Foto: Valquir Aureliano/Tribuna

Julio Militão diz que vai fazer de
tudo para manter a assembléia.

continua após a publicidade

A guerra entre os conselhos deliberativo e administrativo está mais do que declarada no Coritiba. Na quarta-feira à noite, o presidente Giovani Gionédis conseguiu uma liminar que barra a assembléia de sócios que poderá destituí-lo do cargo. No contra-ataque, Júlio Militão da Silva, comandante do conselhão, promete usar tudo o que for possível para derrubar a decisão da Justiça, que é provisória, e manter a reunião dos associados programada para o dia 10 de janeiro. Uma fogueira que volta a arder no Alto da Glória, justamente quando parecia haver momentos de calmaria, com contratações e um novo planejamento para a próxima temporada.

?Porque nós vamos impedir o sócio de falar??, questiona Militão, visivelmente emocionado com a situação. Num discurso inflamado para a imprensa, sócios, torcedores e conselheiros na Sociedade Thalia, ele também ironizou a forma como foi citado pelo oficial de justiça. ?O Coritiba virou um clube de brincadeira com essas liminares. Nunca na história tivemos o Coritiba na situação em que se encontra. Mesmo assim, agradecemos a presença aqui do advogado de Giovani Gionédis?, desabafa, se dirigindo a Fernando Barrionuevo.

Mesmo com o conselho deliberativo tendo uma sala no Couto Pereira e Militão tendo um escritório em local bastante conhecido, os representantes legais de Gionédis levaram o oficial de justiça até o local onde a imprensa foi reunida. Uma visível guerra de nervos entre as partes que chegou, segundo Militão, a Gionédis ter negado etiquetas com os nomes e endereços dos sócios do Coxa para o envio do processo de impeachment. ?Chegamos num ponto tão crucial do Coritiba que não podemos nos vergar na ilegalidade. Não vamos trocar a nossa dignidade por uma salinha e não vamos aceitar uma cesta básica para fazer como a diretoria quer?, dispara.

Por isso, a missão do conselhão agora é tentar derrubar a liminar e realizar a assembléia para que os sócios definam o futuro de Gionédis. ?Vamos levar as razões da assembléia e mostrar que o conselho entende que a assembléia, de acordo com a lei, é que tem que decidir e não pode ser cerceada?, aponta. Ainda não há uma estratégia para se derrubar a liminar concedida pelo juiz substituto Humberto Gonçalves Brito da 18.ª Vara Cível. Mesmo com o recesso judiciário, é possível derrubar esta medida durante o período de festas.

continua após a publicidade

Militão não está agindo de acordo com o estatuto

Enquanto o presidente do conselho deliberativo, Júlio Militão da Silva, discursava contra a liminar suspendendo a assembléia de sócios do Coritiba, o advogado Fernando Barrionuevo acompanhava tudo de perto. Bem de perto, por sinal. Representante de Giovani Gionédis, ele foi até a Sociedade Thalia acompanhar a entrevista coletiva e também partiu para o ataque para defender o mandatário alviverde. De acordo com

continua após a publicidade

Barrionuevo, Militão está abusando de sua autoridade e convocando uma assembléia de sócios ao ?arrepio da lei? e por motivos políticos.

?Os motivos alegados pelo conselho devem ser apurados pela maneira correta, como o próprio Júlio Militão falou, ele teria que designar uma comissão, ouvir o conselho consultivo em relação ao que está sendo apurado e, com base no processo, verificado as irregularidades, submeter isso a uma votação na assembléia?, defende Barrionuevo. Para ele, a motivação do conselhão é apenas pessoal e política da chapa de oposição. ?Tem que se respeitar o estatuto e o juiz está aí para coibir esse tipo de abusividade?, dispara.

Para o advogado de Gionédis, Militão está abusando do poder. ?Uma pessoa não pode, baseada no cargo que exerce, praticar atos administrativos ao arrepio do que o próprio estatuto determina e foi isso que o juiz, com muita clareza, verificou e cancelou a assembléia porque viu que não foram seguidos os trâmites normais?, contesta. Ele garante que Gionédis não está usando a liminar para se esquivar do processo de impeachment. ?Que se faça essa situação com os requisitos previamente previstos no estatuto do clube?, aponta.

Assim, ele não vê outra razão que não seja a política para as atitudes de Militão. ?Obviamente, a razão é política. Não é a primeira vez que recorremos ao Judiciário para tentar cancelar uma decisão dessa presidência do conselho deliberativo?, destaca Barrionuevo. Ontem, além de garantir que Militão recebesse a liminar em mãos, ele acabou acompanhando a entrevista coletiva bem próximo de quem está atacando Gionédis. ?Vim aqui para verificar se tinha algum fato novo para essa ação que nós entramos?, finaliza Barrionuevo.