Foto: Orlando Kissner/O Estado |
O capitão Reginaldo Nascimento volta ao time do Coritiba em BH. |
A vitória sobre a Ponte Preta aliviou um pouco o sofrimento do Coritiba, mas não diminuiu a dificuldade. Com uma rodada totalmente desfavorável, a equipe ainda está na zona de rebaixamento, com os mesmos dois pontos de diferença, para São Caetano e Figueirense, do final de semana. E, nas contas dos matemáticos, os 50% de possibilidade de rebaixamento – que também significam 50% de possibilidade de escapar da degola. Quer dizer, no momento o Coxa tem as mesmas chances para ir para o céu ou para o inferno.
O alento alviverde é o fato de depender apenas das próprias forças – vitórias sobre Atlético-MG (amanhã, às 16h, no Mineirão) e São Caetano tiram o time do perigo. E ainda pode contar com uma mãozinha de Atlético-PR e Paraná, que enfrentam amanhã, São Caetano e Flamengo, respectivamente.
Atingindo 51 pontos, o Cori chegaria à pontuação que todos os matemáticos prevêem que seja a necessária para escapar do rebaixamento. Além disso, seriam dois resultados que segurariam dois adversários diretos. Com os 2×0 sobre o Fluminense, o Galo de Lori Sandri voltou a sonhar com a fuga da zona perigosa.
Mesmo sabendo disso, os coxas preferem não pensar em contas e possibilidades. ?Estamos indo passo a passo. Contra a Ponte, demos o primeiro e a caminhada ainda é longa?, reflete o goleiro Douglas. ?Precisamos estar focados no que vai acontecer agora. E o momento é de enfrentar o Atlético-MG. Vamos correr muito e lutar por uma vitória, que será muito importante para a gente?, completa o zagueiro Vágner, herói da vitória de quinta.
A figura usada por Douglas é adotada por outros jogadores, com alguma variação. ?Estamos subindo os degraus, a vitória sobre a Ponte foi só o primeiro. Agora, temos que pensar no próximo, que é o Atlético?, afirma o zagueiro Anderson. O técnico Márcio Araújo aprova este posicionamento. ?É melhor, porque se eu chegar para os jogadores e falar que eles precisam vencer todas, eu jogo toda a pressão em cima deles?, justifica.
O pensamento é o mesmo para a batalha do Mineirão. ?A gente sabe o que precisa. Precisamos vencer, e claro que vamos buscar o resultado a todo momento?, avisa o treinador.
Quebra-cabeça na mão
Márcio Araújo confessa. ?Eu ainda não pensei em como montar o time?. Isto porque o treinador do Coritiba tem dois retornos – os titulares Flávio e Reginaldo Nascimento. E como apenas um jogador está fora (Peruíbe, suspenso), ele tem que arrumar o quebra-cabeça alviverde para a batalha do Mineirão com o Atlético. A tendência é que Flávio fique no banco de reservas.
O técnico diz que ele pode escalar o Coxa de duas maneiras. ?Eu posso escalar com três zagueiros, e aí o Flávio joga, ou manter o time que jogou, mexendo o mínimo possível. Mas eu posso dizer que o Nascimento vai jogar?, afirma Márcio, que está propenso a apenas sacar Peruíbe e colocar o capitão como primeiro volante, mantendo o restante da equipe que venceu a Ponte Preta – Maia, outro que poderia entrar, segue vetado e nem viaja para Belo Horizonte. Certa também é a escalação de Ricardinho, que só não começou jogando porque estava debilitado por conta de problemas estomacais.
Caso prefira voltar ao 3-5-2 (uma formação mais cautelosa para o início do jogo com o Galo), Flávio entraria na vaga de James, com Jackson passando para a ala-direita.
Alcimar não quer sair do time
Ele só queria uma nova oportunidade. E Alcimar não a desperdiçou. Depois de ser apontado como uma das esperanças do Coritiba neste Brasileiro e ser relegado a um segundo plano durante a competição, o meia-atacante foi um dos destaques da equipe na vitória de quinta sobre a Ponte Preta e enfim pode ter a seqüência de jogos que esperava desde que chegou do Ceará, em abril.
O jogador foi a grande surpresa que Márcio Araújo pregou minutos antes do jogo com a Macaca. Ele entrou com a orientação de dividir a aproximação ao ataque com Caio e com a ordem de chutar de média e longa distância, aproveitando o gramado molhado. ?Que bom que deu certo, porque ele disse que confiava em mim e que eu ia provar que tinha lugar no time?, comenta Alcimar, festejando sua melhor atuação com a camisa coxa.
Ele atuou em poucas partidas até agora, quase todas elas entrando no segundo tempo.
O jogo de quinta foi o segundo em que ele foi titular – o primeiro foi contra o Santos. Alcimar vinha de uma boa atuação, tendo marcado um gol contra o Fortaleza. Mas ele não foi bem na Vila Belmiro, e acabou esquecido pelo então técnico Cuca.
A opinião naquela época era que o meia não tinha condições de ser titular, que no máximo serviria como opção para o decorrer das partidas. E Alcimar não esconde a mágoa daquele momento. ?Na época do Cuca, pensei em ir embora?, confessa o jogador. ?Eu ficava abatido porque o Cuca não me relacionava para alguns jogos, mas minha família dizia para eu ter paciência. Eu estava impaciente, achando que não teria outra chance?, completa.
Esta oportunidade só apareceu agora, no período mais complicado do Coxa na temporada. ?Muita gente teve chances antes, eu tenho que aproveitar a minha desta vez?, afirma Alcimar, que sabe da pressão do momento. ?Nesta hora não dá para fugir da briga, tem que se mostrar que é homem?, avisa ele, que dedicou o gol e a vitória coxa aos ?chegados?. ?Tudo que faço é para minha família, que me deu a força que eu precisava nas horas mais felizes?, finaliza.
Giovani agora foi intimado
Continua o mistério. O presidente do Coritiba, Giovani Gionédis, não compareceu ontem para depor ao auditor Rubens Approbato Machado, do STJD. Gionédis foi convidado para esclarecer as declarações da última quinta-feira, quando afirmou que foi procurado por pessoas que se ofereceram para subornar jogadores de outros clubes, em benefício do Coxa.
A denúncia de Gionédis foi feita durante o I Congresso Nacional de Justiça Desportiva, que terminou ontem, em Curitiba. Luiz Zveiter imediatamente determinou abertura de inquérito.
Approbato pretendia ouvir Gionédis ontem, quando estava em Curitiba, participando do congresso. ?Ele foi convidado, mas não veio depor. Agora ele vai ser intimado para ir ao tribunal, no Rio de Janeiro?, disse o auditor do STJD à Tribuna. A data do depoimento deve ser marcada na semana que vem.
Gionédis diz que não tem nada a esconder e que, se for intimado, irá depor. ?Não tem problema nenhum. Tive problemas no me escritório e não pude ir hoje (ontem)?, afirma, mas sem esclarecer quem teria feito a oferta e como se daria o acerto. ?Não vou me pronunciar sobre isso. O tribunal que avalie o que eu falei.?