O Coritiba entra em campo hoje para enfrentar o São Paulo e derrotar muita coisa nesta 25.ª rodada do campeonato brasileiro.
Vai tentar derrotar o campeão da Libertadores, que vem subindo na competição – ganhou na quarta o clássico com o Corinthians. Vai tentar derrotar a desconfiança alheia, que ainda perpassa a trajetória alviverde. Vai tentar derrotar os próprios ?fantasmas? da ansiedade e da pressão de jogar no Couto Pereira (a partida inicia às 18h10). E vai tentar derrotar seu adversário mais constante: a irregularidade.
Este "rival" acompanha o Coxa desde a temporada passada. Desde os tempos de Antônio Lopes o time não consegue uma seqüência positiva de resultados, e este ano o sofrimento é maior – além de não ter vitórias seguidas, o rendimento anímico da equipe varia jogo a jogo. A boa partida contra o Palmeiras, com atitude e força, seguiu o fracasso da derrota para o Santos. "E contra o Fortaleza nós fomos bem, lutando o tempo inteiro", lembra o técnico Cuca.
Por causa desta irregularidade, o Coritiba tem dificuldades para atuar em casa. Não porque a torcida não apóie – pelo contrário, a previsão é de casa cheia hoje, após a venda antecipada de oito mil ingressos até a tarde de sexta-feira. Por ter a força das arquibancadas e a necessidade de vencer, o Cori acaba se lançando desordenadamente à frente, deixando espaços perigosos para os adversários. Decorrência disso é a perda de treze pontos em onze partidas no Alto da Glória. "Nós temos que jogar com mais calma, e esperamos que nosso torcedor entenda isso", comenta o capitão Reginaldo Nascimento, que volta ao time hoje.
Os problemas aumentam quando o adversário é de São Paulo. O Coxa é tratado no maior centro do futebol brasileiro como time sem possibilidades de chegar mais longe no campeonato. As críticas da imprensa paulista irritaram os jogadores alviverdes. O zagueiro Flávio chegou a desabafar após o jogo com o Palmeiras, dizendo que o elenco estava sendo menosprezado. "Eles falaram isso porque nos viram contra Santos e Corinthians", minimiza o técnico do Cori.
Mas todos sabem que a melhor resposta a ser dada é a do campo. Ainda mais com o desafio que é enfrentar um time como o São Paulo. "É uma equipe excelente, que ganhou a Libertadores e agora está em alta novamente", comenta Cuca. E o Coxa está pronto para a luta. "Estamos preparados para conseguir um resultado positivo", garante o centroavante Renaldo. "O torcedor pode ir ao campo confiando que todos vão fazer o máximo para buscar a vitória", finaliza o treinador alviverde.
Cuca espera Autuori e esconde a escalação
O mistério vai imperar no Alto da Glória. Empenhado em tentar descobrir antecipadamente a escalação do São Paulo, o técnico Cuca esconde a escalação e, principalmente, a estratégia que o Coritiba vai adotar na partida das 18h10. Preocupado com os alas do adversário, o treinador pensa em mudar a estrutura da equipe, da defesa ao ataque.
Cuca não pode trabalhar o quanto queria para o jogo desta tarde. "Não há tempo. Os jogadores estão desgastados pelo jogo complicado que tiveram no Palestra Itália e precisam de descanso", explica. Houve apenas um rápido trabalho tático na manhã de ontem no Couto Pereira.
Assim, não se pôde ver com profundidade o que o técnico planeja. Mas é certo que o time que enfrentou o Palmeiras será modificado para o confronto contra o São Paulo. Um retorno assegurado é o de Reginaldo Nascimento, mas não se sabe onde ele vai jogar – um dos mistérios que ficarão guardados até o momento do time entrar em campo é se o capitão coxa vai voltar como terceiro zagueiro ou como volante, ao lado de Peruíbe.
