Ciciro Back

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Na lateral do campo, Tricolor corta a bola de Ludemar, do Coxa.

Debaixo de muita chuva, Paraná e Coritiba fizeram na noite de ontem um clássico marcado pelo equilíbrio. Empatadas na classificação, as equipes também foram iguais dentro de campo e saíram do Couto Pereira com um empate em 1 a 1.

A chuva prejudicou bastante o jogo, que mesmo assim foi muito movimentado. O Coxa começou o jogo com uma formação bastante ofensiva. O técnico Márcio Araújo surpreendeu e escalou o meia Julinho no lugar de Rodrigo Mancha, armando a equipe com apenas um volante.

Já Luís Carlos Barbieri apostou na marcação e o Paraná entrou em campo com apenas Leonardo

como atacante de ofício.

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O Cori tentou partir para cima no início, mas com o sistema defensivo fragilizado pela opção do treinador, dava espaços para o Tricolor, que não demorou para aproveitar. Logo aos 4 minutos de jogo, Sandro acertou a trave e, no rebote, Leonardo abriu o placar.

O Paraná poderia ter matado o jogo logo depois, quando Rodrigo Alvim foi derrubado por Anderson, dentro da área. Mas o árbitro Antônio Denival de Moraes não marcou o pênalti.

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O Tricolor continuou melhor e ainda perdeu uma boa chance criada por Maicossuel, que invadiu a área e bateu cruzado.

A bola passou em frente ao gol alviverde, sem ninguém finalizar para as redes.

Mas a partir dos 20? da primeira etapa, o Coxa equilibrou as ações e também passou a levar perigo para o gol de Flávio. O Paraná abusava das faltas, mas a equipe alviverde não consiga aproveitar os lances de bola parada.

As coisas ficaram mais difíceis para o Tricolor quando Márcio Araújo foi obrigado a colocar Jefferson no lugar de Guaru, que saiu de campo com o nariz quebrado. O estreante deu mais movimentação ao ataque coxa, que conseguiu o empate no último lance do primeiro tempo.

O Rodrigo Alvim demorou para afastar uma bola da área paranista, Wilton Goiano aproveitou para se antecipar e acabou derrubado pelo lateral tricolor. Ludemar bateu bem o pênalti, deixando tudo igual.

No segundo tempo, a chuva apertou bastante.

O sistema de drenagem do gramado do Couto Pereira não suportou tanta água e os jogadores sofreram para driblar as poças, que sempre prendiam a bola, diminuindo bastante as chances de gol.

Quem esteve mais perto de marcar foi o Paraná, que chegou a ter um gol anulado. Éder, que entrou no lugar de Leonardo para fazer sua estréia com a camisa tricolor, aproveitou um cruzamento para marcar de cabeça, em posição de impedimento.

Não era dia do ataque paranista, que colocou uma bola na trave e criou mais duas boas chances, que pararam nas mãos do goleiro alviverde Arthur.

O empate deixa Paraná e Coritiba fora da zona de classificação do Grupo B.

Os dois estão rigorosamente empatados na quinta posição, com cinco pontos, quatro gols marcados e quatro sofridos. Na próxima rodada, o Coxa viaja para pegar o Londrina. O Paraná recebe o Paranavaí, no Pinheirão.

Jogadores dizem que chuva foi pior para o Paraná

A tempestade que caiu em Curitiba praticamente reduziu o futebol do clássico aos primeiros 45 minutos. Apesar da avaliação prejudicada, o técnico paranista, Luiz Carlos Barbieri, aprovou o desempenho do time e previu uma evolução gradual de agora em diante.

?Os dois times estão em formação e a chuva atrapalhou ambos. Mas o Paraná fez um grande jogo e mostrou estar no caminho certo?, disse o comandante tricolor, que garante ter pedido para os jogadores usarem o lado direito do ataque no 2.º tempo – o time centralizou as jogadas pela esquerda, onde o gramado estava em condições críticas. ?Até pelo estado do gramado, às vezes era difícil inverter o jogo?, justificou Barbieri.

Alguns jogadores citaram que o aguaceiro foi pior para o Tricolor do que para o adversário. ?Eu e o Maicosuel gostamos de conduzir a bola. Com o campo pesado foi difícil organizar os contra-ataques?, considerou o meia Sandro, um dos destaques paranistas no clássico.

Outro tema no vestiário tricolor foi a arbitragem. Assim como nas partidas contra Londrina e União Bandeirante, o clube se viu prejudicado pelo apito – os lances contestados foram um pênalti não marcado sobre Rodrigo Alvim, no 1.º tempo, e o gol de Éder anulado por impedimento, na segunda etapa. ?Vocês (imprensa) não me vêem reclamar da arbitragem. Mas se fizéssemos 2 a 0 naquele lance do pênalti o jogo estaria liquidado?, protestou Barbieri.

