“Adeus ano velho, feliz ano novo…” Mas nem tanto. O Coritiba escancarou a reformulação do elenco e mudou completamente a equipe no jogo de anteontem contra o Paysandu, só que o resultado não foi diferente do que vinha acontecendo nos últimos tempos – em uma partida fraca tecnicamente e disputada sob forte calor, Coxa e Papão ficaram no 0x0, sábado, no Mangueirão. É a sexta partida alviverde sem vitória no Brasileiro.

O discurso parecia programado. Apesar de Tuta e Aristizábal terem viajado para Belém, as duras críticas do presidente Giovani Gionédis acabariam surtindo efeito. Já em Belém, o vice-presidente André Ribeiro, que chefiou a delegação, confirmou à rádio Banda B que o Cori vai projetar 2005 nestes últimos jogos do Brasileiro. “Temos que pensar na próxima temporada”, resumiu o dirigente.

As conversas, antes escondidas, agora apareciam livremente. “Nós já ouvimos a informação que o Tuta foi sondado, então temos que nos precaver”, comentou André Ribeiro. Se ele e Aristizábal não vão emplacar o próximo ano no Alto da Glória, então que eles ficassem à margem do time contra o Papão. O centroavante entrou no intervalo, o colombiano aos 28 do segundo tempo. E, assim, abriu-se caminho para Laércio e Alemão – o primeiro já garantido na temporada 2005, o segundo com chances de permanecer.

Na defesa, a mesma história. Reginaldo Nascimento é o capitão? Então joga. Alexandre e Vágner estão garantidos no clube? Vão para o jogo. E se é assim, que se mude até mesmo o esquema tático – o Coritiba, pela primeira vez desde dezembro de 2003, jogava no 3-5-2, no estilo usado por Paulo Bonamigo nos seus vinte meses no comando da equipe. Sobrou para Reginaldo Vital, sacado do time.

A princípio, apesar das duras palavras proferidas por Gionédis desde a noite de quarta, a decisão partiu da comissão técnica – quer dizer, do técnico Antônio Lopes, outro que estará no clube em 2005. “Quem cuida do time é a comissão técnica, e a responsabilidade do futebol é da direção profissional que o Coritiba tem”, explicou André Ribeiro, que também disse que não haverá gastos desmedidos ano que vem. “Não vamos investir mais do que estará previsto em nosso orçamento.

Em campo, o Coxa não mudou muito do que vinha apresentando. O destaque, de novo, ficou com o setor defensivo, principalmente com o zagueiro Alexandre, que voltava após dois meses de recuperação de uma fratura na coluna. O ataque foi ineficiente, tanto com os “titulares” quanto com os “reservas”. Por enquanto, o futuro alviverde parece muito com o presente, e isso não é muito animador.

Lopes elogia Gionédis e pede paciência à torcida

O técnico Antônio Lopes recebeu nesta semana todo o respaldo do presidente Giovani Gionédis, ao mesmo tempo que era severamente cobrado pela torcida. No meio desde fogo cruzado, ele montou um time diferente para enfrentar o Paysandu, começou a pensar no elenco para a próxima temporada e tentou evitar que o grupo ficasse exposto à pressão que ele mesmo sofreu. Agora, pergunte se ele está preocupado.

“Não se pode exigir nada do torcedor, ele está certo e pode sempre cobrar. Ele lida com a paixão, e nós temos que trabalhar com a cabeçca”, comentou o Delegado, que demonstrou resignação com algumas críticas. “Era bom que os comentaristas e mesmo a torcida soubessem mais o que acontece no dia-a-dia”, afirmou.

Ele explicou com razões técnico-táticas as saídas de Tuta e Aristizábal do time titular. “Nós precisávamos ter mais força de contra-ataque, além de contar com todo o time marcando forte, na saída do Paysandu. Por isso preferi começar com o Laércio e com o Alemão, mas o Tuta e o Ari entraram muito bem e ajudaram a equipe”, disse Lopes.

Lopes fez muitos elogios ao presidente. “Ele é um sujeito muito inteligente, e não é porque me mantém no cargo. O presidente sabe que não se faz um trabalho em oito meses. É como pensa o Eurico Miranda, o Mustafá Contursi (do Palmeiras) e o Fábio Koff, que mantiveram treinadores por vários anos”, discursou.

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