Ninguém esperava aquela reação. A delegação do Coritiba acabava de deixar o Beira-Rio, e não teve nem tempo de se acomodar no ônibus. A reação efusiva que eles viram dos torcedores que viajaram para o Rio Grande do Sul animou ainda mais diretoria, comissão técnica e jogadores. A vitória sobre o Internacional, sábado, por 1 a 0, retomou definitivamente a confiança e recolocou a equipe na rota da classificação. Após a rodada do final de semana, o Coxa ficou na oitava colocação enquanto o Inter ficou sem o técnico Celso Roth..
Eufórica com a vitória, a torcida coxa – cerca de cem pessoas – permaneceu no Beira-Rio bem depois do final da partida, quando o vento minuano já soprava nas imediações do rio Guaíba. “Eles nos esperaram lá em cima, e quando passamos eles nos aplaudiram, empunharam as bandeiras e comemoravam. Ver uma festa dessa longe de casa é maravilhoso”, comentou o secretário Domingos Moro. “Eles foram fantásticos. Sair de Curitiba e encarar uma viagem longa não é fácil”, completa o presidente Giovani Gionédis.
Mas o mais incrível ainda estava por vir. Obrigatoriamente, o ônibus tinha que passar pelo folclórico “portão 8”, onde os torcedores do Inter se concentram para reclamar da diretoria e dos jogadores. “Então, quando passamos, eles nos reconheceram e começaram a nos aplaudir”, diz o técnico Paulo Bonamigo. “A gente pensa que qualquer coisa pode acontecer, mas eles foram muito educados e nos saudaram”, comenta Moro.
Era a resposta para uma atuação taticamente perfeita, principalmente no segundo tempo. “O time soube trabalhar com um jogador a menos, e fez uma segunda etapa melhor que a primeira”, confessa Bonamigo, citando a prematura expulsão de Alexandre Fávaro (“vamos repreendê-lo, mas não recriminá-lo”, avisa Domingos Moro). O pensamento do treinador era recuar a equipe para criar a possibilidade de contra-ataque. “Era um momento de jogar com inteligência”, resume.
Apesar de ser arriscado, era a possibilidade mais interessante para aquele momento, principalmente pela má atuação do Inter, que era pressionado pela torcida. “Nós sabíamos que iríamos dar espaço para eles, mas isso significaria que nós também teríamos espaço para jogar”, explica o capitão Pícoli. “Era o momento de um sacrifício de todos nós, até para ajudar o Fávaro. Ele foi importante para o grupo contra o Cruzeiro, e era o momento da gente retribuir”, completa o zagueiro.
Para fechar, o aniversariante do dia conseguiu marcar o gol que pretendia. Lima, que completou no sábado 21 anos, mostrou oportunismo ao acreditar na ótima jogada de Tcheco, que foi o melhor jogador em campo. “Tenho que agradecer aos meus companheiros e ao Bonamigo, que continua acreditando no meu futebol”, comemora o atacante. E tanto Bonamigo acredita em Lima que, em pleno vestiário do Beira-Rio, tascou um beijo na testa dele – como presente pela vitória e pelo aniversário.
Passo
Bonamigo já dissera antes da viagem a Porto Alegre que a pressão que o Coritiba tinha era a de vencer necessariamente um jogo fora. Conseguindo, a equipe arranca de forma definitiva para ser um dos oito melhores times do Brasileiro. “A equipe tem de volta aquela confiança que não tinha nos últimos jogos, e é importante subir neste momento decisivo”, afirma. “Em termos de pontuação, é uma vitória. Mas vai representar muito daqui para frente”, garante Pícoli.
Vitória foi um prêmio aos 10 do 2º tempo
Porto Alegre – A partida entre Internacional e Coritiba parecia ter um destino inexorável quando Alexandre Fávaro foi expulso, aos 44 minutos do primeiro tempo. Depois de ter resistido a uma pressão inicial e ter equilibrado as ações, o Cori parecia estar fragilizado demais para agüentar todo o segundo tempo com um jogador a menos, em uma ensolarada tarde de sábado. Mas os gaúchos viram um novo time no segundo tempo, e esse time venceu por 1 a 0 em pleno Beira-Rio.
Bonamigo recuou a equipe, mas controlou todas as ações ofensivas do Internacional. A marcação iniciava no meio-de-campo e inibia a armação do time gaúcho, que tentando vencer abria o time para tentar a vitória. O resultado desta soma (ação desordenada mais cessão de espaços) fez o Cori ser superior ao dono da casa em toda a segunda etapa. “Eles só tiveram uma chance de marcar”, relembra o lateral Ceará, citando a cobrança de falta de Luisinho Netto que Fernando teve que se esticar para defender.
De resto, as melhores chances do Inter foram no primeiro tempo, principalmente com Fernando Baiano e Cássio que, apesar de jogar bem era vaiado a todo momento. Além dele, a torcida do Inter não perdoava Luisinho e Claiton, dando ao time um desespero que ele em teoria não teria jogando em casa. Com isso, o Coritiba equilibrou a partida ainda no primeiro tempo, e só não abriu o placar porque Alexandre Fávaro errou em bola depois do cruzamento de Pepo.
Mas a grande falha do “Príncipe” viria depois. Já com cartão amarelo, ele chutou uma bola para o gol e o árbitro Edílson Pereira de Carvalho o expulsou. “Foi uma infelicidade dele”, lamenta Bonamigo. Mesmo assim, o Cori soube recuperar-se e dominou a segunda etapa – o placar poderia ter sido aberto antes, quando Tcheco partiu livre e sofreu falta de Ronaldo, mas o árbitro não marcou a infração (que certamente resultaria na expulsão do zagueiro colorado) e ainda deu o cartão amarelo para o coxa.
Só que a resposta ainda seria dada em campo. Aos 45 minutos, o meio-campista conseguiu ótima jogada pela esquerda, passou por Luiz Alberto e conseguiu cruzar para Lima, que apenas desviou de Clemer e definiu o placar. O gol chegou a ser aplaudido pelos torcedores do Inter, que viram o ressurgimento de uma equipe vibrante, que volta a lutar pela classificação. (CT)
Quatro desfalques em Minas
Porto Alegre – O Coritiba reinicia hoje os treinamentos no CT da Graciosa. Em pauta, o adversário de quinta: o Atlético-MG, às 20h30, no Estádio Independência. O técnico Paulo Bonamigo terá de novo quatro desfalques, e duas deles podem complicar seus planos. A posição nevrálgica da equipe não terá seu titular nem o reserva imediato.
Reginaldo Nascimento segue fora, em tratamento médico. O jogador era considerado o responsável pelo equilíbrio tático do time jogando como terceiro zagueiro, e só agora Bonamigo conseguiu encontrar um substituto em Willians, que vive boa fase. Mas o volante recebeu no sábado o terceiro cartão amarelo e terá que cumprir suspensão automática na quinta.
Assim, os três desfalques do Cori são na defesa – além dos dois já citados, Edinho Baiano também está entregue ao departamento médico. A expectativa de Bonamigo é contar com o trio no clássico contra o Paraná, domingo. “Nós estamos trabalhando com o Edinho e com o Reginaldo visando o clássico”, confirma o médico Walmir Sampaio.
O último desfalque é Alexandre Fávaro, que foi expulso e terá que ficar de fora uma partida. Nessa posição, Lima pode ganhar nova oportunidade como titular. Em contraponto, Bonamigo vai poder contar com o volante Roberto Brum, que cumpriu suspensão contra o Inter e está à disposição do treinador para a partida de quinta. (CT)