O Coritiba conseguiu fazer sábado o que não fez até agora no Brasileiro. Após 22 rodadas, finalmente o time atingiu a segunda vitória consecutiva, subindo na classificação do Campeonato Brasileiro. A aplicação esperada por Antônio Lopes e o bom rendimento técnico e tático da equipe foram os fatores mais comemorados de um jogo em que até cachorros foram protagonistas.
Segundo o técnico Antônio Lopes, o auxiliar (e seu filho) Antônio Lopes Júnior foi atacado por um rottweiler, ?atiçado? por um policial. “O mínimo que pode acontecer é esse fato ser relatado na súmula”, afirmou o Delegado. Júnior foi atendido no vestiário do Serra Dourada, depois de ter sido mordido pelo cachorro. O auxiliar foi levado a um hospital, vacinado e logo liberado.
O alívio pelo fato do auxiliar não ter sofrido ferimentos mais graves somou-se à alegria pela vitória e pela boa atuação. “Nós provamos que o time está pronto para subir de vez no Brasileiro”, afirmou o zagueiro Alexandre, um dos destaques do Cori em Goiânia. “Mostramos que nós estamos subindo e conseguindo ter equilíbrio em todas as partidas”, completou o armador Luís Carlos Capixaba.
Para Lopes, a consciência tática foi fundamental. “Nós tivemos calma, mantivemos a posse de bola e erramos poucos passes. No momento em que controlamos o jogo, fizemos a partida certa. Merecemos ganhar o jogo, se ficássemos no empate seria uma grande injustiça”, disse o treinador coxa, que aproveitou para alfinetar os goianos, que tinham a vitória como certa.
Apesar de ter participação fundamental no acerto do time, principalmente no intervalo, Antônio Lopes ofereceu a vitória aos jogadores. “São eles os totais responsáveis pelo resultado. Se a gente passa as orientações, elas não adiantam nada se o elenco não as aplica em campo”, comentou o técnico, que valorizou também o adversário. “O Goiás tem uma equipe muito boa, valorizou o nosso resultado”.
A partir de agora, o pensamento do time será o Criciúma, adversário de quinta, às 20h30, no Couto Pereira. “Por mais que a gente queira comemorar, vamos olhar para o nosso próximo jogo. Não dá para ficar festejando muito, achando que somos os melhores do mundo. O campeonato é difícil, e nós temos a obrigação de conseguir o resultado”, disse o Delegado.
Para o jogo do meio de semana, Ataliba, Adriano e Rafinha estão fora, todos suspensos (Rafinha já estava fora de qualquer maneira, já que se apresenta hoje à seleção brasileira sub-20). Em contrapartida, Aristizábal e Cléber estão liberados, e Ricardo e Roberto Brum estão em fase final de recuperação.
Vitória no apagar das luzes
Teve de tudo no Serra Dourada, sábado à tarde. A torcida do Goiás chegou depois do jogo começar, o Coritiba conseguiu perder três jogadores com o terceiro cartão amarelo, um cachorro mordeu o auxiliar técnico coxa e, para fechar, dois pênaltis no últimos minutos. Mas teve também uma ótima atuação do Cori, principalmente no segundo tempo, e a vitória veio com Tuta, aos 50 minutos de jogo.
A opção em marcar prioritariamente foi abandonada por Antônio Lopes. Ele preferiu colocar Rafinha no meio-campo, escalando Jucemar na lateral-direita. A estratégia funcionou desde o primeiro tempo, quando o Coxa conseguiu manter o equilíbrio no jogo, mesmo que o Goiás tenha tido mais chances de gol. Quando os donos da casa chegavam ao ataque (com Alex Dias, artilheiro do Brasileiro), Fernando se destacava, fazendo boas defesas.
Vendo algumas dificuldades no meio-campo, o treinador coxa fez pedidos diretos aos jogadores no intervalo. Antes do início do segundo tempo, entretanto, uma confusão inusitada, talvez inédita no futebol brasileiro. Um cachorro da Polícia Militar soltou-se do soldado e atacou o auxiliar técnico do Coritiba Antônio Lopes Júnior, filho do treinador Antônio Lopes, e o jogador Leandro Smith, do Goiás. O auxiliar coxa, que foi derrubado pelo rottweiler, teve cortes na perna e foi que ser levado às pressas para o vestiário. O treinador, com a experiência de delegado, foi ao árbitro Alício Pena Júnior e pediu que, além de relatar o fato na súmula, responsabilizasse o soldado pelo ataque. Houve atraso de dez minutos no reinício da partida.
Talvez “mordidos” pela atitude da polícia, o Coritiba voltou transformado. Se o time fizera uma atuação regular na primeira etapa, tomou o controle da partida no segundo tempo. Apesar de jogar em casa, o Goiás foi encurralado pela marcação alviverde – e as principais peças goianas foram anuladas, tanto que Celso Roth viu-se forçado a sacar Somália e Paulo Baier. O gol era questão de tempo. E veio com o (de novo) melhor jogador do Coxa. Luís Carlos Capixaba recebeu de Tuta e chutou forte, abrindo o placar. “Eu estou arriscando mais, estou com confiança”, disse o armador, que marcou quatro dos últimos cinco gols do Cori.
A torcida já começara a ir embora, e parecia ter desistido quando Gustavo acertou a trave de Fernando em uma cobrança de falta. Só que, aos 45 minutos, Alício Pena Júnior marcou pênalti de Ataliba em Aldrovani. Alex Dias cobrou e marcou seu 15.º gol no Brasileiro. Para muitos, ali o jogo terminara – mas, aos 49, Tuta foi derrubado por Renato na área. O centroavante cobrou e deu a vitória para o Coxa.
CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Serra Dourada (Goiânia-GO)
Árbitro: Alício Pena Júnior (MG)
Assistentes: Márcio Eustáquio Santiago (MG) e Rodrigo Otávio Baeta (MG)
Gols: Capixaba 23, Alex Dias 45 e Tuta 50 do 2º
Cartões amarelos: Leandro Smith, Danilo (GOI); Rafinha, Adriano, Ataliba (CFC)
Renda: R$ 146.415,00
Público total: 11.912
GOIÁS 1X2 CORITIBA
Goiás
Harlei; Gustavo, Renato, André Dias e Jadílson; Cléber, Paulo Baier (Fábio), Josué e Danilo (Leandro Smith); Somália (Aldrovani) e Alex Dias. Técnico: Celso Roth
Coritiba
Fernando; Jucemar, Miranda, Alexandre e Adriano; Ataliba, Márcio Egídio (Vágner), Rafinha (Pepo) e Luís Carlos Capixaba; Tuta e Alemão (Juninho). Técnico: Antônio Lopes