Coritiba encara Adap como “final antecipada”

Se forem analisados os números, a partida de hoje (20h30, no Couto Pereira) entre Coritiba e Adap é uma “final antecipada” do grupo D do campeonato paranaense, apesar de apenas a primeira rodada da segunda fase. As duas equipes foram as que mais pontuaram (16 para o time de Campo Mourão, 14 para o Coxa) entre as seis que estão na chave, sendo portanto os dois cabeças-de-chave. Para os alviverdes, é a chance de iniciar bem a fase e, principalmente, manter a ascensão das últimas partidas.

É um dos jogos com mais atrativos deste paranaense para a torcida coxa, o último em Curitiba antes da viagem para a Argentina, onde o Cori enfrenta o Rosario Central na próxima quinta, e conta com a estréia confirmada de Aristizábal (ver matéria), que entrará no segundo tempo. Para completar, é, em tese, o adversário mais forte do interior, que conta inclusive com o ex-Coxa Souza, o artilheiro do campeonato até agora.

O técnico Antônio Lopes sabe da importância da partida, e da dificuldade que o Coritiba terá a partir de agora. “Mudou a fase, passaram aqueles que tiveram competência. E naturalmente serão jogos mais difíceis”, diz. Com uma campanha apenas regular na primeira fase (quatro vitórias, dois empates e uma derrota), o Coxa tem como objetivo claro terminar essa fase na ponta, para ter ao menos vantagem nas semifinais. Na final, só se o Atlético não for o adversário.

Para “facilitar” a vida alviverde, a federação paranaense adaptou a tabela coxa na segunda fase aos confrontos da Libertadores em março, são dois jogos contra o Rosario, próxima quinta e no dia 10. Entre essas duas partidas, o Coxa atua ou no Couto Pereira ou perto de Curitiba (caso de domingo, quando vai a Paranaguá enfrentar o Rio Branco). Só depois do torneio sul-americano há uma viagem mais longa, para Londrina.

O que mostra que, depois de um início onde até se pensava em colocar time misto em algumas partidas, o Coritiba volta a pensar seriamente no bicampeonato paranaense. “Nós não estamos priorizando nenhuma competição. Quando a gente entra em um campeonato, temos que pensar em ganhar sempre”, resume Lopes. “Qualquer jogador pensa em ganhar títulos. E a gente sabe que é importante para o nosso torcedor ganhar o campeonato estadual”, completa o atacante Luís Mário.

Mas não se esperam facilidades na fase, e principalmente no jogo desta noite. “Vai ser uma partida complicada. Nosso adversário foi o melhor do outro grupo, e vai nos impor dificuldades”, acredita Antônio Lopes. “Se conseguirmos uma vitória, e jogarmos bem, vamos provar que o time está melhorando”, acrescenta Luís Mário. “Vai ser um passo importante para conseguirmos a classificação”, completa Reginaldo Nascimento.

Enfim, Aristizábal vai jogar. Depois de quase dois meses de treinamento e de recuperação de uma artroscopia no joelho direito, o atacante fará hoje sua estréia no Coritiba. Uma estréia diferente, já que ele ficará no banco de reservas e entrará apenas no segundo tempo. Mas já poderá acabar com a expectativa que envolve sua contratação, a mais cara da temporada no futebol paranaense.

Expectativa que não deixa de passar pelo próprio Aristizábal. “Eu estou como se fosse começar a jogar. É como se eu voltasse a ser criança”, resume o atacante, que tem 32 anos e estréia na sua quinta equipe no futebol brasileiro. “Acho que estou assim porque faz muito tempo que não jogo, e a cada instante eu fico mais ansioso”, confessa o jogador.

Ari não joga desde o dia 14 de dezembro do ano passado, quando o Cruzeiro sacramentou o título brasileiro com uma vitória de 7×0 sobre o Bahia. Dias depois, ele passou pela intervenção no joelho – enquanto repousava na Colômbia, Coritiba, Santos e o próprio Cruzeiro se engalfinharam pela contratação do atacante. Quando foi apresentado, ele não completara um mês de operação.

Dali em diante, foi uma luta para conseguir recuperar-se. Não foi possível no tempo previsto – quando chegou, Aristizábal pensava em jogar na segunda partida alviverde na Libertadores, contra o Olimpia. Agora, ele faz sua primeira partida ainda sem a condição ideal. “Eu não sei quanto tempo vou agüentar. Só vou descobrir com o tempo”, afirma.

Para o técnico Antônio Lopes e os jogadores, é um acréscimo e tanto de qualidade. “Nós estamos colocando no time um atleta de muitas virtudes”, diz o treinador. “Ficamos felizes em ter um jogador como ele. É um recomeço de vida, e nosso pensamento é dar todo o apoio possível para que ele renda tudo que pode render”, finaliza o meiaÍgor.

No dia 13 de dezembro do ano passado, o Coritiba se classificou para a Copa Libertadores da América. No bolo de jogadores que festejou a vaga, estava Souza. Dois meses depois, o meia está na Adap de Campo Mourão, clube que detém seus direitos. Hoje, às 20h30, no Couto Pereira, o jogador reencontra o alviverde, numa das partidas que abre a segunda fase do campeonato paranaense.

Este baiano revelado no Santo André (SP) é o artilheiro do estadual, com oito gols. O fato de ser o artilheiro do campeonato Souza compartilha com seu atual treinador, Lorival Santos, ex-assistente-técnico do Corinthians. “Ele me coloca mais avançado. Além disso, aqui o time joga pra mim”, declara o meia, de 27 anos, que nunca foi goleador de torneio algum.

Questionado sobre o porquê de não ter ficado no Coxa, Souza desconversa. “Não sei se houve interesse. Ninguém me falou nada”, responde. Mas diz que não guarda mágoas de nada.

O técnico Antônio Lopes confirmou que falta muito pouco para o torcedor alviverde conhecer o time-base para a temporada 2004. Um esboço dele será conhecido hoje, principalmente quando Aristizábal entrar. Mas a formação definitiva só virá quando Ari e Tuta estiverem jogando – e fisicamente prontos para agüentar noventa minutos.

Isso confirma que os outros titulares da equipe – à exceção, inicialmente, de Laércio – são os que vão enfrentar a Adap. Inclusive Ataliba, que volta ao time principal depois de uma boa participação contra o Francisco Beltrão. Pepo, mesmo recuperado das dores no joelho, fica no banco, enquanto Roberto Brum sequer foi relacionado para a concentração. Falta a ele Aristizábal e Tuta – este, segundo o técnico, joga alguns minutos da partida de domingo contra o Rio Branco. “Ele precisa ganhar ritmo logo”, resume. Mas Lopes não abre o jogo quando perguntado como escalaria o time quando o “quadrado” estiver inteiro. “Vamos deixar isso para a hora certa”, avisa.

A hipótese mais provável é a adaptação de Luís Mário ao meio-de-campo, com Ari e Tuta na frente. Isso provocaria uma “dança das cadeiras”, intimamente ligada a Luís Carlos Capixaba – ele ocuparia uma das primeiras funções do meio, como marcador, ou se transformaria em lateral-direito (ou mesmo ala, em um esquema com três zagueiros). “Estou à disposição para o que o professor Lopes precisar”, diz o armador.