É possível um time tirar uma diferença de oito pontos em apenas quatro jogos, ainda mais com um treinador que já teve a saída anunciada pela diretoria? O Corinthians acredita que sim, embora saiba que alcançar a vaga na Libertadores seria uma façanha. E a busca por esse milagre será a motivação de Tite e seus jogadores na partida deste domingo contra o Vasco, às 17 horas, no Pacaembu, pela 35ª rodada do Brasileirão.
“Meu trabalho não acabou”, disse Tite na sexta-feira, quando foi anunciada a sua saída do clube ao final do contrato, agora em dezembro. “A chance de classificação é pequena, mas eu apreendi a abraçar a possibilidade real, esse foi o discurso que fizemos com os atletas.”
O presidente do clube, Mario Gobbi, falou em um tom um pouquinho mais realista. “É um prejuízo grande ficar fora, mas você também vê clubes grandes europeus fora da Liga dos Campeões. Se realmente não conseguirmos a vaga, ela já é objetivo número um para o ano que vem”, avisou o dirigente.
O Corinthians terá de superar vários problemas para terminar o Brasileirão com um lugar na Libertadores, mesmo após duas vitórias consecutivas, sobre Fluminense e Coritiba. Em primeiro lugar, será preciso vencer os jogos que restam, contra Vasco, Flamengo, Internacional e Náutico – a má notícia é que o time não enfrentará nenhuma das equipes que brigam para ir à competição continental. Além disso, é preciso torcer para o G4 virar G5. Isso vai acontecer se o Atlético-PR ganhar a Copa do Brasil, desde que o São Paulo ou a Ponte Preta não vença a Copa Sul-Americana.
Os rivais do Corinthians na luta pela classificação são Santos, São Paulo, Vitória, Botafogo e Goiás. E todos eles, além de terem mais pontos, evidentemente, têm mais vitórias. Esse é o grande problema do time de Tite, o rei dos empates no Brasileirão (já são 15 em 34 rodadas).
De fato, não é uma tarefa fácil. Na verdade, é quase impossível. E isso é consequência da campanha ruim que o time faz no Brasileirão – e que causou a saída de Tite. O técnico atribuiu a queda de produção da equipe aos desfalques ao longo da competição, e não a um desgaste entre ele e o elenco.
Um exemplo: o atacante Guerrero, além de ter sido convocado constantemente para a seleção peruana, está machucado. Já o meia Renato Augusto passou mais tempo no departamento médico do que em campo. E, quando voltou ao time, passou a jogar mais avançado, como referência na área, para substituir justamente Guerrero.
E isso deverá acontecer mais uma vez neste domingo. Alexandre Pato está suspenso por causa do terceiro amarelo e Tite vai usar Renato Augusto junto com Romarinho e Emerson na frente. A tendência é que o meia Douglas também volte ao time.
Embora essa formação tenha sido responsável pela recuperação do time nos últimos jogos, ela evidencia uma deficiência brutal da equipe: a falta de chutes ao gol – daí cada vitória do Corinthians ser um parto. O volante Guilherme, autor do gol que deu ao time o triunfo sobre o Coritiba, pode ajudar nesse quesito, principalmente se atuar mais perto da área adversária.