Foi assim contra o Vasco, da mesma forma contra o Paysandu e também com o Figueirense. Mas hoje, às 16h, pode ser considerada a ?apresentação? oficial da nova formatação tática do Coritiba.
Depois de estudar as opções da equipe e o contexto do futebol internacional, o técnico Antônio Lopes optou pelas famosas “duas linhas de quatro”, e é assim que o time entrará em campo no Couto Pereira, frente o Botafogo.
Para facilitar a compreensão, as linhas são, na verdade, os dois primeiros compartimentos do time. Isto é, o Coritiba entrará em campo no 4-4-2. Só que a diferença está na distribuição da “segunda linha”, quer dizer, o meio-campo. Ao invés do habitual quadrado, com dois volantes e dois meias, Antônio Lopes prefere colocar os armadores mais próximos das laterais, formando a tal linha.
E por que essa definição? Na idéia do treinador, com essa formação o Coritiba ganha no ataque e na defesa. Na frente, formam-se duplas de apoio pelas laterais (Rafinha e Capixaba na direita, Cléber e Ricardo na esquerda) e facilidade de inversão de posicionamento e mesmo inversão de jogadas. Na defesa, forma-se um cinturão que dificulta o trabalho adversário pelos lados e também pelo meio.
Além disso, é um sistema que confunde a marcação. “Nós vimos isso contra o Paysandu. Eles demoraram muito para entender o que estávamos fazendo”, comenta o treinador. “É um esquema muito interessante, e não é difícil o encaixe do time”, afirma o meia Cléber, um dos mais beneficiados pela modificação. “Ele é muito inteligente, sabe ocupar setores e faz uma jogada muito importante na esquerda”, elogia o Delegado.
A tática não é difícil de ser assimilada, e também não é ?nova? no mundo do futebol. Nos últimos anos, o Boca Juniors conseguiu vários títulos na Argentina e na América do Sul com essa formatação, trabalhada intensamente por Carlos Bianchi. Para vencê-los na Libertadores deste ano, o Once Caldas usou da mesma estratégia – que antes confundira São Paulo e Santos nas fases anteriores. “É um sistema de jogo bem-sucedido”, diz Luís Carlos Capixaba.
Só que Antônio Lopes mantém cartas na manga. Nos treinos táticos (como os de quinta e ontem), ele trabalha variações de jogo e exige extrema movimentação. Tanto que deixa um mistério no ar quando fala da estratégia de jogo. “A princípio, vamos começar com as duas linhas de quatro. Mas não vamos jogar sempre assim, teremos surpresas e mudanças durante o jogo”, avisa.
Um recado importante – e uma tática que pode ser fundamental no objetivo de recuperar o aproveitamento alviverde em casa. No momento em que o time reage, mas que a diretoria enfrenta dificuldades para explicar a renúncia do ex-vice-presidente Domingos Moro, uma vitória é decisiva para garantir a calma no Alto da Glória. “Nós vamos buscar o resultado, do primeiro ao último minuto”, promete o centroavante Tuta.
Zaga toda feita em casa
O zagueiro Vágner é a grande novidade do Coritiba na partida de hoje contra o Botafogo. Ele, em tese, teria que encarar muitas responsabilidades: a primeira, de substituir o capitão Reginaldo Nascimento; a segunda, de entrar em uma das defesas mais eficientes do Brasileirão; e, enfim, de entrosar-se rapidamente com os titulares. Mas nenhuma das três parece assombrar muito o jogador, que já substituiu Nascimento, conhece os companheiros de zaga. Esta formação esteve junta na Copa São Paulo de Juniores e agora virou titular.
A vaga do capitão, quando aberta, é normalmente ocupada por Vágner. Ele é o imediato, e por isso atuou em partidas importantes da temporada, como contra o Londrina, pelo Paranaense, e a goleada sobre o Cruzeiro há seis rodadas. O treinador é o primeiro a festejar o fato de os quatro zagueiros terem saído do time júnior ainda nesta temporada. “É a prova da nossa política de renovação. Eu fico muito satisfeito ao ver essa garotada bem, jogando sempre e sendo destaque do time”, afirma o Delegado. Vágner confessa que esse entendimento vai ajudar nas próximas rodadas – apesar de Adriano estar de volta da seleção brasileira já para a partida contra o Santos, na quinta. “É bom olhar para os lados e ver rostos conhecidos. Jogamos juntos há dois anos”, diz o zagueiro.
Miranda, em contrapartida, volta a ser o ‘comandante’ da defesa. A prerrogativa é o tempo como titular – ele mantém-se como dono da camisa 3 desde o início da Libertadores. “Pois é, agora virei veterano”, brinca o zagueiro, que comemora a ascensão dos antigos companheiros. “O Rafinha e o Ricardo entraram no time e não saíram. Pode ser da mesma forma com o Vágner”, aposta.
CAMPEONATO BRASILEIRO
17ª Rodada
Local: Couto Pereira
Horário: 16h
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho (SP) e Adriano Augusto Lucas (SP)
TV: NET, pay-per-view, canal 75, tel.: 331-8686 e 4004-7777
Tempo: Parcialmente nublado, com alta umidade relativa do ar, vento de média velocidade e pequena possibilidade de chuva
Temperatura: média de 17ºC
Coritiba x Botafogo
Coritiba
Fernando; Rafinha, Miranda, Vagner e Ricardo; Ataliba, Roberto Brum, Luís Carlos Capixaba e Cléber; Tuta e Alemão. Técnico: Antônio Lopes.
Botafogo
Jefferson; Túlio, Rafael Marques, Scheidt e Renatinho; Fernando, Thiago Xavier, Valdo e Almir; Teti (Gláucio) e Schwenck. Técnico: Mauro Galvão.