Que os times da capital são considerados favoritos contra os do interior, todo mundo sabe. Mas há um bom tempo não se colocava tanta expectativa em uma partida do Coritiba no Norte do Estado. Hoje, às 20h30, no estádio Vitorino Gonçalves Dias, contra o Londrina, entra em campo o ataque mais positivo da primeira rodada do Paranaense. E essa é a arma mais visível do Coxa em 2003.
A alteração tática (de uma equipe que jogava primando pela posse de bola para uma que não pára de atacar) surtiu efeito contra o Prudentópolis – e aterrorizou a concorrência -, mas ela não faz os alviverdes pensarem alto. “Não adianta nada ganhar a primeira de goleada e depois perder. Temos a obrigação de manter nosso nível de atuação”, comenta o técnico Paulo Bonamigo. “Se não tivermos seriedade e respeito aos adversários, ficamos pelo caminho”, completa o meia Tcheco.
E isto serve como lição, porque sempre que o Coritiba chega a Londrina, não tem jogos fáceis. Em 99, uma confusão tomou conta do VGD, e a partida teve que ser encerrada antes do final regulamentar. Dois anos depois, no estádio do Café, o Tubarão complicou a vida coxa, jogou melhor e só não venceu porque Mabília marcou de pênalti.
O esquema 3-5-2 criado no Cori por Ivo Wortmann – naquele jogo – e remodelado por Bonamigo, hoje está nas entranhas do elenco. Tanto é verdade que o treinador pensa seriamente em colocar Almir no lugar de Adriano – lesionado, o lateral sequer viajou para Londrina. A opção remontaria aos tempos de Wortmann, que escalava Fabinho no setor, e mesmo do tempo em que Sérgio Manoel ocupava aquela posição.
A outra opção é o jovem Ricardo (18 anos), que até a semana retrasada estava no time júnior. É um contraponto a Almir, que é o segundo jogador mais experiente da equipe, com 29 anos. “Vamos ver o que é melhor, se utilizarmos um médio-ala ou se jogamos com um lateral para manter a forma da equipe jogar”, explica Bonamigo, que vai manter a dúvida até momentos antes da partida.
Outros jogos
Além de Coritiba e Londrina, a rodada do meio de semana terá os seguintes jogos: Iraty x União (15h), Prudentópolis x Portuguesa Londrinense (16h), ADAP/Ponta Grossa x Roma (17h), Paranavaí x Rio Branco (20h30) e Cascavel x Maringá (21h).
Brum troca dom da oratória pelo refinado toque de bola
Ele agora está em casa. O volante Roberto Brum consolidou a sua posição de ídolo do Coritiba e de um dos líderes do atual elenco. E fez isso falando muito menos do que já falou desde que chegou ao clube – tamanha disposição para a oratória o fez ganhar o apelido de “Senador”. Mais calado e mais eficiente, o jogador é uma das principais peças do Cori nesta temporada 2003.
E esse jogador mais ?calmo? que Roberto se tornou é uma das vitórias de Paulo Bonamigo no comando do Coritiba. O volante chegou primeiro ao clube que o treinador, mas mesmo no Paraná ele era observado. “Eu pensava sempre que, se eu tivesse um jogador assim jogando contra mim, eu queria que ele falasse sempre. Quanto mais ele desse declarações, melhor seria para o adversário”, comenta o técnico alviverde.
Para exemplificar, Bonamigo conta a história de Norberto, volante que passou pelo Coritiba e pelo Pinheiros. “Quando eu estava no Grêmio e o Norberto no Inter, eu tinha medo de enfrentá-lo quando ele não falava antes dos Grenais, porque sabia que ele jogaria tudo. Mas quando ele ficava contando vantagem pela imprensa, nós nos motivávamos com as provocações dele e sabendo que a atuação dele em campo seria bem pior”, relembra.
Com essa experiência adquirida, Bonamigo atacou o mal pela raiz. De lá para cá, Roberto falou cada vez menos e jogou cada vez melhor, na visão do treinador. “Ele está em uma fase ótima. O Brum é um dos jogadores mais importantes da equipe”, elogia. “Eu fico feliz em saber que o Bonamigo admira o meu futebol e eu tenho que agradecê-lo sempre”, retruca o jogador. E para manter a boa fase, o treinador aposta na mesma fórmula. “Deixa o Brum jogar tranqüilo. Às vezes eu vejo todo mundo pronto para treinar e ele dando entrevistas. Eu não quero vê-lo falando, e sim jogando bem”, resume Bonamigo.
Parceiro
Para completar, Roberto Brum agora tem a companhia do amigo Marco Brito, que o conhece desde a década de 80. “Eu fiquei emocionado quando ele me chamou de irmão”, confessa o atacante, que continua sendo opção no banco de reservas. “Ele é um grande jogador e tenho certeza que vai se identificar com o Coritiba tanto quanto eu”, espera Brum, ao melhor estilo “Senador”. (CT)
Tubarão não está definido
O técnico Roberto Fernandes também adota a tática do mistério para a partida desta noite contra o Coritiba. Depois de empatar com a Portuguesa Londrinense em 3 a 3 no domingo, a intenção do treinador é reforçar a marcação e evitar a força ofensiva do Cori.
Fernandes tem duas dúvidas, uma delas exatamente na defesa, entre Dé e Luís Henrique – a outra é no ataque, entre Zaltron e Fábio Zeni. A definição só acontecerá momentos antes da partida. Dos que jogarão, o principal destaque do Londrina é o veterano Dário, volante que já passou por Sport Recife e Grêmio.