Alemão entrou no 2.º tempo,
mas Váldson não deu moleza.

Se nos últimos jogos do Coritiba o clima era de desolação, após o empate em 0x0 com o Corinthians, sábado, o ambiente do Pacaembu mostrava resignação. Desta vez, ninguém reclamou do resultado com ênfase, já que o time nada fez que justificasse uma vitória. Nem mesmo a fraca arbitragem de Washington José Alves de Souza serviu para esconder o óbvio: com o rendimento apresentado pelo Coxa em São Paulo, não se pode pensar em mais nada no Campeonato Brasileiro.

E, por incrível que pareça, o Coritiba ainda não desistiu. “Enquanto a matemática nos der chances, nós vamos buscar. Temos ainda dez jogos pela frente”, comentou o zagueiro Miranda, o melhor jogador em campo. Mas se antes do jogo contra o Timão as possibilidades eram remotíssimas, agora elas são apenas protocolares. Nas contas da própria comissão técnica alviverde, seriam necessários 28 pontos nos 30 que o Cori vai disputar. Isto é, nove vitórias e um empate em dez jogos.

“Esse resultado complicou demais nossa situação”, resumiu o centroavante Tuta, com mais serenidade. A frustração do empate vinha daí, da necessidade que se tinha da vitória. “A gente sai muito chateado, porque sabemos que dava para vencer”, disse o volante Ataliba. “Viemos para São Paulo pensando apenas em ganhar o jogo”, afirmou Aristizábal. “Nós não achamos empate um bom resultado. Queríamos ter vencido”, atirou o técnico Antônio Lopes, quando perguntado pela imprensa paulista se o 0x0 tinha sido interessante para o Coxa.

Apesar do momento de irritação, o Delegado não reclamou da atuação do time, mesmo considerando que o Coxa não rendeu o necessário para vencer o jogo. “Achei que não faltou criatividade, nem competência. É que do outro lado havia um time que marcou muito, nós tivemos dificuldade em sair dessa marcação”, disse Lopes, que preferiu não comentar os excessos de individualismo do ataque alviverde.

Como qualquer jogo truncado, houve faltas, e os corintianos reclamaram do jogo bruto do Coritiba. Perguntado, Lopes partiu de novo para o ataque. “Acho interessante quando falam isso. Ninguém aqui em São Paulo comenta que o bandeirinha marcou três impedimentos inexistentes, quando estávamos na cara do gol. Os cartões que ele aplicou para o Coritiba estavam certos, mas ele não teve o mesmo critério com o Corinthians. E as faltas que ele não deu a nosso favor? O Corinthians tem que agradecer aos céus pela escalação do juiz e desse bandeirinha”, reclamou o Delegado, citando o assistente Gilbert Ferreira Costa.

Resultado só poderia terminar sem gols

Num jogo sem graça, onde até a arbitragem foi ruim, Corinthians e Coritiba não saíram do zero a zero, sábado, no Pacaembu. Com times poucos inspirados e recorrendo a fortes sistemas de marcação, o resultado não poderia ser outro. “Ninguém fez nada que justificasse um gol”, confirmou o técnico Antônio Lopes. Frustração para os dez mil corintianos que estiveram no Pacaembu e preocupação para o torcedor coxa, que só espera o término da competição e a reformulação do grupo para 2005.

O jogo não foi sequer linear. Nos primeiros movimentos, aproveitando a desatenção da marcação do Coritiba, os donos da casa foram para o ataque e, com menos de cinco minutos, já havia finalizado três vezes. Uma delas com perigo, quando Alberto girou de perna esquerda para a defesa de Fernando. Pouco depois, foi a vez de Reginaldo Vital levar perigo a Fábio Costa. Ele carimbou a trave em um chute de fora da área. O cartão de visitas indicava um jogo ofensivo. Ledo engano. A partir daí, as defesas se ajustaram e na mesma proporção os ataques reduziram o ritmo.

Tite teve ainda que trocar Alberto por Jô e nem mesmo a correria de Gil foi suficiente para o Corinthians. Do outro lado, Aristizábal e Tuta pouco pegavam na bola e a partida se resumia a bolas divididas no meio-de-campo. Os treinadores admitiram que a marcação deu o tom da partida e que faltou criatividade às duas equipes. No segundo tempo, então, Antônio Lopes e Tite fizeram novas mudanças, mas os atacantes ou não conseguiam o domínio, ou erravam nas finalizações.

A arbitragem amazonense merece capítulo à parte. Washington José Alves de Souza apitou sempre muito distante dos lances e exagerou nas faltas – principalmente contra o Coritiba – e nos cartões amarelos. Sem o mesmo critério, não puniu os jogadores do Corinthians com o mesmo rigor. Num lance que resume bem esta questão, Anderson agarrou Alemão pelo calção, aos 38 minutos do segundo tempo, e o árbitro nada marcou. Pior do que o juiz, somente o assistente Gilbert Ferreira Costa, que assinalou impedimentos inexistentes do ataque coxa. Em um desses erros, Aristizábal “livrou a cara” do bandeira, pois, da marca penal, conseguiu “isolar” a bola, chutando por cima do travessão.

CAMPEONATO BRASILEIRO
36ª Rodada
Em campo
Local: Pacaembu (São Paulo-SP)
Árbitro: Washington José Alves de Souza (AM)
Assistentes: Gilbert Ferreira Costa (AM) e Raimundo Arruda de Oliveira (AM)
Cartões amarelos: Filipe Alvim (COR); Roberto Brum, Rafinha, Miranda e Márcio Egídio (CFC)
Renda: R$ 145.165,00.
Público: 10.154 pagantes (11.617)

Corinthians 0x0 Coritiba

Corinthians
Fábio Costa; Anderson, Váldson e Betão; Édson (Coelho), Fabinho, Rosinei, Renato (Alessandro) e Filipe Alvim; Gil e Alberto (Jô). Técnico: Tite

Coritiba
Fernando; Rafinha (Márcio Egídio), Miranda, Flávio e Adriano; Ataliba, Roberto Brum, Reginaldo Vital e Ricardinho (Alemão); Tuta e Aristizábal (Alexandre Fávaro). Técnico: Antônio Lopes

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