Coritiba e Iraty proporcionaram um grande espetáculo de futebol aos pouco mais de quatro mil e quinhentos torcedores que se dispuseram a ir ao Pinheirão ontem à tarde, para acompanhar a segunda partida da semifinal do campeonato paranaense de 2005. O resultado, no entanto, foi prejudicado por uma arbitragem equivocada de Evandro Rogério Romann, que influenciou no resultado.
O mediador cometeu diversos erros ao longo da partida e conseguiu sair de campo com a unanimidade: alviverdes e iratienses reclamaram muito da interpretação dele sobre lances ao longo de toda a partida. Por conta de sua atuação, o Iraty saiu do campeonato (ele anulou um gol legítimo) e desfalcou o Coxa para a primeira partida da final contra o Atlético (expulsou Vital e Flávio e amarelou os laterais Rafinha e Rubens Júnior).
Em campo, as duas equipes fizeram sua parte. Antônio Lopes, o treinador do Coritiba, armou o time com Jackson na meia cancha, sacando Rodrigo Batata, numa clara intenção de cadenciar mais a partida e manter o domínio de bola. Já Gilberto Pereira, técnico do Iraty, foi mais ousado ainda, escalando Maurício na defesa no lugar de Nelinho, e uma trinca no ataque, formada por Tiago, Mateus e Alexandre, dando um claro recado a favor do ataque.
Com os atores escalados, o espetáculo começou em alta velocidade. Enquanto tinha a posse de bola, o Coritiba fazia prevalecer um bom toque de bola, e se infiltrava pelo meio, com Jackson cadenciando as jogadas ao lado de Marquinhos.
O Iraty, por sua vez, também fez valer sua força ofensiva (o time tem o segundo melhor ataque do campeonato), armando jogadas por todos os setores do campo: ora pela direita, ora pelo meio e ora pela esquerda.
O Coritiba, no entanto, foi quem abriu o placar. Em cobrança de escanteio (inexistente, pois Émerson não tocou na bola) pela direita, Rúbens Júnios alçou no centro da área. Nunes raspou a cabeça na bola e deixou Flávio à vontade para completar de cabeça e colocar o time na frente no placar.
Mas os nervos estavam mesmo a flor da pele. E, por reclamação, Gilberto Pereira foi expulso por Evandro Rogério Romann, três minutos após o gol alviverde.
Somente no fim da etapa, foi que o Iraty voltou a se achar em campo. E num lance despretensioso e de bobeira da zaga coxa, Wesley invadiu a área, foi desarmado na bola por Rafinha, mas Romann marcou pênalti. Tiago deu bobeira, cobrou com displicência e Fernando praticou boa defesa. Outro erro de Romann, no entanto, foi não ter marcado a volta do lance, uma vez que quatro jogadores do Cori invadiram a área.
Mas o Iraty mostrou sua força, logo depois, quando Renaldo, cobrando falta, empatou a partida. No lance, Márcio Egídio se desgarrou do quinto elemento da barreira, e no ?buraco? a bola passou para estabelecer a igualdade no placar.
A segunda etapa começou, com uma alteração no Iraty. Cambará deu lugar a Anderson, mostrando de novo o arrojo de Gilberto Pereira, que colocou seu time ainda mais à frente.
O prêmio veio logo no primeiro lance de perigo. Renaldo avançou pela esquerda, e lançou Tiago. Jackson tentou interceptar o lançamento, mas marcou gol contra. Tiago, que estava em posição regular, foi denunciado pelo bandeira, e Romann marcou, tirando o gol legítimo, que levaria o jogo para os pênaltis.
Aos 20, no entanto, outro erro capital de Romann. Rafinha escapava em velocidade para o contra-ataque e, no círculo central, foi desarmado por Nílson. O volante, no lance, derrubou o lateral alviverde, e o árbitro apresentou-lhe, direto o cartão vermelho.
