Francisco Stuckert/Jornal de Brasília |
O Santo André cumpriu sua parte e venceu o América-RN, mas o time de Bonamigo foi incompetente e acabou com sonho da Série A pra torcida alviverde. continua após a publicidade |
Não teve macumba, ?trabalho?, reza brava ou mala preta que desse jeito… De forma melancólica o Coritiba deu adeus às chances de voltar à elite do futebol brasileiro após o empate por 1×1 com o Gama, ontem, em Brasília. Na rodada decisiva, o Santo André até ajudou, ?parando? o América-RN, mas o time de Paulo Bonamigo e Giovani Gionédis não fez a sua parte. Fracassou diante da imperícia de seus atacantes, num jogo que foi espelho da trajetória do Alviverde ao longo de todo o segundo turno.
O Coritiba entrou em campo dependendo não apenas de seu resultado, mas de uma combinação pouco provável. Assim que a bola rolou, a cabeça do torcedor coxa ficou ainda mais conturbada. Afinal, como um time que precisava desesperadamente de gols atuava daquela forma? Apático, o Coxa foi facilmente envolvido pelo Gama, que só cumpria tabela na rodada e entrou em campo sem o seu artilheiro. Vanderlei, com uma lesão, foi vetado no vestiário, pouco antes da partida.
Caio até desperdiçou uma chance, mas era o Gama quem dominava as ações. Paralelamente a isso, o Paulista iniciava uma goleada histórica sobre o Paysandu. Mas, nem a informação de que o Santo André vencia o América potiguar ?acordou? o time paranaense. Aos 21 minutos, Thiaguinho abriu o placar, escorando – e livre de marcação – um cruzamento da direita. ?Está muito quente. Mas, isso não serve de desculpa. Temos que voltar com tudo no segundo tempo?, avisava Caio. O atacante só esqueceu de calibrar a pontaria.
Com Rodrigo Batatinha, o Coritiba prometia uma postura mais agressiva. Única saída diante do quadro desesperador. Só que apenas atacar não bastava e então o que se viu foi uma total falta de capacidade para mandar a bola para as redes. E dos dois lados. Logo no início da fase complementar, Kléber impediu o segundo gol do Gama.
Mas, em se tratando de gols perdidos, ninguém superou Caio. Além da chance desperdiçada no primeiro tempo, foram mais três oportunidades reais, concluídas pela linha de fundo ou nas mãos do goleiro.
A 12 minutos do final, Índio empatou, driblando o goleiro e tocando para o gol vazio. Mas foi pouco. De nada adiantou a pressão final, nem com André Nunes nem com Marlos. O Coritiba se rendeu à sua fragilidade técnica. Quase levou o segundo gol com Fábio Oliveira (Kléber salvou) e viu o jogo seguir até o apito final de Álvaro Azeredo Quelhas.
Um empate frustrante e que selou a sorte coxa em uma temporada onde o resultado de campo, mais uma vez, foi reflexo fiel da sua administração.
Bona culpa política do clube
?Trabalhamos em campo minado.? As palavras do técnico Paulo Bonamigo e do capitão Índio deram o tom do ambiente do Coritiba. O treinador deixou claro que há uma grande divisão política (chegou a citar sub-divisões), que faz do clube um verdadeiro barril de pólvora. ?Não é fácil trabalhar assim. Afeta a todos, até mesmo os jogadores, pois se cria um clima de ansiedade?, disse Bonamigo, sem entrar em detalhes sobre o seu futuro.
?Agora, é muito difícil pensar nisso. Acreditava no resultado, mas não deu?, comentou. Para Bonamigo, não faltou empenho ao time. ?No segundo tempo, todos se doaram, correram atrás do resultado, mas não foi suficiente.? O treinador lamentou muito a seqüência de lesões, fato que atrapalhou a montagem de um time mais eficiente. ?Não conseguimos montar um time base.
O Ânderson Gomes, por exemplo, fez muita falta?, afirmou.
Na sua avaliação, o período crítico do Coritiba foi o início do segundo turno, em setembro. ?Ficamos um mês sem vencer. Num campeonato por pontos corridos, onde o que vale é a regularidade, isso faz a diferença?, disse Bonamigo. Para o zagueiro Índio, autor do gol de empate, havia muitas pessoas torcendo contra o sucesso do Coritiba. ?Quem ficou foi forte, pois a cobrança foi fora do comum. Nós demos a cara pra bater?, disse o experiente jogador, num claro tom de despedida.
Nenhum dirigente deu entrevistas após o jogo.
O presidente Gionédis sequer passou pelo vestiário. Capitão Hidalgo disse apenas que a diretoria irá se pronunciar em Curitiba, sendo que a delegação retorna hoje.
CAMPEONATO BRASILEIRO
SÉRIE B – 37ª RODADA
GAMA 1×1 CORITIBA
GAMA
Éverton; Márcio Goiano, Gilvan, Bruno Lourenço e Anderson Mineiro; Jean (Marcelo Goianira), Juninho, Zé Maria (Beto) e Thiaguinho; Fábio Oliveira e André Borges (Wendel).
Técnico: José Galli Neto.
CORITIBA
Kléber; Henrique, Índio e Leandro; Andrezinho (André Nunes), Márcio Egídio, Luciano Santos (Rodrigo Batatinha), Cristian (Marlos) e Ricardinho; Caio e Hugo.
Técnico: Paulo Bonamigo.
SÚMULA
Local: Mané Garrincha (Brasília).
Árbitro: Álvaro Azeredo Quelhas (MG).
Assistentes: Alessandro Rocha (FIFA-BA) e Alexandre Santos Conceição (MG).
Renda: R$ 4.600,00.
Público: 417 pagantes (601).
Gols: Thiaguinho a 21° do 1º tempo. Índio a 33° do 2º tempo.
Cartões amarelos: Fábio Oliveira, Márcio Goiano, Marcelo Goianira, Anderson Mineiro (Gama). Índio, Henrique, Márcio Egídio (Coritiba).