Coritiba anula Romário e atropela o Fluminense

Pelo menos até a metade da semana, o `baixinho’ que é atração no futebol brasileiro tem outro nome. Quando se esperava a recuperação de Romário, eis que surge Jabá para decidir o jogo para o Coritiba, que venceu o Fluminense por 2 a 0, sábado, na última `batalha’ do Alto da Glória e assumiu a 4.ª colocação após a rodada de ontem. O gol do pequenino atacante coxa foi apenas o golpe final de uma partida disputada, em que a disposição e a disciplina tática do Cori sobrepujaram as individualidades do Flu.

Mas, com o acerto tático alviverde, houve espaço para a qualidade coxa aparecer. E foi Lúcio Flávio quem comandou a vitória de sábado, desde os primeiros momentos do jogo. Arriscando chutes de fora da área ou tentando os passes para Da Silva e Lima, o meio-campista dominava as ações de ataque do Cori, enquanto a defesa dava mostras do que faria nos noventa minutos – o domínio do trio coxa era tão evidente que Pícoli trocou fun-ções com Romário, driblando duas vezes o atacante.

E se na defesa as coisas estavam seguras, os zagueiros partiram para o ataque. E, aos 16 minutos, uma das jogadas ensaiadas durante a semana deu certo – Reginaldo Araújo cobrou o escanteio para Lúcio Flávio, que lançou Pícoli na segunda trave. O toque de cabeça foi preciso, e Da Silva se antecipou a César para abrir o placar. “Esse lance nós estreamos contra o Fluminense”, brinca Pícoli.

A vantagem permitiria as saídas em contra-ataque, mas o Cori ficou só na primeira parte da jogada – o recuo em demasia. Mas Beto e Romário não jogavam bem, enquanto Fernando Diniz e Magno Alves eram fortemente marcados, o que dificultava o ataque carioca. Do outro lado, Da Silva e Lima ficavam isolados na frente, e quando recebiam a bola a perdiam rapidamente, sem valorizar o domínio do jogo e o placar favorável.

Na volta para o segundo tempo, o técnico Paulo Bonamigo pediu melhor marcação e o Cori avançou a equipe, “prensando” o Fluminense dentro de seu campo. Assim correram vinte minutos de pressão coxa, em que se sobressaíram dois personagens: o goleiro Murilo, que fez quatro grandes defesas (“ele foi excelente”, elogia Fernando) e o árbitro Carlos Eugênio Simon, secundado pelo assistente Altemir Hausmann. O gol anulado aos 8 minutos levou a torcida coxa ao desespero. Foi marcado impedimento de Lima, que não participou do lance, que partiu de Tcheco cobrando escanteio para a cabeçada de Edinho Baiano.

Inflamado pela entrada de Roni, o Fluminense tentou pressionar o Coritiba, mas esbarrava na ineficiência ofensiva (“eu não joguei nada, eu mereço ser criticado”, disse Romário) e na precisa atuação do meio-campo alviverde, que se compactava e bloqueava o ataque tricolor. Sentindo o cansaço de Da Silva, Bonamigo colocou Jabá, para aumentar a velocidade na frente e tirar o Cori do seu próprio campo. “A idéia era resolver o jogo com um segundo gol”, garante o treinador coxa.

De novo o Coxa mandava no jogo, com Lima perdendo um gol impressionante aos 33 minutos. Quando já parecia que o placar estava resolvido, apareceu a categoria decisiva. Aos 40 minutos, Lúcio Flávio partiu pela direita e indicou o lugar onde Jabá tinha que se posicionar. “Ele esperou que eu chegasse no lugar certo”, elogia o atacante. Dali para frente a história é conhecida: o passe preciso, o chute desviado por Murilo e a bola entrando mansamente na rede do Flu. E quem foi ver Romário acabou vendo Jabá, o novo xodó da torcida coxa.

Time acertado para pegar mais medalhões

As batalhas terminaram, pelo menos por enquanto. E o saldo positivo dos últimos três jogos do Coritiba dentro de casa serão colocados à prova nesta difícil semana, com duas partidas longe do Alto da Glória. E lições foram aprendidas, que podem ser fundamentais para conseguir bons resultados contra Palmeiras (quarta, no Parque Antártica) e Vasco (sábado, em São Januário).

“Acho que aprendemos que o campeonato será sempre muito equilibrado, e que tanto dentro quanto fora de casa as equipes têm condições de vencer”, diz o técnico Paulo Bonamigo, remetendo-se à derrota para o Corinthians, no domingo passado. “E isso também significa que temos que pensar cada jogo individualmente. A vitória já passou, assim como a derrota também tinha passado”, resume.

No sábado, o Cori realmente demonstrou que superara o baque. “Nós vencemos e jogamos bem, o que é importante. Acho que estamos prontos para os jogos fora de casa”, afirma Lúcio Flávio. “O fundamental foi manter a postura e a iniciativa do jogo durante os noventa minutos”, completa Bonamigo, que garante que os recuos da equipe (principalmente no primeiro tempo) foram naturais. “O pensamento era sair em velocidade no ataque, e em vários momentos acertamos essas jogadas”, afirma o treinador alviverde.

E foram realmente ataques perigosos – e só isso porque o Cori desperdiçou um sem-número de oportunidades. “Isso acontece, e nós precisamos sempre tentar corrigir durante os treinos. Mas já tivemos uma atitude mais positiva durante o jogo”, explica Bonamigo, que preferiu não comentar individualmente as atuações dos seus atacantes.

Para a partida de quarta, contra o Palmeiras, Bonamigo tem um desfalque certo, Pícoli, que levou o terceiro cartão amarelo no sábado e terá que cumprir suspensão. “Não sei porque o Simon fez isso. Foi uma jogada normal, e isso pode complicar um jogador”, reclama o zagueiro, que na quarta será julgado no TJD pela expulsão contra a Ponte Preta. Em seu lugar, deverá jogar Danilo, que é o imediato da posição, segundo Bonamigo.

Alegria

Roberto Brum comemorou a vitória com a satisfação do dever cumprido. “Para mim, o jogo era muito especial, porque era contra o clube que me deu tudo no futebol. Mas agora eu tenho uma nova paixão, que é o Coritiba, e por isso eu fiquei tão feliz com a vitória”, explica o volante, que enfrentou pela primeira vez na carreira o Fluminense – clube no qual atuou por doze anos.

O jogador garante que o Coritiba não será diferente contra Palmeiras e Vasco. “Não vejo necessidade em mudar o estilo de jogo só porque se joga fora de casa. O Coritiba tem o seu estilo próprio, que o Bonamigo conseguiu criar com muito trabalho. E o que está dando certo não pode ser mexido, porque tenho certeza que vamos conquistar pontos em São Paulo e no Rio”, promete o ‘senador’.

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