Mesmo com um a mais, o Coritiba não soube explorar a vantagem, embora tenha criado mais chances que o adversário. Lopes resolveu mudar seu time: sacou Rubens Júnior e Marciano, colocando Vital e Luiz Carlos. E o jogo ganhou em emoção, com jogadas mais contundentes do Coritiba, que pecou nas finalizações.
Vital, porém, ficou pouco tempo em campo. Aos 35?, foi expulso por falta violenta – já havia recebido o amarelo num lance anterior.
Logo depois, foi a vez de Élton, que já havia sido amarelado na etapa inicial, ser expulso. E, para finalizar, Flávio seria expulso por reclamar de uma falta que havia cometido em frente à área do Cori.
Dois técnicos reprovam arbitragem
A cena era previsível: final do jogo, o técnico Antônio Lopes corre em direção ao meio-campo e, dedo em riste, esbraveja contra o árbitro Evandro Rogério Romann. Logo depois, no vestiário, e, desconsiderando o trabalho da imprensa que lá estava para ouvir sua opinião sobre a partida, ele aproveitou os microfones e canetas, apenas para fazer um desabafo: deixou a sala de entrevistas do Pinheirão somente com uma declaração.
Nada falou sobre sua equipe ou a forma como viu o jogo, ou mesmo ainda, o desempenho do adversário, que encarou sua equipe de frente. Visivelmente alterado, Antônio Lopes fez diversas denúncias contra a arbitragem, a Comissão Estadual de Arbitragem e ainda falou de um possível favorecimento ao Atlético, esquentando o clima para as duas partidas da final.
Em suas palavras, a arbitragem desastrosa de ontem, deixou sua equipe sem quatro jogadores para a primeira partida da final, domingo que vem, novamente no PInheirão, contra o Atlético: o volante Reginaldo Vital e o zagueiro Flávio, expulsos, e os laterais Rafinha e Rubens Júnior, por terem recebido o terceiro cartão amarelo.
Lopes deixou um ultimato à diretoria do Alviverde, e, praticamente, exigiu que fossem escalados árbitros de fora do Estado para os dois jogos finais. No entanto, o presidente Giovani Gionédis tratou de afastar qualquer chance para isso. ?De forma nenhuma o Coritiba vai tomar essa atitude?.
?Não foi pênalti?
Não foi só Lopes que detonou o árbitro Romann. O técnico do Iraty, Gilberto Pereira, advertido a um minuto e expulso aos 15, disse que ?ele (o árbitro) já saiu de casa preparado para prejudicar o Iraty. Nós já sabíamos disso?. Sua irritação foi tanta que chegou a desmoralizar a arbitragem com uma boa dose de honestidade. ?Digo mais, o pênalti que ele deu pra nós não aconteceu. Mas essa é a nossa arbitragem, tudo normal?.
CAMPEONATO PARANAENSE
Terceira Fase – Jogo de volta
Em campo
Local: Pinheirão (Curitiba)
Árbitro: Evandro Rogério Romann
Assistentes: Ildefonso Trombeta e Everson Veneton Teixeira
Gols: Flávio, aos 16? e Renaldo, aos 46? do 1.º tempo
Cartões amarelos: Rúbens Júnior, Rodrigo Batata e Rafinha (C); Renaldo e Fernando Mello (I)
Expulsões: Nílson e Élton (I); Reginaldo Vital e Flávio (C).
Público: 4.646 pagantes (5.806 total)
Renda: R$ 54.750,00
Coritiba 1X1 Iraty
Coritiba: Fernando; Rafinha, Flávio, Miranda e Rubens Júnior (Reginaldo Vital); Márcio Egídio, Reginaldo Nascimento, Jackson e Marquinhos (Rodrigo Batata); Nunes e Marciano (Luiz Carlos). Técnico: Antônio Lopes
Iraty: Emerson; Renaldo, Edson Borges, Maurício e Wesley; Cambará (Anderson), Nílson e Élton; Tiago, Mateus (André) e Alexandre (Fernando Mello). Técnico: Gilberto Pereira.
