Coritiba estuda como estancar a queda

O Coritiba vive o seu período mais difícil dentro do campeonato brasileiro. A equipe, que chegou à liderança da competição, perdeu quatro dos últimos cinco jogos, e agora está em nono lugar, necessitando da vitória no clássico de sábado contra o Atlético para conseguir a retomada no torneio. E também para evitar que a campanha se assemelhe à realizada pelo Paraná no ano passado, time também comandado por Paulo Bonamigo.

No Brasileiro de 2001, o Paraná foi a grande surpresa da competição até a metade do campeonato. As vitórias contra adversários de peso, como Botafogo, Flamengo, São Paulo e Cruzeiro, levaram o Tricolor a permanecer entre o grupo dos oito melhores por um bom tempo, mas depois o time caiu de produção, terminando a competição longe da possível classificação.

Mas para Bonamigo as semelhanças entre o Paraná de 2001 e o Coritiba de 2002 não existem – se existe, apenas em um fator. “Nós tivemos naquele campeonato muitos problemas clínicos, e perdemos jogadores importantes”, afirma o técnico alviverde, que também lamenta o fato de quase todos os titulares do Cori sofrerem com lesões. “Apenas o Lúcio Flávio e o Fernando não tiveram problema algum”, diz. “Houve dias em que fui conversar com o elenco e quando vi só tinha dezenove jogadores”, conta o treinador.

De resto não há como comparar as campanhas, garante Bonamigo. “O Paraná decaiu na metade da competição, e o Coritiba ainda tem grandes chances de classificação. Essa é uma diferença fundamental”, aponta o treinador. Ele acredita que os problemas do Cori nos últimos jogos se devem às dificuldades táticas da equipe. “A gente atuou de um forma diferente das nossas características”, resume.

Esse “desequilíbrio tático” apontado por Bonamigo é confirmado pelos jogadores. “A gente joga bem na defesa mas não acerta no ataque e vice-versa. Aí, mesmo jogando bem, acabamos perdendo, como aconteceu contra o Juventude”, diz o zagueiro Picolli. “Passamos por um momento de desequilíbrio”, afirma Reginaldo Nascimento, que deve ser a novidade da equipe no clássico. Atletas e treinador, contudo, refutam a possibilidade de instabilidade emocional no elenco. “Eles estão mostrando em todas as partidas que não estão jogando sem vontade”, garante Bonamigo.

Concentração já começou ontem

A medida prática prometida pelo secretário Domingos Moro aconteceu. Os jogadores do Coritiba estão, a partir da noite de ontem, em regime de concentração. E não é apenas para a partida contra o Atlético, mas para todo o restante da primeira fase do campeonato brasileiro. É a primeira atitude visando a recuperação da equipe na competição, dentro do chamado “mutirão alviverde”.

O elenco se reuniu no hotel Vernon e lá ficará, sem término determinado. “Não será um enclausuramento”, adverte Domingos Moro. “Os jogadores terão folgas durante esse tempo, mas sempre retornando direto para a concentração”, completa o técnico Paulo Bonamigo. Vinte e oito atletas estão participando do ?mutirão?, entre eles os ainda lesionados Reginaldo Nascimento e Genílson.

Dentro do hotel serão realizadas atitudes isoladas em alguns setores do elenco. “É o momento para cuidarmos da alimentação, do descanso dos jogadores. E também para conversar muito, para buscarmos algumas respostas. Será muito produtivo”, garante Moro, um dos artífices da super-concentração.

O processo de concentração foi bem recebido pelos jogadores. “Qualquer iniciativa que for tomada agora será importante. O momento de agir é agora, porque depois pode não adiantar”, afirma o zagueiro Picolli. (CT)

Reginaldo volta mas não aceita ser “salvador”

Ele garante que volta. “Pode ter certeza que eu jogo”, diz Reginaldo Nascimento, considerado pelo técnico Paulo Bonamigo como ‘imprescindível’ no atual esquema do Coritiba. Depois de cinco jogos de ausência (nos quais a equipe conseguiu apenas um empate), o volante-zagueiro deve ser a principal novidade coxa no Atletiba. Mas, apesar dos elogios, Nascimento não se acha tão importante para o time, conforme disse ao repórter Cristian Toledo..

Paraná-Online

– Você joga contra o Atlético?

Reginaldo Nascimento

– A vontade é enorme e a confiança é ainda maior. Das outras vezes eu tentava, a força de vontade era grande, mas eu tinha um pouco de receio. Agora não, estou confiante e tenho certeza que vou jogar no sábado.

Paraná-Online

– Você é considerado imprescindível no esquema do Coritiba. Você acha que faz tanta falta ao time?

Reginaldo

– Eu sei da minha importância para o grupo, assim como cada um aqui é importante. E eu não acredito que a minha saída tenha causado a série de derrotas. Considero que houve um desequilíbrio, alguma coisa que nós precisamos detectar, mas não acho que tenha sido por minha ausência que essas coisas tenham acontecido. Se você lembrar, o Juventude também passou por um momento sem vitórias no Brasileiro, e depois se recuperou. Agora precisamos conversar e atender o que o Bonamigo nos pede para que o nosso projeto para o jogo dê resultado.

Paraná-Online

– Os jogadores conversam para entender o que está acontecendo? Vocês tiraram alguma conclusão?

Reginaldo

– A gente imagina que sejam algumas coisas internas, que a gente tem procurado resolver dentro do elenco, e é lógico que quando você enfrenta dificuldades, temos que lembrar que jogamos contra equipes fortes. O que nos conforta é que estamos jogando bem, com regularidade. Mas sabemos que só isso não resolve a nossa situação, por isso precisamos de um resultado positivo.

Paraná-Online

– O que representa este Atletiba de sábado?

Reginaldo

– A gente sabe da importância o jogo tem, principalmente pelo que cerca o clássico – ainda mais na situação que as duas equipes enfrentam. Temos consciência do que precisamos, onde temos que melhorar e do que vai acontecer se perdemos o jogo. Só peço que seja um jogo bom dentro de campo, com marcação mas sem violência, porque o temor que tenho é esse. Com essa situação que enfrentamos agora nos dois times, é grande o risco das coisas descambarem para a violência. (CT)

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