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Enquanto jogadores corriam para abraçar
Lopes, parte da torcida vaiava.

O Coritiba, que encantou seus torcedores na temporada 2003, voltou a campo ontem, quando a equipe, jogando no esquema que o credenciou à Libertadores deste ano, dominou o Vitória e aplicou a maior goleada do time no Brasileirão 2004. Jogando para 1.543 testemunhas, o Alviverde venceu o Vitória, da Bahia, por 5 a 1, em ritmo de treino.

Com o resultado, o Coritiba alcançou 57 pontos. Mas não pôde comemorar um grande avanço na tabela, pois seus principais adversários na luta por uma vaga na Copa Sul-Americana também venceram – casos de Ponte Preta (1×0 no Criciúma), Figueirense (2×1 no Atlético-MG) e Fluminense (3×2 no Cruzeiro). Somente o Inter (que perdeu para o São Paulo por 2×1) se deu mal na rodada, mas segue à frente do Alviverde, com um ponto a mais na tabela.

Já o Vitória, com a combinação de resultados, passou a ocupar a 21.ª posição, voltando à zona de rebaixamento, prejudicado pela derrota do Palmeiras para o Flamengo (2×1). Os baianos somam 48 pontos.

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O jogo

A partida de ontem foi uma das melhores do Coritiba no Campeonato Nacional deste ano. Jogando de forma coordenada, e explorando as laterais do campo, o time do técnico Antônio Lopes, vaiado pela torcida (veja matéria abaixo) não tomou conhecimento do Vitória.

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Nos primeiros movimentos, o Coxa até sofreu alguns sustos, mas logo foi tomando conta da situação, e criando oportunidades. Não demorou muito para abrir o placar: Ricardinho, destaque do Coxa, colocou a bola na área, Tuta ajeitou com o peito e Flávio chutou. A bola tocou na trave e entrou.

A torcida se dividiu entre aplaudir Flávio e protestar contra o técnico alviverde, engrossando o coro de "fora Antônio Lopes" quando o zagueiro foi abraçar seu treinador.

Mantendo a cadência, o Coritiba ampliou aos 30. A jogada nasceu dos pés de Reginaldo Nascimento. O zagueiro recuperou uma bola na defesa, deu um drible de corpo na marcação e tocou no meio para Ricardinho. O meia avançou e tocou na corrida para Tuta. O matador saiu em velocidade, invadiu a área, driblou Juninho e fez 2 a 0. O Vitória esboçou uma reação, mas somente em cobrança de falta de Cléber, que Douglas operou segura defesa.

No intervalo, Evaristo de Macedo trocou o inoperante Leandro por Magnum. O resultado foi visto logo nos primeiros movimentos, quando a equipe baiana entrou "elétrica" em campo. E foi justamente Magnum que chutou em direção ao gol, mas a bola desviou na mão de Miranda. Pênalti que Edílson cobrou e converteu, reduzinho a desvantagem baiana.

A alegria do Vitória durou pouco. Refeito do susto, o Coxa viu brilhar seu bem armado setor direito. Capixaba trocou passes com Rafinha, e cruzou na medida para Tuta, de cabeça, fazer 3 a 1.

O gol desnorteou o Vitória, que abriu caminho para a goleada. Adriano, que já era um dos destaques da equipe, pegou uma bola na intermediária, foi driblando um, dois, três quando passava pelo quarto, foi derrubado por Marcelo Heleno. Pênalti que Alemão converteu.

Logo depois, num contra-ataque rápido, outro pênalti. Dessa vez Alex Silva empurrou Alemão. Miranda se apresentou, cobrou e decretou o quinto gol coxa.

Torcida organizada faz boicote contra o treinador

Protesto: ato de protestar, reclamação, queixa. O significado da palavra, encontrada no dicionário Aurélio, foi a ação escolhida pela Império Alviverde e outras organizadas do Coritiba. Ontem, capitaneada pelo seu presidente, Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, a famosa Império Alviverde, uma das mais apaixonadas e barulhentas torcidas do Sul do Brasil, realizou um protesto inusitado: não compareceu na arquibancada do gol situada na curva de entrada do estádio Couto Pereira. Foi a primeira vez, em 27 anos de existência, que a organizada não acompanhou um jogo do Coritiba no Couto Pereira.

Apenas alguns dos seus integrantes entraram no espaço reservado, com a missão de pendurar faixas de protesto contra o técnico Antônio Lopes, o "grande responsável", na opinião das organizadas, pela pífia campanha alviverde no Brasileirão 2004. O protesto fez do imponente estádio um gigante de cimento, em meio a pouco mais de 1.500 torcedores.

Papagaio, no entanto, revelou que o protesto era pacífico. "Nossa intenção era apenas mostrar nossa insatisfação com a atual comissão técnica, que está aí há um ano, ainda não definiu um time titular e até agora nosso time ainda não apresentou um padrão de jogo", argumentou o presidente da organizada.

Lembrando ainda que a idéia não era impedir a entrada de torcedores, convocou os simpatizantes do Alviverde a não comparecer, mas de maneira pacífica.

Papagaio deixou claro ainda que o protesto é apenas contra a comissão técnica. "Nós acreditamos que o presidente (Giovani Gionédis) está fazendo um bom trabalho. Mas esta comissão técnica já provou que não serve para o Coritiba. O protesto é para alertar a diretoria que queremos um 2005 melhor, desde que o Lopes não esteja no comando técnico. E cada derrota vai gerar um protesto maior", argumentou Luiz Fernando Corrêa.

Tuta foi outro alvo da torcida. Quando marcou o segundo gol, alguns torcedores chegaram a vaiar o jogador. Outros, no entanto, aplaudiram. Mas o principal sintoma que o centroavante não deverá continuar no Alto da Glória no ano que vem foi ao marcar seu segundo gol no jogo, o terceiro da goleada contra o Vitória. O "matador" simplesmente não comemorou o gol.

CAMPEONATO BRASILEIRO
43.ª Rodada
Gols: Flávio, aos 16? e Tuta, aos 30? do 1.º tempo; Edílson (pênalti), aos 2?; Tuta, aos 9?; Alemão, aos 16? e Miranda, aos 18? do 2.º.
Árbitro: Wilson Luís Seleme (SP)
Assistentes: Marcelo C. Van Gasse (SP) e Emerson Augusto de Carvalho.
Cartões amarelos: Cléber, Flávio, Marcelo Heleno, Alex Silva e Arivelton.
Público: 815 pagantes (1.543 total)
Renda: R$ 10.070,00

Coritiba 5 x 1 Vitória

Coritiba: Douglas; Miranda, Flávio e Nascimento; Rafinha, Capixaba (Ataliba), Roberto Brum, Ricardinho e Adriano (Reginaldo Vital), Tuta e Alemão (Guilherme). Técnico: Antônio Lopes.
Vitória: Juninho; Alexa Santos, Marcelo Heleno e Alex Silva; Xavier, Sandro, Arivelton, Cléber e Edílson; Obina (Rafael) e Leandro (Magnum). Técnico: Evaristo de Macedo