Marco Brito ganha chance de
fazer apresentação de gala e
calar a boca dos críticos.

Se o Coritiba é considerado um ?azarão? no campeonato brasileiro, é por causa da desconfiança dos grandes centros. Ainda mais no Rio de Janeiro, onde poucos acreditam na capacidade dos clubes do Sul – e notadamente não gostam do estilo de jogo praticado por aqui. Hoje, às 20h30, o Coxa tem uma chance de jogar essa pecha para o alto e provar mais uma vez que tem condições de ser campeão.

É certo que o Rio de Janeiro é tão ou mais bairrista que São Paulo. De tanto olhar para o próprio umbigo, acabam cometendo erros crassos – o Coxa foi chamado de Curitiba na edição de ontem do jornal O Globo. E quem não faz sucesso por lá e aparece em outros centros é tachado de ?refugo?, quando a apreciação é mais serena.

Esse comentário foi feito sobre três titulares do Coritiba no jogo desta noite. O termo ?refugo? foi usado para definir Roberto Brum, Odvan e Marco Brito, que ganha a chance de começar jogando porque Marcel está suspenso. Mesmo não gostando muito, o técnico Paulo Bonamigo sabe que isso serve de combustível para que os três mostrem bom futebol. “Eles têm a consciência de que precisam jogar muito. E eu acho que eles vão fazer isso, para provar que estão bem e têm qualidade para estar em qualquer lugar”, comenta o treinador alviverde.

É o mesmo pensamento para o posicionamento sobre o time coxa. Importantes analistas cariocas classificam o Coritiba como uma equipe “modesta” – e Bonamigo até arrisca uma explicação. “Quando eles olham a nossa escalação e não vêem nomes conhecidos, acabam pensando dessa forma”, diz o técnico. Para ele, é mais uma forma de agitar o elenco. “Nós sempre temos que provar alguma coisa. Só vão parar de duvidar da gente no final do Brasileiro, e se conseguirmos ficar entre os primeiros”, avisa.

Para o Cori, não basta mais apenas ficar entre os primeiros. De “presente de aniversário” para Bonamigo (que completou terça, 43 anos), o título nacional passou a ser a prioridade do pensamento alviverde. “Nós temos que manter esse objetivo”, confirma Ceará. “Por isso que vamos ao Rio para buscar a vitória. Não podemos nos afastar dos líderes, e se possível temos que tirar alguns pontos da diferença”, completa o lateral-direito.

Ainda mais porque seria a comprovação do bom momento – o Cori só perdeu uma partida nas últimas quatorze rodadas, e está invicto há sete jogos. E seria a primeira vitória coxa no Rio este ano – apesar de não ter perdido para times cariocas. “São números interessantes, mas temos que pensar em cada jogo. E temos que estar totalmente concentrados nesse jogo contra o Vasco, que é importante no nosso planejamento”, resume Bonamigo.

Jogando no erro do adversário

Bonamigo mantém a palavra. Mais uma vez o Coritiba chega ao dia do jogo sem dúvidas, com a formação definida. A única peça que poderia alterar seus planos sequer seguiu para o Rio de Janeiro – o lateral-esquerdo Adriano ainda se recupera de uma lesão muscular na coxa, e foi vetado para a partida desta noite contra o Vasco. Com isso, abre-se nova chance para Lira, que fez sua única partida como titular no brasileiro passado justamente contra o Vasco – e justamente em São Januário.

Com uma contratura muscular na coxa esquerda, Adriano não reuniu condições nem para fazer uma avaliação em campo. “O local está dolorido, e eu não consigo ficar com o corpo apoiado na perna. Está difícil até para andar”, conta. Apesar de tal situação, o médico Walmir Sampaio garante que o lateral enfrenta o Paysandu no domingo. “Até lá ele vai se recuperar”, afirma.

Para Lira, o final de semana ainda está distante. O pensamento dele é de aproveitar esta oportunidade, mesmo que reconheça que o time muda com ele em campo. “O Adriano é um cara que joga em velocidade, além da técnica que tem. Eu não tenho essa explosão, e conto com a ajuda dos meus companheiros para suprir a ausência dele”, comenta. Lira é mais técnico, e com isso o Coritiba ganha em composição tática no meio. “Nós não podemos perder a nossa característica, e acho que isso não vai acontecer”, garante Bonamigo.

O treinador, por sinal, exige um time ?prático? em São Januário. Ele até abre mão do controle tático da partida, se for o caso. “Jogamos lá ano passado, dominamos o tempo inteiro e acabamos perdendo. Então não adianta ficar sempre com a posse de bola. Prefiro que o time esteja compacto e saiba aproveitar as chances que vai ter”, explica. Contribui para isso a dificuldade na transição entre defesa e ataque vista desde a saída de Tcheco.

Por isso o treino tático de ontem, que visou basicamente a saída em velocidade e as jogadas de contra-ataque. “Nós precisamos usar as armas que temos”, resume o treinador. Uma delas será o lateral Ceará, que terá mais liberdade para apoiar Edu Sales pela direita. “Eu já estava mais solto nas últimas partidas, mas agora posso ir mais vezes para a linha de fundo”, confirma.

Marco Brito assume a responsabilidade

Marco Brito já se acostumou. Ele teve algumas chances como titular do Coritiba no campeonato brasileiro, e sempre foram em jogos complicados. Autor do gol da primeira vitória coxa na competição, o centrovante reaparece hoje, e em um lugar que conhece bem. No Rio de Janeiro, enfrentando o Vasco, Marco tem a chance de mostrar que pode ser mais que a sombra de Marcel no elenco alviverde.

Até porque quando foi contratado, Marco Brito teria Marcel como sombra. Os papéis se inverteram, e hoje o centroavante titular é o principal valor individual do Coritiba na competição, lutando inclusive pela artilharia do brasileiro. Mas a boa fase alviverde começou nos pés de Marco, que fez o único gol do triunfo sobre o Figueirense. “É bom saber que eu pude ajudar desde o início do campeonato”, comenta.

Em outras partidas complicadas, o centroavante deixou sua marca, como na vitória sobre o Atlético-MG. Um jogo fora de casa como o de hoje, isso não o impressiona. “Acho que quem tem a responsabilidade de marcar gols não pode sentir a pressão dos jogos”, comenta Marco, que aposta na frieza para vencer a defesa vascaína.

A última partida de Marco Brito como titular foi na rodada final do primeiro turno, frente ao Fortaleza. Depois desse jogo, Marcel melhorou sua média e se tornou uma estrela na companhia alviverde. Mesmo assim, o atacante não esconde a vontade de usar o jogo desta noite para entrar de novo na briga pela posição. “Acho que todo atleta quer jogar, e eu não sou diferente. E se eu ajudar o Coritiba, sei que posso ter novas chances no futuro”, finaliza.

CAMPEONATO BRASILEIRO
2º TURNO – 32ª RODADA
Local: São Januário
Horário: 20h30
Árbitro: Cléber Wellington Abade (SP)
Assistentes: Adriano Augusto Lucas (SP) e Dante Mesquita Júnior (SP)

VASCO
X
CORITIBA

VASCO
Fábio, Alex Silva, Wescley, Henrique, Edinho, Da Silva, Igor, Rubens, Moraes, Régis, Edmundo. Técnico: Mauro Galvão

CORITIBA
Fernando, Ceará, Odvan, Edinho Baiano, Lira, R. Nascimento, Roberto Brum, Jackson, Lima, Edu Sales, Marco Brito. Técnico: Paulo Bonamigo

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