Um barril de pólvora prestes a estourar. Assim está o Corinthians que entra em campo nesta quarta-feira para enfrentar o Bahia a partir das 21h50. Cada vez mais perto da zona de rebaixamento, o time joga sob enorme pressão no Estádio Romildo Ferreira, em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Sem vencer há oito jogos, um novo tropeço pode significar o fim da harmonia entre o técnico Tite e a equipe, apesar de ele não pensar mais em abandonar o barco como chegou a cogitar anteriormente.
Dois dias após a goleada vexatória por 4 a 0 para a Lusa, Tite garantiu na entrevista de terça-feira que está pronto para dar a volta por cima. “Claro que fiquei chateado. Saí do aeroporto quieto com dois amigos, não eram seguranças, para evitar que um aproveitador qualquer quisesse aparecer. Aprendi com o futebol que a gente se recicla rápido no momento ruim. São 31 anos de experiência. Não tomei uma caipirinha, mas namorei. É ‘nóis mano’, até quando a diretoria quiser”, afirmou o técnico, mais tranquilo, apesar da ameaça de rebaixamento. “É ‘nóis’ quando ganha, tem de ser ‘nóis’ quando perde. Sou técnico do Corinthians e me orgulho disso, sou um privilegiado.”
Tite ganhou respaldo da direção. No treino de terça-feira, em Mogi Mirim, onde o clube cumpre o primeiro dos quatro jogos de punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça de Desportiva (STJD), o técnico foi observado de perto pelo presidente do clube, Mário Gobbi, que disse estar com ele “até o fim”.
Há um ano e oito meses que o Corinthians não entrava em campo tão pressionado por sua torcida. Desde a fatídica eliminação na fase preliminar da Libertadores, em fevereiro de 2011. Após aquele vexame diante do Tolima, torcedores tentaram agredir os jogadores no desembarque e aproximadamente 300 corintianos foram ao CT do clube xingar os atletas, apedrejar o ônibus da delegação e cobrar a saída de alguns nomes do elenco.
O saldo das cenas de vandalismo foram a aposentadoria de Ronaldo e as saídas de Jucilei e Roberto Carlos. Tite acabou poupado naquele momento pela direção e levou a equipe às importantes conquistas do Campeonato Brasileiro, da Libertadores e do Mundial.
Esse reconhecimento, já que grande parte do atual elenco participou das conquistas, parece não existir mais. E alguns jogadores estão na mira dos irritados torcedores corintianos. Entre as peças principais das reclamações estão Emerson, o herói da Libertadores, e Alexandre Pato, o reforço de R$ 40 milhões que ainda não convenceu.
Para salvar a pele do treinador e também deles próprios, os jogadores fizeram um pacto para “resgatar o futebol de campeão” e, assim, espantar o fantasma do rebaixamento – o Corinthians está em 13º lugar, com 31 pontos. Prometeram jogar pelo time e deixar as desavenças de lado.
Resta saber se o adversário vai deixar. “Claro que será um jogo duro, complicado, e temos de ser melhores do que o Bahia em campo, fazer por merecer o resultado”, pregou Tite. Como? “Com luz, equilíbrio, discernimento e persistência.”