Meio-dia. Esse é o prazo que os representantes de Tcheco (foto abaixo) dizem que têm para alinhavar a permanência do jogador no Alto da Glória. Após acharem “inconsistente” a proposta do Coritiba (ver matéria), surgiu um fato novo: o São Paulo teria manifestado interesse em contratar o jogador no final do ano. Os tricolores negam, mas essa possibilidade – em tese -aumenta as chances de ele ficar no Coxa.
Segundo o procurador Ruy Gel, a sondagem são-paulina foi arrojada. Eles contataram as pessoas mais próximas a Tcheco e teriam pedido os valores para o empréstimo e para a compra dos direitos federativos do jogador, que são divididos entre o atleta e o Malutrom (o presidente de honra Joel Malucelli disse ontem à noite que “não sabe de nada”). “Eles querem esses valores até as nove da manhã”, contou Ruy Gel. “Não temos interesse nesse atleta”, garantiu o diretor de futebol do São Paulo Juvenal Juvêncio.
Segundo o representante, a possível ida de Tcheco para o Morumbi representaria muito para o ?projeto? que a diretoria alviverde tem para segurá-lo. Afinal, essa transação só seria concretizada no final da temporada, o que viabilizaria a permanência do armador. “Se o negócio for fechado, é quase certo que o Tcheco joga no Coritiba até o fim do ano”, confirma o procurador.
Só que não seria simples assim. Ruy Gel confessou que o pai do jogador não ?sentiu firmeza? na proposta coxa. “Ele achou inviável, que possivelmente não seria cumprida”, afirmou. Uma mudança visível em relação ao fim da tarde de ontem, quando o procurador demonstrava confiança em mudar o pensamento da família de Tcheco.
Para ficar no Cori, além de o negócio com o São Paulo ser fechado, a direção alviverde teria que aumentar o salário do jogador. Apesar do presidente Giovani Gionédis garantir que isso não aconteceria, é provável que esse assunto tenha sido citado na reunião de ontem à tarde.
Em contrapartida, a diretoria alviverde achava um caminho inusitado para conversar com o jogador. Gionédis e Domingos Moro encontraram Tcheco no aniversário da esposa do volante Roberto Brum. “O presidente conversou com ele e sentiu um retorno favorável”, afirmou o secretário coxa. No entanto, o jogador permanecia atordoado, sem dar declarações conclusivas aos dirigentes nem falar com a imprensa – o celular de Tcheco estava desligado ontem à noite. “Nós temos confiança que a proposta é interessante, e que ele vai aceitar”, completou Moro.
Caso isso não aconteça, ainda persiste a proposta do Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Os vistos de permanência já foram expedidos, e as passagens para Riad (a capital do país) seriam mandadas até às 10h – a viagem está marcada para amanhã. “Se a proposta do São Paulo não atingir o que o Malutrom e o Tcheco pedirem, ele deve ir mesmo embora”, finalizou Ruy Gel.
Cori tenta seduzir com Juan Figer na parada
A tentativa da diretoria do Coritiba em manter Tcheco no clube chegou ao ápice na tarde de ontem. Depois de uma hora de reunião com o procurador Ruy Gel, o presidente Giovani Gionédis abriu o caminho para a negociação do jogador para a Europa através do empresário Juan Figger, além de prometer uma série de projetos que “venderiam” o jogador para a mídia nacional, reforçando a possibilidade de ele ir para a seleção brasileira.
“Nós tínhamos que dar um lance, mostrar a nossa grandeza. E nós fizemos isso”, disse o secretário coxa Domingos Moro. Ele participou da reunião com Ruy Gel e com Gionédis, que abriu o jogo para o procurador, ontem à noite. “Nós não temos dinheiro para fazer qualquer proposta que cobrisse o que os árabes ofereceram. Mas nós temos que fazer um apelo ao Gel, e que ele passe ao Tcheco a nossa vontade de mantê-lo no clube”, afirmou.
Segundo Ruy Gel, foi uma apresentação de “novas condições”. Antes da reunião, ele dizia ser “irreversível” a negociação com o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, mas depois transparecia estar ao lado da diretoria coxa. “Eu não posso dizer o que o Tcheco vai fazer, mas sei que ele vai ficar com dúvidas”, afirmou. “Tenho que reiterar o esforço que o Ruy está fazendo, e o respeito que cada vez mais temos por ele”, elogiou Moro.
O Coritiba prometeu ao procurador a possibilidade de uma negociação para a Europa. Para isso, Juan Figer foi oficialmente autorizado a conversar com clubes interessados. “Antes, nós pedimos para ele não negociar com ninguém”, revelou Domingos Moro. Além disso, seria criado o “projeto Tcheco”, que envolve a presença do jogador na grande mídia, com o objetivo expresso de levar o meio-campista para a seleção brasileira. “Há um jogo aqui em Curitiba, e é possível que um jogador daqui seja convocado. Nós vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para que ele seja chamado”, afirmou Gionédis.
Além disso, o Cori ainda tem uma carta na manga, ainda não usada: uma resolução da CBF (RDI), datada de 3 de abril de 2002, informa que transferências internacionais apenas serão feitas entre 1.º de janeiro e 15 de fevereiro e durante o mês de agosto. “Dentro da CBF, nós tivemos a informação de que a entidade não autorizaria a transferência”, disse Moro. Mas fontes da Confederação garantem que essa RDI se refere apenas ao futebol europeu, o que não é citado no texto.
São pontos que podem fazer o principal jogador alviverde permanecer no Alto da Glória até o final do ano. O que seria, por sinal, o ideal para Tcheco, que não esconde a decepção de possivelmente deixar o clube. “Eu não estou feliz com essa história. Ficaria muito triste em deixar o Coritiba nesse momento”, confessou.
