Meu exemplo de jogador, tanto dentro, quanto fora de campo, é o Edinho Baiano. Quero ajudar o Coritiba tanto quanto ele”, disse o jovem (19 anos) zagueiro.
E esse grupo de garotos terá a responsabilidade – e a pressão – de recuperar o Cori. “Claro que eu gostaria de entrar em outra situação, mas neste momento temos que provar a nossa capacidade”, afirmou Ceará. “Quem não sabe viver sob pressão não pode jogar. Essa pressão é natural, e nós precisamos enfrentá-la”, finalizou Alexandre Fávaro.
Cruzeiro
O adversário coxa tem um desfalque na lateral – Maicon sofreu um acidente caseiro e foi vetado. Em seu lugar, Vanderlei escalará Ruy. A única dúvida fica para o gol, entre Alexandre Fávaro e Gomes.
Uma questão matemática
A matemática ainda dá fôlego, mas o Coritiba sabe que o momento é decisivo. A partida de hoje, às 21h40, no Alto da Glória, contra o Cruzeiro, é de imensa importância nas pretensões da equipe chegar à classificação no campeonato brasileiro. Se não deixar o gramado com uma vitória, o Cori diminui muito suas chances, e afunda de vez em uma crise que conseguiu ser debelada nos últimos dias. Para tentar superá-la, Bonamigo optou por um novo time, valorizando os pratas da casa (veja matéria). A derrota para o Atlético quase foi a gota d’água para o trabalho do técnico Paulo Bonamigo. Mas, amparado pelos dirigentes (principalmente pelo presidente Giovani Gionédis), o treinador foi mantido no cargo, e passa agora (na visão de muitos) a ser o principal responsável pelo que acontecer com o Coritiba – uma classificação heróica ou a eliminação inesperada.
Sim, porque quem chegou a assumir a liderança sendo saudado como a principal surpresa da competição não esperava cair tanto, chegando a seis partidas sem vitória. “Nós sentimos o gostinho, e é claro que não imaginávamos que viria uma fase ruim”, confessa o secretário Domingos Moro. “Mas temos a certeza que o comando técnico e o elenco têm totais condições de recuperação. Por isso estamos dando todo o apoio necessário”, afirma.
Um apoio que pressiona, involuntariamente. Com isso, enfrentar o Cruzeiro será enfrentar também a pressão de todos que estiverem no Couto Pereira e também os ‘pesos’ que os jogadores carregam nas costas. “Chegou a hora de provarmos a nossa competência. Temos seis jogos, mas se não vencermos o Cruzeiro, os outros nem adiantam”, diz o zagueiro Pícoli. “Não temos mais tempo para errar”, completa o meia Sérgio Manoel.
Claro que, mesmo se o Coritiba não vencer, ainda haverá chances de classificação. “Elas vão ser iguais às que o Atlético tem hoje. Teremos que ganhar quatro jogos em cinco”, compara Pícoli. Mas os próprios jogadores sabem que os três pontos essa noite servem também para recuperar uma auto-estima perdida há um mês, quando o Cori conseguiu sua última vitória. “Esse resultado é tudo o que precisamos para classificar”, aposta o volante Roberto Brum.
Auto-estima que Bonamigo também detecta que anda faltando. “Temos que correr atrás daquela disposição de vencer os jogos”, aponta. Ele acredita que a seqüência de maus resultados implicou nessa dificuldade alviverde. O exemplo é próximo: no Atletiba, quando a equipe começou bem, acabou sofrendo o gol e não conseguiu mais recompor-se taticamente. “Não está faltando vontade, mas alguma coisa está acontecendo”, diz Pícoli.
E, sabendo ou não as razões, o Coritiba terá que dar a resposta em campo. “Chega de falar, precisamos jogar futebol. A nossa atitude e a nossa personalidade vão falar por nós”, resume Sérgio Manoel. “Vamos buscar essa classificação a partir desse jogo. Se nosso torcedor der um voto de confiança, eles vão perceber que não faltará disposição para todos nós”, promete Roberto Brum.
Com apoio de Gionédis
Fazia tempo que ele não aparecia. Ontem, o presidente Giovani Gionédis foi ao gramado do Couto Pereira para conversar rapidamente com jogadores e com o técnico Paulo Bonamigo. Ele reiterou o apoio do treinador, chegando a dizer que ele não será demitido, com qualquer resultado que acontecer nas partidas contra Cruzeiro e Internacional.
Gionédis não ficou por muito tempo, até porque ele reunira-se com a comissão técnica na noite de segunda. “Avaliamos a situação da equipe. Aconteceu uma queda técnica natural, e tenho certeza que a recuperação virá amanhã’ (hoje), disse o presidente, que também conversou com os jogadores mais experientes da equipe que entrará em campo. “É bom saber que ele está conosco, principalmente agora. Ele não pôde aproveitar o bom momento porque estava em campanha”, relembrou Pícoli.
O presidente coxa disse que o trabalho de Bonamigo não pode ser analisado pelos resultados. “Não fazemos aqui um trabalho de seis meses. O Coritiba é uma equipe de planejamento a longo prazo, e por isso o Bonamigo é o nosso técnico, com qualquer coisa que acontecer nas próximas partidas”, garantiu Gionédis.