Agora é com eles. O Coritiba enfrenta hoje o Botafogo, às 20h30, no estádio Luso-Brasileiro (na Ilha do Governador) sabendo da necessidade de um resultado positivo. A equipe atravessa o pior momento técnico no Campeonato Brasileiro e uma derrota aproxima perigosamente
o time da zona de rebaixamento. Já a vitória coloca a equipe de novo na briga por uma vaga na Copa Sul-Americana. E os jogadores perceberam que serão eles os responsáveis pela recuperação – ou não – da equipe.
Apesar da irregularidade na competição, o Cori contou com a ajuda da sorte em muitas rodadas, pois mesmo derrotado não caía de posição. Mas a série de quatro derrotas, combinada com os resultados do meio de semana, colocou o time na pior posição na tabela, a quatro pontos da degola e a seis da Sul-Americana. ?Acho que não podemos mais ficar esperando que outros nos ajudem. Chegou a hora da gente recuperar o Coritiba. Aqui há qualidade e nós temos condições de vencer as partidas?, argumenta o meia Rodrigo Batata, que começa jogando pela segunda vez no Brasileiro (ver matéria).
O pensamento de Rodrigo é o mesmo do restante do elenco, que apesar da série negativa passou uma semana mais calma, fruto da atuação contra o Atlético – apesar da derrota no clássico, o time teve o melhor rendimento no segundo turno. ?É só o grupo manter a tranqüilidade, porque capacidade para voltar a vencer a equipe tem de sobra?, garante o técnico Antônio Lopes Júnior, que comanda o Cori pela segunda vez e uma vitória pode prolongar, sem traumas, seu período de interinidade.
Ele acredita que o rendimento no Atletiba pode ser o sinal da recuperação. ?Nós sabemos que não vivemos um bom momento, a situação é perigosa, mas podemos virá-la para nosso lado?, afirma Lopes Júnior, fiado no que vem acontecendo durante o Brasileiro. ?O Vasco saiu na quarta de um período de oito partidas sem vencer, o Paysandu embalou com três vitórias depois de ficar o campeonato inteiro na zona de rebaixamento. Nosso momento ruim também está passando?, garante o treinador.
E a hora é mais que propícia. O jogo desta noite marca o confronto com uma equipe também em crise, que será pressionada a vencer e pode sentir a necessidade – história parecida com a do Coxa quando joga no Couto Pereira. ?A gente tem que saber aproveitar as oportunidades quando elas aparecem?, diz o zagueiro Anderson. ?E não dá mais para pensar em outro resultado. Chegou a hora?, completa outro zagueiro, Vagner. Até porque a água já passou da cintura para o Coxa no Brasileiro. ?Dizer que a água bateu no umbigo para a gente, neste momento, é até bom?, finaliza Anderson.
Lopes Júnior tem que quebrar a cabeça
Antônio Lopes Júnior está começando a carreira de treinador em uma equipe grande – antes de ser auxiliar técnico do Coritiba, trabalhou no Olaria e no Bangu. E o aprendizado não é fácil: para esta partida contra o Botafogo, ele vive o mesmo drama que seu pai, Antônio Lopes, e Cuca já passaram. São seis jogadores fora da equipe, todos eles importantes.
E, um pouco por isso, um pouco por esconder o jogo, ele ainda não definiu o time.
Já há tempos sem poder contar com Flávio, o Cori também não terá esta noite o capitão Reginaldo Nascimento, os meias Luís Carlos Capixaba, Jackson e Marquinhos (este afastado do futebol até junho do ano que vem), e os atacantes Maia e Marcelo Peabiru. Na cabeça de Lopes Júnior todos
são titulares da equipe. ?É uma pena que isso aconteça. Dependesse de mim, o time que foi para o Atletiba seria a nossa base. Mas com os problemas, é necessário remontar a equipe?, reconhece o técnico interino.
Na defesa, ele só faz a alteração necessária. Vagner volta a ocupar a quarta-zaga, depois de ter sido barrado pelo treinador no clássico da semana passada. As modificações mais profundas aparecem do meio para frente. Se nas duas funções defensivas do meio-campo não há trocas (são mantidos Márcio Egídio e Humberto), dali em diante só Caio permaneceu no time.
E não se pode dizer quem é que formará ao lado do armador – que tanto pode jogar no ataque ou no meio. Após trabalhar por toda a semana com a mesma equipe, Lopes Júnior surpreendeu e fez várias alterações no último coletivo. E deixou tudo no ar, apesar de dizer que, de dúvida mesmo, só entre Tiago e Renaldo. ?Eu não sou de ficar escondendo o jogo. Se eu tivesse o time escalado, diria para vocês. Mas eu ainda tenho alguma coisa para pensar?, confessa.
Pelo que se viu – e se ouviu – a tendência é da escalação de Rodrigo Batata (garantido com qualquer variação) e Caio no meio, e um centroavante ao lado do novato Anderson Gomes, que faria sua estréia no time profissional. Mas, se Lopes Júnior preferir a formação mais entrosada, Anderson sairia para a entrada de Élton, com Caio jogando na frente.
E quem será o centroavante? Tiago está na frente na disputa, mas Renaldo (que permanece sem dar entrevistas) treinou muito bem nos últimos dias e pode ser a grande surpresa do Coritiba na Arena da Ilha.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Luso-Brasileiro (Rio de Janeiro-RJ)
Horário: 20h30
Árbitro: Wallace Nascimento Valente (ES)
Assistentes: Alfonso Scarpati (ES) e Marcos Antônio Moreira Collodetti (ES)
BOTAFOGO X CORITIBA
Botafogo
Lopes; Rogério Souza, Rafael Marques, Émerson e Bill; Jonílson, Diguinho, Glauber e Ramón; Alex Alves e Caio. Técnico: Celso Roth
Coritiba
Douglas; James, Anderson, Vagner e Ricardinho; Márcio Egídio, Humberto, Rodrigo Batata e Élton (Anderson Gomes); Caio e Tiago (Renaldo). Técnico: Antônio Lopes Júnio