O Coritiba terminou a primeira parte do Campeonato Brasileiro exatamente da forma que não esperava – perdendo a oitava partida na competição, desperdiçando a melhor chance que teve de subir na classificação e mantendo uma ?regra? que vem desde o ano passado – por mais que o time ganhe ou perca, não há mudança radical na posição alviverde. Há onze rodadas o Coxa não consegue chegar na ?turma? que garantiria, por enquanto, uma vaga na Copa Sul-Americana.
O ponto de virada da campanha do Cori foi a derrota no Atletiba de 10 de julho. Dali em diante a equipe não conseguiu mais passar da 12.ª colocação, chegando a ficar em 14.º por duas semanas. A derrota para o Internacional fez o time de Cuca cair uma posição, que foi perdida para o Fortaleza. Mais: o resultado de domingo coloca o Coritiba em uma ?zona de sombra?, bem afastado da zona de rebaixamento mas também distante dos que disputam o título e a participação nos torneios continentais.
O que deixou os alviverdes ainda mais irritados foi a combinação favorável da 21.ª rodada do Brasileiro. Dois adversários diretos do Coxa na classificação tropeçaram – o São Caetano perdeu em casa para o Cruzeiro e o Palmeiras empatou com o Fluminense. Vencendo o Inter, o time chegaria a 32 pontos (a apenas quatro do Santos, que tem no momento a vaga para a seletiva da Libertadores) e ultrapassaria três rivais, fechando o primeiro turno na nona posição.
Irritado com as falhas do time, o técnico Cuca admite que foi o Coxa que desperdiçou a chance de vitória. ?O Inter não ganhou o jogo. Fomos nós que perdemos?, resume. ?Nós tivemos erros individuais que nos prejudicaram durante a partida, principalmente no segundo tempo. Jogamos fora tudo que fizemos na primeira etapa. E foi assim com o Juventude, com o Brasiliense e com o Botafogo?, reclama.
O 3×2 aplicado pelo Internacional deixa o Coxa com uma campanha irregular no Brasileiro. O Alviverde não se destaca em nenhum ranking da competição. Após 21 rodadas, a equipe tem o 11.º ataque (31 gols, ao lado de Paraná, Goiás e Botafogo), a oitava melhor defesa (31 gols, mesmo número de Santos, Brasiliense e Flamengo) e nenhum jogador entre os artilheiros – os principais marcadores alviverdes, Tiago e Jackson, têm quatro gols cada, nove a menos que Fred, do Cruzeiro.
O desafio de Cuca e dos jogadores é provar que a inconstância é fruto dos desfalques e não da instabilidade emocional do time, capaz de fazer no mesmo jogo lances brilhantes e bisonhos. ?Eu creio na recuperação do Coritiba. Nós temos qualidades e estamos fazendo uma campanha muito abaixo do que podemos produzir?, comenta o agora ala Jackson. ?Vamos fazer algo que possa mostrar a todos que temos capacidade de estar entre os primeiros?, finaliza Marquinhos.
Gionédis promete brigar na Justiça
A eterna crise de relacionamento entre Coritiba e Atlético ganhou novas tintas com a troca de clube dos jovens (15 anos) Raul e Choco, que deixaram o time infantil do Coxa e seguiram para o CT do Caju. Irritado com a situação, o presidente coxa Giovani Gionédis reclamou publicamente do seu ?colega? Mário Celso Petraglia e prometeu entrar na Justiça por perdas e danos.
Aproveitando-se de uma brecha da Lei Pelé, que indica que o primeiro contrato profissional de um atleta só pode ser feito após os 16 anos, a diretoria atleticana acertou diretamente com os pais de Raul e Choco a transferência – como não há possibilidade de vínculo ou pagamento (no máximo uma ajuda de custo), os atletas tiveram outros benefícios, como a cessão de uma casa. Como o TJD paranaense já criou jurisprudência no assunto – Kaio, ex-Paraná, foi para o Rubro-Negro sem qualquer compensação financeira -, o caso estaria resolvido.
O pai de Raul, o ex-jogador Nino, garantiu que não houve má-fé de nenhuma parte. ?O que aconteceu foi que o meu filho não estava mais satisfeito no Coritiba e quis jogar no Atlético?, afirmou. ?O Raul começou no Grêmio Ipiranga, onde eu tinha uma escolinha, e só depois foi para o Coxa?, contou, em entrevista à rádio Banda B.
Mas Gionédis não engoliu a saída das revelações. ?O Raul é um menino de seleção brasileira e o Choco estava no Coritiba desde os nove anos. Aí, é feita uma proposta como essa e os jogadores vão embora. O Coritiba vai pedir à Justiça um ressarcimento por perdas e danos?, atirou o presidente coxa, que aproveitou para alfinetar até a estrutura do rival. ?O Atlético fala que tem o melhor centro de treinamento do país, mas é um CT para coreanos, porque jogadores eles não criam, pegam dos outros clubes.?
Promoção pra atrair a torcida
O Coritiba precisa mais que nunca do torcedor. Por isso, a diretoria anunciou uma promoção ?extra? de ingressos para a partida de quinta, às 20h30, contra o Fortaleza, no Alto da Glória. O preço foi reduzido ao terço do valor normal – quer dizer, a arquibancada antecipada (até amanhã à tarde) vai custar R$ 5,00. A intenção é manter a alta média de público e premiar a torcida, que é o grande destaque coxa no Campeonato Brasileiro.
Se a arquibancada tem seu preço reduzido ao terço do valor normal, os preços das cadeiras da Rua Mauá e sociais proporcionalmente diminuíram ainda mais. Na Mauá, a promoção faz o ingresso ?cair? de R$ 20,00 para R$ 5,00; e nas sociais, a diminuição é brusca: de R$ 50,00 para R$ 15,00. Não há meio-ingresso na promoção e na quinta as entradas voltam aos preços normais – arquibancada, R$ 15,00; cadeira, R$ 20,00; social, R$ 50,00.
A idéia é transformar o Couto Pereira em um ?alçapão?, fazendo da casa alviverde o lugar ideal para a recuperação do Coxa no campeonato. Até a rodada passada, o Coritiba era o time que mais levava torcedores ao estádio. ?Qualquer estratégia para melhorarmos na classificação passa por vitórias em casa?, comenta o meia Jackson. ?Nós temos que pagar a dívida que temos com o nosso torcedor?, resume o técnico Cuca.