Sobrou gente fora. Faltou torcedor do lado de dentro

Como já é quase hábito, mais um clássico do futebol paranaense registra confusão. Desta vez não houve maiores conseqüências, mas cerca de 200 paranistas foram barrados nos portões do Estádio Couto Pereira porque não tinham ingressos

Uma resolução da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), de 2001, determina que em clássicos a torcida visitante só pode comprar ingressos antecipadamente. A decisão pegou muitos desavisados de surpresa. ?O torcedor não é tratado com respeito no Paraná. Esta miopia dos dirigentes ainda vai levar muitos times para o buraco?, protestou o paranista Roberto Gomes, 59 anos, que lamentou o tempo e os R$ 10 perdidos no estacionamento. Outros torcedores do Paraná preferiram arriscar e compraram entradas destinadas aos coxas-brancas, para depois tentar chegar ao lado destinado ao Tricolor.

O administrador do Couto Pereira, Artêmio Mellek, disse que tentou interceder junto à Sesp e à Polícia Militar para liberar a venda de ingressos para os paranistas nas bilheterias do Couto Pereira. A resolução, porém, foi mantida, mesmo com a venda de apenas 640 entradas antecipadas para a torcida tricolor. Como a carga para os visitantes era de 1.500 ingressos, muitos espaços ficaram vazios. ?Permitimos à diretoria do Paraná vender entradas até as 17 horas, mas fecharam as bilheterias da sede Kennedy ao meio-dia. É uma pena, até porque a renda era do Coritiba?, falou o administrador.

Garra não faltou. Já técnica

O dilúvio que caiu sobre o Couto Pereira foi bastante lamentado pela equipe coxa-branca ao final da partida. Segundo o técnico Márcio Araújo, a chuva prejudicou o futebol do Coritiba, que na visão do treinador entrou em campo com uma equipe mais técnica que o Paraná.

?Escalei um time bastante técnico, para buscar a vitória através do toque de bola?, disse Márcio, explicando a inesperada escalação do meia Julinho no lugar do volante Rodrigo Mancha. ?Mas sofremos um pouco, porque levamos um gol muito cedo. Isso favoreceu a estratégia que o Barbieri utilizou, com muita marcação. E o gramado pesado também nos prejudicou bastante?, avaliou o treinador alviverde.

Os jogadores também lamentaram a dificuldade causada pela tempestade. ?Todo mundo viu. Não dá para praticar futebol com essa chuva?, queixou-se Julinho.

Mesmo assim, todos ressaltaram a superação dos atletas, que mesmo com as condições adversas fizeram um jogo bastante movimentado. ?O gramado ficou muito pesado, mas valeu pela luta de todos?, disse Ricardinho.

Márcio Araújo também elogiou a força de vontade dos atletas. ?Eles se esforçaram demais e cumprimentei-os por isso depois do jogo.

O importante é que todos se dedicaram ao máximo e os dois times procuraram valorizar o clássico.?

Agora, o Coxa se concentra na partida contra o Londrina, na próxima quarta-feira, no Norte do Estado. Para esse jogo, Márcio Araújo não poderá contar com Guaru e Márcio Egídio, que ontem deixaram o campo contundidos.

Guaru sofreu uma fratura no nariz e deve ficar afastado dos treinamentos por pelo menos três semanas. Márcio Egídio sofreu uma torção no quadril e ainda será avaliado pelo departamento médico. Mas sua escalação no meio da semana está praticamente descartada.

O treinador alviverde já avisou que terá dificuldades para encontrar substitutos à altura. ?Lamentamos muito a contusão desses dois jogadores, que são titulares e vinham muito bem. Nós ainda temos um elenco reduzido, que precisa ser completado até o dia 17 (de fevereiro), que é o prazo final para inscrições no paranaense?, disse o treinador, pedindo mais reforços para a diretoria coxa-branca.

CAMPEONATO PARANAENSE
1.º turno ­ 4.ª rodada ­ Grupo B
Gols: Leonardo, aos 4?, e Ludemar (pênalti), aos 44? do primeiro tempo.
Árbitro: Antônio Denival de Moraes
Assistentes: Roberto Braatz e Éverson Veneton
Cartões amarelos: Anderson, Ricardinho, Guaru (Coritiba), Emerson, Parral, Beto, Maicossuel e Rodrigo Alvim (Paraná)
Público: 8.005 pagantes (9.042 total)
Renda: R$ 70.812,50
Local: Couto Pereira, em Curitiba.

CORITIBA 1 x 1 PARANÁ

Coritiba
Arthur; Wilton Goiano, Índio, Anderson e Ricardinho; Márcio Egídio (Iverton), Jackson, Guaru (Jefferson) e Julinho; Ludemar e Eanes (Rodrigo Mancha). Técnico: Márcio Araújo.

Paraná
Flávio; João Paulo, Emerson e Neguete; Parral, Rafael Mussamba, Beto, Maicossuel e Rodrigo Alvim; Leonardo (Éder) e Sandro. Técnico: Barbiéri.