Orlando Kissner
Jackson vai reforçar a ala direita. O jogador já ocupou essa posição durante o Paranaense deste ano.

O segredo do Coritiba é não ter segredos. Após jogos em que a escalação era divulgada apenas momentos antes da partida, o técnico Cuca adiantou a formação da equipe para o clássico de amanhã com o Paraná, às 16h, no Pinheirão. Sem Allan, o treinador promove mudanças na defesa, todas elas visando manter ao máximo a base que não perdeu e não sofreu gols nos últimos jogos.

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Cuca diz que o time já adquiriu ?corpo?, e até por isso anunciou antecipadamente a escalação. "Não há o que esconder. A equipe foi bem nas últimas partidas, já temos uma forma de atuar e vamos com ela mais uma vez", explica o treinador. "A gente estava procurando uma base e uma seqüência com o mesmo time. Foi o que conseguimos", completa.

A ausência de Allan (que sofreu um estiramento muscular) fez com que o Coritiba tivesse mudanças no setor defensivo. "Fizemos de uma maneira que não perdêssemos a estrutura que adquirimos", comenta o técnico alviverde, que preferiu passar Reginaldo Nascimento para formar a trinca de zagueiros com Anderson e Vágner – este recuperado de dores no ombro. "Agora não tem mais dor. Temos só que melhorar", comenta Vágner.

O treinador também altera as alas. Saem James e Rubens Júnior e entram Jackson e Ricardinho. "Eles estão bem. O Jackson já foi usado nesta função e o Ricardo está evoluindo. São as nossas opções para o clássico", confirma Cuca, que ontem quase foi alvo de um arisco quero-quero que "cuidava" da grande área.

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Do meio para frente, não há problemas – ou quase. "Preciso esperar como o Capixaba vai passar os próximos dias", afirma o técnico. O armador, que reclamava de uma tendinite, treinou normalmente quarta e ontem, e garante não estar sentindo mais nada. "Estou bem, espero poder ajudar no jogo", comenta o jogador, que acredita na manutenção da base. "Só assim nós vamos conseguir melhorar em todas as rodadas", diz.

Em campo, a idéia de Cuca é contar com um time aguerrido, mas técnico – é assim que ele espera que seja o clássico. "No primeiro turno, o jogo teve altíssima velocidade e muita qualidade. Parecia até futebol europeu. A expectativa é que no sábado a situação se repita", afirma o técnico, que está confiante, apesar de prever dificuldade. "Será um jogo complicado, contra um adversário que vive ótimo momento e que está entre os melhores da competição. Precisaremos fazer muito para conquistar a vitória", finaliza. O Coritiba terá no clássico a seguinte formação: Douglas, Jackson, Vágner, Anderson e Ricardinho; Reginaldo Nascimento, Peruíbe, Luís Carlos Capixaba e Caio; Maia e Renaldo.

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Alviverdes jogam favoritismo para o lado do Paraná Clube

Se existe um favorito, é o Paraná. Apesar da cautela de quase todos os jogadores, os poucos coxas que arriscam falar sobre favoritismo no clássico de amanhã deixam o ?carimbo? para o rival. Os motivos? O fato de o Tricolor estar melhor no Campeonato Brasileiro e do jogo ser no Pinheirão. Os alviverdes passaram a responsabilidade.

O mais veemente é o lateral-esquerdo Ricardinho, que volta à equipe no lugar de Rubens Júnior. ?O favorito é o Paraná, que está melhor que a gente?, comenta. ?Eles vão jogar em casa e terão o apoio da torcida. Além disso, eles conhecem muito mais o Pinheirão que a gente?, garante o jogador, mesmo lembrando que o Coritiba teve o estádio da Federação como ?casa? durante o Campeonato Paranaense e a Copa do Brasil.

Outro que descarta o conhecimento do estádio é Luís Carlos Capixaba. ?A última partida do Coritiba lá foi a final do Paranaense e isso foi em abril. De lá para cá passou muito tempo, nem dá mais para dizer que conhecemos o gramado do Pinheirão?, afirma o armador. ?Lá é bem diferente do Couto, tanto em dimensão quanto em qualidade da grama?, completa Ricardinho.

Apesar das vozes dissonantes, a maioria do elenco prefere manter o clássico sem favoritos. ?Por mais que o Paraná esteja melhor, é um clássico, e tudo se iguala?, comenta o meia Jackson, que vai jogar na ala amanhã. ?Não se pode dizer que há um candidato mais certo para a vitória. Vai ser um jogo equilibrado?, diz o zagueiro Anderson. ?É um jogo local e não dá para apontar um lado ou outro?, reafirma o técnico Cuca.

Declarações de amor no Couto Pereira

Não foi a primeira vez. E nem deve ser a última. Ontem, o elenco do Coritiba virou coadjuvante de uma declaração de amor. O meia Marquinhos, que comemorou 24 anos, foi homenageado pela esposa com um serviço de mensagens – com direito a carro de som, declarações, bolos, presentes e discursos de jogadores. A iniciativa acabou virando mais um incentivo para a recuperação do armador e lembrou uma ousada ?invasão do CT da Graciosa?.

Em 12 de junho de 2003, a esposa do então zagueiro coxa Edinho Baiano (que já encerrou a carreira) desceu de helicóptero no campo de treino alviverde para cantar e entregar presentes do Dia dos Namorados. Coincidência ou não, assim como agora, era uma semana de clássico, um Atletiba que foi vencido pelo Coxa. Desta vez, o palco foi o Couto Pereira – e, assim como há dois anos, ninguém imaginava o que ia acontecer quando o carro preto entrou pelo portão reservado às ambulâncias.

Desceu do veículo uma moça, que leu cartas do filho Marcos Vinícius e da esposa Jacqueline para Marquinhos. Depois, declarações de amor, queima de fogos e até abertura de espaço para declarações dos jogadores. ?Parabéns e vamos logo com essa brincadeira?, disse Renaldo. ?Você é uma pessoa muito importante para todos e vai nos ajudar muito?, elogiou o capitão Reginaldo Nascimento, sob aplausos de jogadores, dirigentes, comissão técnica e funcionários – sim, pois o Alto da Glória parou para ver e ouvir a mensagem.

Marquinhos, entre emocionado e surpreso, agradeceu (inclusive as flores que recebeu). ?Quero dizer que eu fico muito feliz em saber do carinho que vocês têm por mim. E o presente vocês vão me dar no sábado?, afirmou, citando o jogo com o Paraná. ?É legal, porque o aproxima da gente?, comentou Nascimento. ?Bonito, e muito bom para deixar o pessoal mais feliz?, resumiu o técnico Cuca.