E agora, o que fazer? O Coritiba voltou ao Brasil com mais uma derrota nas costas e sem saber o que fazer para recuperar-se na Libertadores. São necessárias três vitórias nos três jogos que restam, e mesmo assim seria provável que o time ficasse na repescagem, terminando o grupo 9 na segunda posição. Antes disso, porém, há o jogo contra o Francisco Beltrão, amanhã, às 18h30, no Couto Pereira.
Ainda em Rosario, percebia-se a desolação nos rostos dos dirigentes e do técnico Antônio Lopes, apesar da posição comum de o Cori ter jogado bem. “Sem dúvida foi a nossa melhor atuação na Libertadores”, comentou o vice-presidente Domingos Moro. “No segundo tempo, nós massacramos o Central”, reiterou Lopes. “Ainda temos chances, e vamos buscar a classificação”, completou o presidente Giovani Gionédis.
Em uma avaliação mais aprofundada, entretanto, os ?cabeças? do Coxa sabem que a situação na Libertadores é desesperadora – e que a equipe ainda segue falhando muito. “No primeiro tempo, nós erramos demais no setor defensivo, deixamos nosso adversário jogar”, afirmou o treinador alviverde. “Nosso momento é muito complicado. A classificação está difícil”, reconhece Domingos Moro.
E partiu do vice-presidente a declaração mais enigmática dos últimos tempos no Coritiba. Instado a comparar a má participação na Libertadores com a série de partidas sem vitórias do brasileiro do ano passado, Moro reconheceu que a história agora é diferente. “Os momentos são distintos, só motivação não vai resolver”, afirmou. Quando perguntado qual seria o ?remédio?, ele preferiu se esquivar. “É melhor não falar”.
Mas, percebe-se que, a partir de agora, a cobrança ao trabalho de Antônio Lopes e aos próprios jogadores será maior. E, ao mesmo tempo, a diretoria fará uma autocrítica. “Acho que nós ainda não estamos totalmente preparados. Montamos o elenco no decorrer das competições, estamos evoluindo, mas ainda falta muito. E precisamos acertar o que há de errado”, resumiu Moro.
Descanso
A comissão técnica do Coritiba decidiu suspender o treino da tarde de ontem. “Os jogadores estão muito cansados, todos estão cansados”, justificou Domingos Moro. O único treino antes do jogo de amanhã acontece hoje, às 10h, no CT da Graciosa. O técnico Antônio Lopes não terá Luís Mário, que deixou o jogo contra o Rosario Central com dores na coxa direita, passou por um exame ontem mas, com qualquer resultado, já foi previamente vetado pelo departamento médico. Adriano e Luís Carlos Capixaba devem ser poupados, pelo desgaste das últimas partidas.
A expectativa (até porque Aristizábal cumpre suspensão automática) é pela participação de Tuta, que está recuperado de uma lesão no joelho, desde o início. “Estou me preparando para isso para jogar os noventa minutos”, comenta o centroavante. Ricardo, na lateral-esquerda, e Eder, no meio-de-campo, devem fechar a formação do Cori.
Um tratamento de primeira classe
O Gigante de Arroyito já é, em tese, passado para o Coritiba. Mas os torcedores e jornalistas que foram ao estádio do Rosario Central na quinta conheceram um novo método de ver e encarar o futebol. Os torcedores “canalhas” não pararam um minuto sequer, impressionando mesmo os que estavam pendendo para o outro lado. Eram quarenta mil vozes a transformar o estádio em um palco de Libertadores – da forma que todos nos acostumamos a ver.
Antes da partida, filas imensas, dando voltas no estádio. E, esperando para entrar, os argentinos já cantavam (“Soy canalla! Sou canalla!”) de forma que o estádio, mesmo vazio, sentisse a vibração deles. Ao ocuparem seus lugares, preparavam o “esquenta”, como se fossem integrantes de uma bateria de escola de samba.
Durante o jogo, quem estava no gramado não conseguia se ouvir – nem conversar com as pessoas que estavam ao lado. “É uma sensação incrível. A torcida toma conta do estádio”, comenta o jornalista Rogério Tavares, da RPC. Para quem estava nas arquibancadas, outra surpresa. “É um cenário totalmente diferente do que temos no Brasil. O espetáculo é interessantíssimo”, elogia o presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, que esteve em Rosario.
Quando o Central abriu vantagem, entrou em campo a típica ?catimba? argentina. Os jogadores começaram a cair no gramado, os gandulas sumiram com as bolas, e o técnico Miguel Angel Russo tentou ?apitar? o jogo – tanto que acabou sendo expulso pelo árbitro uruguaio Gustavo Mendez. O ?plano? surtiu efeito, e o Coxa segue sem vitória na Libertadores.
VIP
Torcedores e jornalistas receberam atenção total do Rosario Central e da polícia local. “O atendimento que nós tivemos no nosso espaço, e na entrada do estádio, foi espetacular”, comenta o médico curitibano Paulo Mercer, que esteve nos dois jogos do Cori fora de casa. A diretoria do Coritiba já estuda meios para facilitar a vida dos argentinos que vierem a Curitiba para o jogo de quarta, às 19h30, no Alto da Glória.