Coritiba conta com “ciência” para driblar pouco tempo

A ciência será uma aliada do Coritiba em 2004. A contratação de Eudes Pedro como auxiliar de Antônio Lopes apenas confirmou a tendência que passará a dominar a preparação física alviverde, que terá o comando de Manoel dos Santos. Ele tem pensamentos diferentes dos profissionais que passaram pelo Alto da Glória nos últimos anos, e deixa claro que fará uso de toda a estrutura que o CT da Graciosa dá – e, se possível, de mais um pouco.

Manoel dos Santos é um profissional da novíssima geração de preparadores físicos. Em 95, ele ainda era auxiliar de preparação, e foi nessa função que aportou no Paraná Clube, então treinado por Otacílio Gonçalves e com Oscar Yamato como supervisor – os dois foram fundamentais na escolha de Manoel pelo Cori. “As indicações que tínhamos dele eram ótimas”, confirma o vice-presidente eleito Domingos Moro, que é amigo próximo de Otacílio.

O treinador (com a ajuda de Yamato) o levou para o Japão no ano seguinte – eles ficaram duas temporadas no Yokohama Flugels. Lá Manoel teve os primeiros contatos com processos modernos de preparação, combinando treinamentos, trabalhos de mentalização e motivação, que ele passou a usar depois que voltou ao Brasil.

Não será a primeira vez que o fisicultor aporta em um time de primeira divisão. Em 99, Manoel dos Santos trabalhou no Gama, e no ano seguinte foi para a terra natal (ele é porto-alegrense), trabalhar no Internacional. Mas o Cori é a grande chance da carreira do profissional, que chega com o apoio de Yamato, o aval de Otacílio e a confiança de Antônio Lopes, que também buscou ?informantes?.

A escolha do preparador também teve uma passagem decisiva no próprio Coritiba. Há dois meses, o time júnior vivia mau momento, e decidiu-se fazer um trabalho de motivação. Manoel foi contatado, e (fruto ou não de suas palestras) a equipe melhorou, e conquistou o campeonato estadual da categoria. “Nós acompanhamos as iniciativas do Manoel, e foi realmente um trabalho muito bom”, elogia Moro.

E a plenitude desse trabalho que Manoel dos Santos pretende apresentar no Alto da Glória. “Nós temos uma equipe de trabalho muito boa, e esse é o primeiro passo para uma boa temporada. Somando isso à estrutura do Coritiba, que é uma das melhores do Brasil, nós temos a obrigação de fazer um bom trabalho”, comenta o preparador físico. “Trabalhar com profissionais desse nível é sempre uma honra”, completa Eudes Pedro.

Alteração

A preparação física do Coritiba mudou completamente. Após quase dois anos de trabalho, Róbson Gomes deixa o clube, seguindo para o Atlético-MG junto de Paulo Bonamigo. Aproveitando a mexida, a direção alviverde recrutou novo auxiliar para Manoel dos Santos. Ele terá ao seu lado o professor Emerson Buc, que foi ?promovido? pela direção e passa a ser preparador de campo, entrando no lugar de Cléber Hidalgo.

Terminam os macrociclos

Um dos ?mitos? que Manoel derruba ao planejar a temporada 2004 é o preparo intensivo visando o final do ano, ou o que busca ter ?picos? em certos momentos – que é o trabalho básico de muitos fisicultores. “Não se trabalha mais o macrociclo, aquela preparação que imagina chegar ao ápice lá em dezembro. Temos que pensar no microciclo, de tentar estar na melhor forma em cada partida”, diz.

Para exemplificar o fato, o preparador físico alviverde cita o campeão brasileiro. “O Cruzeiro ganhou o campeonato porque jogou cada partida como se fosse a última, impôs-se desde o primeiro até o último jogo. E aí ganhou. Nosso objetivo é esse, é o de tentar deixar o elenco do Coritiba pronto para a próxima partida”, resume.

Mas ele, assim como Antônio Lopes, preocupa-se com o exíguo tempo de preparação para os campeonatos – o elenco se reapresenta no dia 5 de janeiro e no dia 21 já começa o Paranaense (a Libertadores começa no dia 4 de fevereiro). “Não podemos abrir mão da preparação básica, que termina no dia 20”, diz Lopes. O preparador faz uso de uma expressão gaúcha para se fazer entender. “Vamos começar o ano com a faca entre os dentes”.

Por isso, o pensamento é realizar avaliações periódicas dos jogadores. “Vamos ter que saber do rendimento dos atletas durante as competições. Só assim vamos conseguir manter o grupo em um nível elevado”, explica Manoel, que terá Eudes Pedro como aliado. “O Eudes também veio para fazer um trabalho científico”, avisa Heraldo, outro auxiliar técnico de Lopes. Portanto, que se deixem as calculadoras a postos.

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