Reta final de campeonato paranaense é sempre assim -com as mirabolantes fórmulas, as decisões ficam para jogos de ida e volta, os famosos "mata-matas". Então, o Coritiba fica envolvido em duas competições eliminatórias, já que também disputa a Copa do Brasil. Para seguir em frente nas batalhas, o técnico Antônio Lopes espera que o time siga evoluindo, principalmente no jogo de amanhã, às 15h30, contra o Iraty, no Estádio Emílio Gomes.
O Delegado está satisfeito com a melhora do time nas últimas partidas. "Se a gente pensar que este grupo tem dificuldades, que jogou quase sempre fora de casa, viajou bastante e teve que encarar partidas complicadas em seqüência, estamos muito bem", comenta o treinador. "Nós melhoramos o rendimento ofensivo, estamos marcando mais gols e chegando mais à meta adversária. E estamos mantendo a qualidade defensiva, tanto que temos a defesa menos vazada do paranaense", avalia.
A série de "mata-matas" é encarada com naturalidade pelo técnico do Coxa. "Nós estamos aprendendo a jogar partidas eliminatórias. Além disso, o Coritiba tem qualidade para passar pelos desafios", garante Antônio Lopes. "Nós entendemos o que é necessário para se classificar em partidas desta natureza", concorda o capitão Reginaldo Nascimento. Além da série com o Iraty (amanhã e domingo, quando o jogo será no Pinheirão), os alviverdes têm pela frente o Treze da Paraíba, pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil – os jogos ainda não foram marcados pela CBF.
Se a forma de disputa não preocupa, o adversário imediato impõe respeito. "O Iraty é um grande time, disputou com o Atlético toda a primeira fase, e não chegou às semifinais à toa. Precisamos do máximo de cuidado", avisa o Delegado, que no entanto não pensa em jogar cautelosamente em Irati para tentar decidir em casa. "A nossa obrigação é jogar bem e vencer sempre. É assim que vamos atuar", assegura.
Mas todos esperam dificuldades contra o Azulão. "Nunca tivemos vida fácil contra eles", lembra Nascimento – certamente pensando na única derrota coxa na campanha do bicampeonato, um 2×1 aplicado pelo Iraty em pleno Alto da Glória. "Vai ser uma disputa complicada, mas confio na nossa qualidade", finaliza o capitão coxa.
Flávio na zaga. Mas Fernando vira dúvida
Para justificar a atual formação do Coritiba, Antônio Lopes diz que Márcio Egídio evoluiu muito nos últimos meses e que, na zaga, Reginaldo Nascimento é um dos melhores do Brasil. E como o Delegado faria sem Egídio? Iria manter a forma de jogo que mais o agrada? Ou adotaria um estilo mais convencional? Esta dúvida não existe mais, com a confirmação de Flávio. Mas o problema imediato está no gol.
Fernando, o goleiro menos vazado do Paranaense, pode ser a grande ausência do Coritiba na primeira partida da semifinal contra o Iraty. Ele sentiu dores na coluna e não treinou ontem. Segundo o departamento médico, se o jogo fosse hoje, Fernando estaria vetado. ?Ele precisa de tempo para se recuperar?, analisa o chefe do DM alviverde, Lúcio Ernlund. O goleiro viaja para Irati, mas Douglas está de sobreaviso.
No resto do time, Antônio Lopes não faz muito mistério. Ontem, ele realizou um coletivo em campo reduzido, tentando ?recriar? o estádio Emílio Gomes no CT da Graciosa. Nesta movimentação, o Delegado colocou Flávio na defesa e Reginaldo Nascimento no meio-campo, montando o Coxa com um 4-4-2 ortodoxo. Assim, o time ganha em poder de marcação em comparação à outra opção, que teria Pepo como primeiro volante.
A intenção é cuidar das jogadas ofensivas do Iraty (o melhor ataque do Paranaense), que faz das jogadas aéreas uma prioridade. E, ao mesmo tempo, formar uma estrutura mais experiente, com Flávio, Nascimento, Luís Carlos Capixaba e Marquinhos. ?Não vejo problemas, porque o time está entrosado, com alterações ou não?, explica o Delegado. O Cori para enfrentar o Azulão conta com Douglas; Rafinha, Miranda, Flávio e Rubens Júnior; Reginaldo Nascimento, Luís Carlos Capixaba, Marquinhos e Rodrigo Batatinha; Marciano e Nunes.
PM reforça segurança 4 vezes
O sargento Norival Hermes Prestes, que costuma chefiar a segurança em jogos no estádio Emílio Gomes, em Irati, acredita que pelo menos cem policiais estarão trabalhando na partida entre Iraty e Coritiba, amanhã, pela semifinal.
?Normalmente trabalho com 25 homens, mas num jogo destes o cuidado é redobrado e a Polícia Militar busca oficiais em Ponta Grossa. Até o comando vem de lá?, informa Norival.
Norival diz que só hoje vai saber quantos policiais estarão em ação no dia seguinte. Uma de suas preocupações é ser informado de quantos torcedores virão de Curitiba. ?Falam em doze ônibus, mas acho que vem menos, porque é um dia útil. Quando o Atlético esteve aqui da última vez (em fevereiro) falaram em cinco ônibus e só apareceu um. Felizmente, não houve problema algum?, diz.
Os dois casos mais graves envolvendo torcidas em Irati ocorreram em 1994 e em 1998. No primeiro, o Iraty, voltando à primeira divisão, recebeu o Coritiba e houve uma briga no gramado e na arquibancada, envolvendo as duas torcidas.
Mas ele presenciou também a segunda tragédia, quando alguns torcedores do Atlético colocaram fogo num posto de gasolina. ?Agora, vamos reforçar a segurança também fora do estádio, escoltando os ônibus do Coritiba até a saída da cidade?, reforça.