O trabalho vai aumentar para o departamento de futebol. Com o imbróglio político perto do final e a posição do presidente Giovani Gionédis em dar maior liberdade de ação à trinca que administrará o futebol do Coritiba, é certo que nesta semana haverá novidades em relação ao elenco para a próxima temporada. A princípio, a primeira decisão é de saber com quem poderá se contar em 2006.
O técnico Márcio Araújo sabe que a maioria dos jogadores que defenderam o clube neste Brasileiro não deverá ficar. Sabendo da queda do orçamento para o ano que vem, ele concorda com a avaliação programada pela diretoria. ?Nós temos que ver o custo-benefício de cada atleta, saber se eles estarão motivados para jogar a segunda divisão?, comenta o treinador, aproximando-se do que pensam o assessor da presidência José Hidalgo Neto, o diretor de futebol Almir Zanchi e o superintendente Odivonsir Frega.
Márcio não quis adiantar quais jogadores ele gostaria que permanecessem no Coxa. ?Isto depende da conversa que nós estamos tendo, não será uma decisão somente minha?, argumenta. Mas sabe-se que, se fosse definida uma prioridade, seria o meio-campista Caio, que é ligado ao Ituano (do empresário Oliveira Júnior). Outros jogadores que interessariam são o capitão Reginaldo Nascimento e o meia-atacante Alcimar.
Os três – e quem ficar ou quem vier para o Cori – terão que se adequar à nova realidade do clube. ?Terá que haver um sacrifício. Não poderemos ficar nos preocupando com coisas de fora, e sim com o que o atleta fará em campo. Mas, para isso, eles terão que abrir mão de algumas coisas?, diz Márcio Araújo. Isto implica, principalmente, na redução dos salários.
O diretor Almir Zanchi assumiu a liderança nas negociações. E ele quer conversar com os representantes de Caio, para tentar uma complicada renovação de contrato, e de Peruíbe, para aumentar o tempo de vínculo do volante com o Coxa – o contrato do jogador se encerra em 2007, e a intenção é antecipar um novo acerto, para que a principal revelação do time no ano permaneça no Alto da Glória.
Outro passo é a contratação de jogadores, inevitável pelo fato de 27 atletas se desvincularem no dia 31. Uma necessidade premente é a vinda de um goleiro (senão dois) – Douglas, Vizzotto e Júnior ficam sem contrato no final do ano. Gléguer, da Portuguesa, Flávio, do São Paulo, Sílvio Luiz, do São Caetano, e Sérgio, do Palmeiras, estariam na mira.
Mesmo correndo para montar o elenco, os responsáveis pelo futebol do Coritiba sabem que o trabalho será cauteloso. ?Não poderemos errar. Temos que trazer jogadores com qualidade e motivação para o ano todo?, resume Márcio Araújo.
Concentração em Pinhais
Os responsáveis pelo futebol do Coritiba tentam encontrar a fórmula para ajustar todas as categorias – e, principalmente, que alguns garotos que participariam da Copa São Paulo de Futebol Júnior integrem-se ao elenco profissional para a pré-temporada.
O responsável por implementar a pré-temporada será o superintendente Odivonsir Frega. A tendência é manter, em grande parte, o planejamento feito pelo preparador físico Róbson Gomes. ?Temos profissionais qualificados no clube e como o trabalho é bem feito, não temos porque ficar alterando?, explica. Neste período, os jogadores ficarão concentrados em um hotel em Pinhais, treinando no CT da Graciosa.
Já o técnico Márcio Araújo preocupa-se com o pouco tempo antes do início do Paranaense. ?Vamos começar o trabalho no dia 3 de janeiro e teremos alguns dias para montar uma primeira base?, reconhece.
Continua o impasse entre situação e oposição no coxa
O Coritiba passou mais um dia de impasse, tensão e dificuldade para se chegar a uma decisão sobre o futuro do clube. E quando todos esperavam que o imbróglio enfim acabasse e que os torcedores pudessem se preocupar apenas com as contratações e a preparação da equipe, situação e oposição seguiram divergindo e a decisão foi adiada mais uma vez, e ainda criaram novos pontos de discussão.
A expectativa é que a confusão termine amanhã – mas não se pode dar certeza de nada.
Após a apresentação da peça de defesa da atual diretoria, os oposicionistas tiveram a quarta-feira para fazer a contestação.
O documento que comprovava a licença dos nove ?cardeais? no dia da eleição (e que permitiria a participação
deles no processo eleitoral) acabou surpreendendo os correligionários de José Antônio Fontoura, que voltaram à carga e apresentaram novas observações sobre o caso.
Durante a tarde, muitas especulações sobre a decisão do Conselho de Administração surgiram – desde a aceitação dos documentos da situação até um possível envio do caso para o pleno do ?conselhão?. Para completar a batalha jurídica, Celso Moreira, o candidato derrotado por Júlio Militão da Silva na segunda passada, também passou a contestar o resultado, inclusive entrando com recurso, que já estaria com a mesa diretora.
No final da tarde, Tico Fontoura foi chamado ao Couto Pereira para conversar com o presidente Giovani Gionédis e com Júlio Militão. Outra vez uma possível conciliação. Os dois lados ficaram de pensar sobre o assunto e decidir. Enquanto isso, o presidente do Conselho de Administração avaliava as peças de acusação e defesa para tomar uma posição.
Segundo Militão, o texto da resposta ao recurso será trabalhado nesta tarde, e à noite será entregue em mãos a Fontoura e Gionédis.
A previsão é que amanhã a imprensa – e a torcida – saibam qual é o futuro do clube. Isto se nenhuma das partes resolver ir à Justiça, possibilidade que (por enquanto) é quase nula.
