São Paulo
– Ciente da força que o Atlético Mineiro tem quando atua em Belo Horizonte, o treinador do Corinthians, Carlos Alberto Parreira, não quer correr riscos. Por isso, armou um esquema cauteloso para o primeiro confronto entre as duas equipes pelas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro, hoje, às 16h no Mineirão.Mesmo que o técnico tenha garantido que a equipe não vai alterar a forma de se comportar em campo, alguns jogadores confirmaram a preocupação em evitar uma derrota por dois ou mais gols de diferença para atuar com tranqüilidade na partida de volta, quarta-feira que vem em São Paulo. Por ter terminado a fase de classificação na terceira colocação (o Atlético ficou em sexto), o Corinthians terá a vantagem de poder empatar as duas partidas para garantir a vaga na semifinal, que será disputada contra o vencedor do confronto entre São Caetano e Fluminense.
“No coletivo de sexta-feira, o time reserva atuou no esquema 3-5-2, o mesmo do Atlético, e nos deu muito trabalho. Se o resultado de 1 a 1 do treinamento for repetido no Mineirão, não teremos do que reclamar”, avaliou Guilherme, que terá a incumbência de marcar o líbero adversário. Parreira enfatizou novamente o conjunto como ponto forte do Corinthians. E citou que não existe necessidade de alterar a maneira como o time vem jogando. Neste domingo no Mineirão, a torcida deverá ver a equipe tocando a bola com paciência, esperando o melhor momento para entrar na área adversária.
“Sinceramente, não acredito que alguma das duas equipes abra uma larga vantagem neste jogo. A não ser que ocorra uma catástrofe. Teremos 180 minutos para decidir e dificilmente haverá um placar dilatado”, aponta.
Estrategicamente, o treinador levou o grupo para a cidade de Jarinu, no interior paulista, onde passou três dias durante a semana. Com isso, conseguiu abafar as insistentes cobranças dos jogadores, desgostosos com a falta de pagamento do prêmio pela conquista da Copa do Brasil, de alguns bichos e dos direitos de imagem. A diretoria garante que pagará logo parte das dívidas que tem com o grupo. “O período longe de São Paulo serviu para que nos uníssemos ainda mais. É claro que não é possível arrumar todos os problemas do time em apenas três dias. Passei a importância do título brasileiro, que enriquece qualquer currículo”, comentou Parreira.
Os jogadores evitaram entrar em choque com a diretoria e falaram basicamente sobre o Atlético Mineiro. “Será o confronto mais equilibrado entre todos das quartas-de-final”, apontou Renato, que marcou um gol na vitória do Corinthians sobre o Atlético Mineiro por 2 a 1 na primeira rodada da competição. “É claro que, em um momento como esse, a responsabilidade sempre pesa sobre o ombro de alguns. Mas eu não vou ganhar o campeonato sozinho. O momento é de concentração total. Não podemos perder porque não haverá tempo de recuperação”, afirmou Guilherme.
A força da torcida do Atlético ficou restrita aos comentários dos jornalistas e do próprio Guilherme, que defendeu o time mineiro nas três últimas temporadas antes de se transferir para o Parque São Jorge. “Eu, particularmente, adoro entrar em estádios lotados. Me sinto muito mais empolgado, ainda mais quando estou longe de São Paulo”, afirma o atacante Deivid que jamais sagrou-se campeão brasileiro. No grupo atual, apenas Kleber e Vampeta conquistaram este título vestindo a camisa do Corinthians.
O retrospecto histórico entre as duas equipes nos últimos tempos é amplamente favorável ao Corinthians, que eliminou o Atlético Mineiro nas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1990, na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1994 e na Libertadores da América de 2000, além de ter conquistado o Campeonato Brasileiro de 1999 em cima do rival. “Mas isso não significa nada, apenas que o Corinthians foi mais competente e soube decidir no momento certo”, afirma Guilherme.
Corinthians: Doni; Rogério, Fábio Luciano, Anderson e Kléber; Fabinho, Vampeta e Renato; Deivid, Gil e Guilherme. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Local: Mineirão (Belo Horizonte). Horário: 16h. Árbitro: Héber Roberto Lopes (PR).
Geninho usa a camisa vermelha
Eduardo Kattah
Belo Horizonte (AE) – O técnico Geninho (foto), do Atlético-MG, já conquistou o respeito de colegas mais famosos, mas não costuma ser muito badalado pela mídia nacional. O fato, porém, não parece incomodar o treinador do Galo, atual campeão brasileiro pelo Atlético-PR.
Geninho, contudo, não esconde a satisfação pelos freqüentes elogios que recebe de outros treinadores, principalmente do adversário desta tarde. “Eu acho que o fato de um treinador do nível do (Carlos Alberto) Parreira me elogiar, já me deixa muito satisfeito. É um profissional altamente qualificado que conquistou tudo em sua carreira”.
Camisa vermelha
E foi se espelhando em um “mestre” que Geninho iniciou uma superstição profissional. A exemplo de Telê Santana, nos jogos, o treinador comanda suas equipes sempre com uma inseparável camisa vermelha. “Comecei a usar a cor vermelha imitando o Telê”, conta. A “mania” começou quando ele dirigia o Paraná Clube, durante a campanha vitoriosa do Módulo Amarelo da Copa João Havelange, em 2000, e continuou no ano seguinte, quando conquistou o Brasileirão pelo Atlético-PR.
Souza
Geninho depende do meia Souza para definir o time que coloca em campo esta tarde. Caso o armador seja vetado, o técnico poderá escalar Alexandre em seu lugar. Na zaga, Nem e Batata, com lesões musculares, estão fora.
Atlético-MG – Eduardo; Gutierrez, Hélcio (Heraldo) e Neguette; Mancini, Cleison, Souza (Alexandre), Paulinho e Michel; Kim e Marques. Técnico – Geninho.