Coritiba chega animado ao Rio de Janeiro

Bonamigo já previniu Pepo, que será encarregado de ajudar Roberto Brun na marcação.

Assim é a vida. O Coritiba chegou na noite de ontem ao Rio de Janeiro com dois sentimentos, que podem parecer díspares, mas que simbolizam o momento da equipe. Se de um lado a delegação lamenta o empate que poderia ter sido uma vitória contra o Paysandu, sabe-se que o time segue evoluindo, e fez em Belém uma das suas melhores atuações. E, com isso, a expectativa é altamente positiva para uma vitória amanhã, contra o Botafogo, em Campos.

Apesar de saber que uma vitória poderia isolar o Coritiba na segunda posição do campeonato brasileiro (o empate manteve a equipe na terceira posição, com o mesmo número de pontos do Santos), o técnico Paulo Bonamigo garante que o time o agradou. “Fizemos uma ótima partida, principalmente no segundo tempo”, diz. “Foi uma atuação maravilhosa”, completa o secretário Domingos Moro, que chefia a delegação coxa.

Mas, ao mesmo tempo, Bonamigo alerta para as dificuldades do campeonato, e dos desperdícios de pontos em momentos importantes – como foi o jogo em Belém. “Nós realmente jogamos bem, mas temos que confirmar. A competição é muito difícil, e nós não podemos perder chances de garantir três pontos”, avisa. “Espero que isso sirva de lição para nós”, concorda o volante Reginaldo Nascimento, que desfalca a equipe amanhã – ele levou o terceiro cartão amarelo e cumpre suspensão automática.

Não só ele está fora. Tcheco e Lima estão na mesma situação do volante, e com isso Paulo Bonamigo terá três desfalques para a partida contra o Botafogo. É a primeira vez que o treinador tem tantos problemas para um único jogo. “É uma situação que vai ser natural durante a competição. Temos que ter um elenco, e a prova disso acontece nesses momentos”, afirma o técnico alviverde, que chamou para completar a delegação os zagueiros Thiago e Juninho e o volante Tiago Santos.

Nenhum destes três deve compor a equipe amanhã. Bonamigo estuda outras opções, principalmente na defesa, onde Reginaldo Nascimento não tem, a princípio, um suplente definido. “Eu estou pensando no Willians, que já jogou nessa função e está treinando por ali. Mas também tem o Danilo, e aí eu jogaria com três zagueiros de ofício”, explica. Ele gostaria de escalar Willians, mas como o volante vem de uma lesão no púbis, talvez fique de fora em benefício de Danilo, que já jogou duas partidas no Brasileiro.

Nas outras posições, Bonamigo não tem muitas dúvidas. Para o lugar de Tcheco, o escolhido deve ser Pepo, e isso faria com que este e Roberto Brum ‘dividissem’ as funções do meia suspenso. No ataque, parece ser finalmente o dia de Jabá, que será o substituto do elogiado Lima. “Ele fez uma partida extraordinária”, garante Bonamigo. No pensamento do treinador, Jabá é o suplente ideal de Lima, porque assim o Cori manterá a velocidade no ataque.

Liberado

Os três quase viraram quatro. Adriano ainda sente dores nas costas, tanto que Bonamigo o tirou do jogo de quarta. “Ele estava correndo próximo a mim, e me falou que já não agüentava mais. É melhor perder um jogador por alguns minutos do que por uma partida”, afirma o técnico. O lateral segue em observação, e será poupado dos trabalhos que o Cori vai fazer hoje no Rio.

Campos dos Goytacazes tornou-se a cidade mais falada por torcedores, jogadores, comissão técnica e diretoria do Coritiba nas últimas horas. Em uma manobra coordenada pela federação carioca, o Botafogo transferiu o jogo de amanhã contra o Cori para a terra natal do presidente Eduardo Viana, o “Caixa D’Água”. A alteração do local da partida indignou o Coritiba.

A cidade é a maior do interior do Rio (fica a 280 km da capital), com mais de 400 mil habitantes. Apesar disso, a estrutura turística de Campos é pequena, até porque as atrações são poucas – a praia mais próxima fica distante 50 km. O principal estádio da cidade é o Godofredo Cruz, de propriedade do Americano (time de coração de Eduardo Viana), com capacidade oficial de 22 mil torcedores.

Para levar o jogo para Campos – e escapar da pressão dos torcedores no Rio -, a diretoria do Botafogo recebeu garantias da federação local de que “não teria prejuízos”. Isto é – viagem, estadia e taxas de utilização do campo subsidiadas pela federação. “Só para o Botafogo, não é?”, reclama o secretário coxa Domingos Moro. “Isso é o fim da picada”, completa o dirigente. E não adiantou nem a intervenção do presidente da Federação Paranaense, que viajou às pressas para tentar dissuadir a CBF. A única exigência da CBF foi pedir ao Corpo de Bombeiros um laudo sobre a capacidade do estádio – que dificilmente ficará pronto antes da partida.

Com a alteração, o Cori terá que mudar seus planos. “Já tínhamos tudo acertado, quando vem uma notícia dessas. É terrível”, afirma o técnico Paulo Bonamigo. “Não adianta, infelizmente, fazer qualquer planejamento no futebol brasileiro”, resume Domingos Moro. A delegação, que chegou ao Rio na noite de ontem, terá que seguir para Campos hoje à tarde, já que a viagem (feita pela BR-101) é complicada – de ônibus, são mais de cinco horas em uma estrada danificada.

Sem TV

A Rede Paranaense de Comunicação (RPC), afiliada da Rede Globo, que detém os direitos de transmissão do campeonato brasileiro, não exibirá mais a partida do Coritiba, como estava previsto em sua programação. O problema foi justamente a mudança de local do jogo. Não há, no estádio Godofredo Cruz, condições técnicas de realizar a transmissão.