A rivalidade entre Atlético e Coritiba parece ter ficado ainda mais acirrada após a decisão do Campeonato Paranaense, no último domingo. Trocas de acusações de ambos os lados esquentaram os bastidores do clássico e continuaram repercutindo durante o dia de ontem.
Do lado atleticano, foram contabilizados os prejuízos com a quebra de cadeiras do setor reservado para a torcida alviverde e com a depredação do vestiário dos visitantes da Kyocera Arena. Segundo a diretoria rubro-negra, 159 cadeiras foram quebradas, a um custo de R$ 23.850,00. Já o prejuízo com o vestiário, onde foram destruídos espelhos, torneiras, pias e instalações hidráulicas, somaria cerca de R$ 5 mil.
Já o lado coxa-branca denuncia uma grande armação. "Por tudo o que aconteceu conosco na Arena, não duvido que eles mesmo tenham quebrado o vestiário para colocar a culpa no Coritiba", diz o presidente Giovani Gionédis. "Nós recebemos o ex-presidente Evangelino Neves no vestiário e quando saímos estava tudo em ordem. Tenho certeza que quem fez isso não foi a delegação do Coritiba. Se provarem que fomos nós, podem denunciar", afirma.
O vice-presidente do Cori, André Ribeiro, reforça as acusações. "Foi forjada a situação para denegrir a imagem do Coritiba", acusa Ribeiro, que voltou a reclamar do tratamento dado à delegação alviverde. "Nos colocaram num vestiário sem luz, sem ventilação. Só tinha água fria e caixas de som ligadas no máximo volume", afirma.
Os jogadores do Coxa também negam qualquer envolvimento no quebra-quebra. "Cheguei ao vestiário chateado, tomei um banho gelado e fui embora. Quando saí, estava tudo em ordem", garante o capitão Reginaldo Nascimento.
A diretoria do Atlético nega qualquer maltrato aos atletas e representantes do Cori e diz que vai denunciar à polícia a depredação do patrimônio rubro-negro. "Temos a informação de que teria sido a diretoria e alguns jogadores que quiseram puxar o saco de seus chefes. Mas não compete ao Atlético a investigação e não nos cabe culpar ninguém", diz o presidente João Augusto Fleury. "O Atlético é vítima. Vamos comunicar o ocorrido à autoridade policial para a abertura de um processo criminal. Vai ser feita uma perícia e a inquirição das pessoas que estavam ocupando o vestiário", afirma Fleury.
Quebradeira de ônibus valeu por 22 dias
A irracionalidade de alguns torcedores de Atlético e Coritiba vai pesar no bolso do usuário do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana. Somente na tarde e na noite de domingo, 57 ônibus foram quebrados por torcedores na Capital – o que equivale ao vandalismo registrado em 22 dias. O prejuízo, confirma a Prefeitura, recai direto em quem paga a passagem.
O gerente de fiscalização do transporte coletivo da Urbs, Edson Luiz Berleze, afirma que a tarifa de ônibus em Curitiba inclui um ?índice de vandalismo?, calculado a partir dos gastos com reposição de peças e acessórios depredados por usuários. ?É complicado explicar os valores na planilha. Mas, somente em 2004, as empresas gastaram R$ 289 mil em material depredado?, contabiliza o gerente. O prejuízo pelo quebra-quebra do Atletiba de domingo ainda não foi calculado.
No total, foram quebrados 78 vidros, arrancadas 57 janelas inteiras, destruídos 6 pára-brisas e danificadas uma forração do teto de ônibus e duas estações-tubo. De acordo com a Urbs, a maioria dos casos foi registrada na Avenida Sete de Setembro e na Avenida João Gualberto – não por coincidência, locais próximos à Arena da Baixada, local do clássico, e ao Couto Pereira, onde muitos torcedores do Coritiba se concentraram durante a final.
Os números da destruição na finalíssima de 2005 superam os do ano passado, também disputada por Atlético e Coritiba. Em 2004, quando o Coxa foi campeão, houve 34 ônibus quebrados por torcedores.
Além do prejuízo financeiro, o usuário sofreu com a queda na qualidade de atendimento. Como 17 ônibus biarticulados foram depredados, a Urbs colocou alguns articulados – com capacidade inferior – para substituí-los. O resultado foi um maior ?aperto? em linhas como a Santa Cândida-Capão Raso, a mais afetada.