Cuca também aguarda para definir como montará seu sistema ofensivo. De certo, a manutenção de Capixaba na armação e a presença de Renaldo na frente. Caio está escalado, mas ainda sem função decidida. Daí sairia a outra dúvida do Coxa. Cuca levou, além de Caio e Capixaba, cinco armadores e atacantes, e todos têm chances de começar a partida com o Tricolor paulista. Seria surpresa a escalação de Alcimar, Rodrigo Batata ou Souza – este, muito elogiado pelo técnico. Os que lutam pela posição são Marciano e Jackson, com vantagem para o último, que já é titular. Mas a má jornada do meio-campista na quinta pode influir na decisão. (CT)
Cicinho é a esperança do São Paulo no Couto
Giuliano Villa Nova
São Paulo (AE) – É difícil, mas o lateral-direito Cicinho garante: mesmo já tendo firmado compromisso com o Real Madrid, da Espanha, sua atenção está totalmente voltada para ajudar o São Paulo a se recuperar no campeonato brasileiro. O jogador, que só se apresenta ao clube europeu em janeiro, é peça fundamental no time de Paulo Autuori, que tenta bater o Coritiba no Couto Pereira e dar mais um passo para fugir da zona do rebaixamento. "Sei que vou jogar na Espanha, mas só a partir de janeiro", lembra. "Estou separando as coisas e por enquanto só quero ajudar o São Paulo no brasileiro."
Cicinho jura que nem os dias em que esteve na seleção brasileira com Ronaldo, Roberto Carlos e Robinho, futuros companheiros de Real Madrid, mexeram com sua cabeça. "Eles brincaram comigo, me chamaram de galáctico e parabenizaram pela contratação", contou. O lateral ficou no banco de reservas na goleada sobre o Chile (5 a 0) e jogou por alguns minutos no empate com o Sevilla (1 a 1), mas diz que já pôde sentir o peso de ser um "galáctico". "Um dia, fui passear por Sevilha com o Ricardo Oliveira, e alguns torcedores espanhóis me reconheceram, pediram autógrafos", contou. "Mas não assinei meu nome em nenhuma camisa do Real", assegura.
Escape
Com o retorno de Cicinho diante do Coritiba, o São Paulo poderá usar uma de suas principais armas: as jogadas pela lateral-direita. O recurso deve ser importante, especialmente pela maneira como o adversário joga, com forte marcação no meio-campo. "Os times paranaenses têm a característica de congestionar muito o meio-campo", comenta Cicinho. "Contra o Paraná (na goleada por 4×0), enfrentamos um adversário bastante fechado e conseguimos explorar bem as jogadas pela direita. Espero que dê certo de novo."
Depois dos bons resultados obtidos nas últimas rodadas, Cicinho está otimista com o futuro da equipe e entende que é importante manter o bom desempenho para chegar com moral ao Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro. "É desgastante ser campeão paulista e da Libertadores e apenas lutar para não cair", observou. "Se continuarmos vencendo, teremos tranqüilidade para disputar e tentar vencer o Mundial."
Além de Cicinho, o São Paulo terá de volta o zagueiro Lugano e o volante Josué, que cumpriram suspensão. O zagueiro Fabão, o lateral-esquerdo Júnior e o atacante Amoroso, com o 3.º cartão amarelo, não atuam. Richarlyson substitui Júnior e Danilo e Souza lutam por vaga no meio-campo. Apesar das alterações que será obrigado a fazer, Autuori não perde a calma. O treinador não está preocupado pelo fato de Cuca, técnico do Coritiba, já ter dirigido boa parte do elenco são-paulino. "Por mais que o técnico conheça os jogadores, nada supera a capacidade individual dos atletas em campo", observa.
CAMPEONATO BRASILEIRO
CORITIBA X SÃO PAULO
Coritiba: Douglas; James, Flávio, Vágner e Ricardinho; Reginaldo Nascimento, Peruíbe, Luís Carlos Capixaba e Jackson (Marciano); Caio e Renaldo. Técnico: Cuca
São Paulo: Rogério Ceni; Cicinho, Edcarlos, Lugano e Richarlyson; Renan, Josué, Mineiro e Danilo (Souza); Diego Tardelli e Christian. Técnico: Paulo Autuori
Súmula
Local: Couto Pereira
Horário: 18h10
Árbitro: Alício Pena Júnior (FIFA-MG)
Assistentes: Marco Antônio Martins (FIFA-MG) e Guilherme Dias Camilo (MG)
