Coritiba faz o Carnaval em Francisco Beltrão

“Foi bom te ver outra vez / tá fazendo um ano / foi no Carnaval que passou…”. Sorte daqueles que terão a oportunidade de ouvir a eterna “Máscara Negra”, de Zé Kéti e Hildebrando Pereira Matos, nos próximos dias. Ou os sambas-enredo das escolas cariocas, ou mesmo alguns dos sucessos da música baiana. Para os jogadores do campeonato paranaense, isso será impossível, graças à decisão da Federação de ?atravessar o samba? e atropelar o Carnaval.

O campeonato paranaense será, talvez, o único do País a ter rodada no domingo de Carnaval. E, por causa da falta de datas, já está previamente marcado o início da segunda fase para a quinta-feira. Isso quer dizer que os jogadores de pelo menos doze times (os que vão se classificar) perderão a mais popular festa do País. “Fazer o quê? A gente tem que pensar que vai ter outros carnavais”, resume o atacante Luís Mário.

No Coritiba (que joga amanhã, às 15h30, contra o Beltrão, no estádio Anilado), a correria é ainda maior, porque seria necessário jogar na quinta para ganhar tempo de preparação para o jogo do dia 4 de março com o Rosario Central, pela Copa Libertadores. “Até aceitamos jogar no meio da semana, porque acaba sendo interessante”, confessa o vice-presidente Domingos Moro, um dos que também foi prejudicado com a rodada de domingo – como chefiará a delegação coxa para Beltrão, não conseguirá ir para o Rio a tempo de desfilar pela Beija-Flor.

Os jogadores, apesar de conformados, estão chateados com a situação. Quando se fala em Carnaval no CT da Graciosa, eles ficam apenas observando a conversa, preferindo apenas ouvir as lembranças e até mesmo as antigas marchinhas que inevitavelmente são entoadas no período. “É a nossa profissão, escolhemos jogar futebol. Nessas horas, a gente fica chateado, mas tem que tocar em frente”, afirma o capitão Reginaldo Nascimento.

Para não aumentar a decepção, os alviverdes lembram – como diz Nascimento -que a vida de jogador é assim mesmo. “Já joguei em sábado de Carnaval, em quarta-feira de Cinzas, até me acostumei com essa história”, comenta o goleiro Fernando. A última experiência dele no Carnaval foi em 2002, quando já estava no Alto da Glória. “Jogamos em Pelotas pela Copa Sul-Minas na sexta, e voltamos no dia seguinte. Tínhamos quatro dias de folga, e só lembro de ter que encarar um engarrafamento na estrada para chegar a Santa Catarina”, conta.

E Fernando não abandona sequer a hipótese de a delegação ficar pelo interior, caso a estréia na segunda fase aconteça por lá. “É uma possibilidade, nós temos que estar preparados para isso”, diz, com certo desânimo. Mas essa hipótese nem é discutida pela diretoria. “Nós temos um jogo de Libertadores na outra semana, por isso já encaminhamos para a Federação o pedido para estrear em casa”, avisa Domingos Moro. Melhor para quem pensa em pelo menos um dia de folia. “Se tivermos esse tempo, temos que aproveitar, mas com responsabilidade, porque há muito pela frente nessa temporada”, finaliza Luís Mário.

Adriano reconhece a má fase

“Eu não reclamo das vaias, porque realmente não estou bem. Preciso recuperar meu jogo.” Ouvir isto de um jogador de futebol é normal, até porque a vários deles reconhecem maus momentos. Mas quando um jovem, de apenas 18 anos, toma a atitude de desabafar, é porque pode se sentir a maturidade chegando. Adriano, a maior promessa do Coritiba, nos últimos anos, não esconde que vive talvez a sua pior fase técnica desde que chegou ao time profissional.

O ápice dessa ?crise? aconteceu no jogo de terça, contra o Olimpia, pela Libertadores. Adriano foi vaiado em quase todo o segundo tempo, com torcedores chegando a dizer que “a seleção fez mal para ele”, citando a passagem do lateral no time campeão mundial sub-20. Dentro de campo, ele até tentava, mas as coisas não davam certo. “Teve um hora que eu fiquei livre para cruzar, olhei para a área e mandei para fora. Não posso fazer uma coisa dessas”, reconhece.

Adriano vive um momento delicado na carreira. Rapidamente ele conquistou espaço no futebol nacional, e hoje é considerado um dos principais laterais-esquerdos do País. O título mundial sub-20 e as participações na seleção pré-olímpica atraíram a atenção do futebol europeu – no início do ano, houve o interesse real de um clube alemão. Em contrapartida, ele teve pouco tempo para descansar: depois do Mundial, o jogador voltou aos treinos no Cori, sofreu uma lesão e só agora recupera a melhor forma.

E esse desgaste de jogos sucessivos (pouco mais de um ano sem paradas) atinge Adriano. “Não vou dizer que estou mal preparado, porque fiz a pré-temporada. Mas o cansaço realmente prejudica, e eu venho de uma temporada bem desgastante”, conta o lateral, que, no entanto, não pretende usar isso como justificativa. “Mas eu realmente não estou bem, não estou conseguindo repetir as atuações que tive nos últimos anos”, diz.

E é aí que Adriano quer chegar. “Preciso descobrir o que está acontecendo, pois isso não é bom para mim nem para o Coritiba”, confessa o lateral, que ainda segue sendo uma das principais armas alviverdes – inclusive para o jogo de amanhã contra o Beltrão. “Espero conseguir me recuperar logo, para que eu volte a ser o Adriano que todo mundo conheceu”, finaliza.

Time perde dois titulares amanhã

“Ai, a bruxa vem aí / e não vem sozinha / vem na base do saci”. A velha marcha de Sílvio Santos serviria para ?animar? a tarde de sexta no CT da Graciosa. O técnico Antônio Lopes perdeu seus dois principais jogadores para a partida de amanhã, às 15h30, contra o Beltrão, no estádio Anilado. Sem Igor e Luís Mário, o Coritiba mostrou dificuldades na criação, e até por isso o treinador não definiu o time – que, na nona partida em 2004, terá a nona formação.

O problema de Luís Mário (torção no joelho) era conhecido desde quinta, mas ontem os médicos decidiram vetá-lo. “Ele ainda está com muitas dores, e é melhor mantê-lo fazendo recuperação”, explica o médico Walmir Sampaio. Com dificuldades até para andar, o “Papaléguas” fica de fora pela segunda vez no ano. “Eu queria jogar, mas seria muito complicado”, resume.

Igor também tem problemas no joelho. “Na partida contra o Olimpia, eu sofri uma falta e o cara acabou caindo por cima de mim. Eu tentei me resguardar para o treino, mas acabei sentindo”, conta o armador, que pouco participou do trabalho tático que antecipou o coletivo. “Para mim seria muito importante jogar, porque quero me entender o mais rápido possível com meus companheiros”, lamenta.

No lugar de Luís Mário, vai jogar Josafá. “Ele tem características semelhantes às do Luís, porque tem técnica e sabe jogar pelo flanco direito do campo”, justifica Lopes. Na vaga de Igor, a disputa fica entre Tiago Santos (que treinou ontem) e Eder, que deve ser o escolhido – o treinador prefere usar do entrosamento do ex-titular.

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