São Paulo (AE) – Corinthians e Internacional disputam às 16 horas de hoje o mais esperado jogo do brasileiro de 2005. Num Pacaembu lotado – os 32 mil ingressos estão vendidos há mais de uma semana -, as equipes fazem uma partida com ingredientes de decisão de campeonato.
Não há possibilidade de o título ser definido matematicamente esta tarde, mas o confronto provavelmente mostrará quem, no dia 4 de dezembro, levantará a taça.
Bons ingredientes não faltam ao equilibrado duelo. A começar pelo banco de reservas. De um lado, o experiente técnico Antônio Lopes, acostumado a títulos e momentos de decisão. Do outro, Muricy Ramalho, com menos bagagem que o rival, mas também um ganhador de taças e com a mesma competência para armar equipes. Em campo, dois dos melhores e mais perigosos ataques do País: Nilmar e Tevez, de volta após defender a seleção argentina, prometem infernizar os gaúchos com jogadas em velocidade, enquanto Rafael Sóbis e Fernandão misturam habilidade com força no jogo aéreo.
O Corinthians leva vantagem de três pontos na classificação (77 a 74) e tem o apoio da torcida. Os gaúchos apostam no melhor momento – vêm de vitória por 1 a 0 sobre o Brasiliense – diante de um adversário que viveu dias conturbados por causa da derrota para o São Caetano.
O clássico tem tudo para ser emocionante. E está apimentado com infelizes declarações do vice-presidente de futebol corintiano, Andrés Sanchez. O dirigente afirmou que tem gente que pode comprar duas Mercedes, enquanto outras são obrigadas a andar de ônibus. Deboche que mexeu com o moral dos rivais, que prometem, em campo, dar um cala-boca no cartola.
Para o Corinthians, esta é a oportunidade de provar estar focado apenas na conquista do título, depois da discussão entre jogadores que se seguiu ao tropeço no ABC. ?Se o grupo não fosse unido, jamais chegaria à posição em que se encontra?, garante o zagueiro Betão. Nilmar engrossa o coro: ?Nenhum time consegue ficar várias rodadas na liderança se não tiver união?.
Se o Corinthians vencer, fica a um empate do tetracampeonato – enfrenta depois Ponte Preta e Goiás. Derrotado, pode até perder a liderança, desde que a diferença seja 3 ou mais gols. Para o importante duelo, a arma de Lopes é a paciência – não será surpresa se o time optar por valorizar a posse de bola. Com discurso de bom moço, ele evita a soberba: ?Será um grande duelo, entre duas grandes equipes. Não há favorito?.
Corinthians: Fábio Costa; Eduardo, Marinho, Betão e Gustavo Nery; Marcelo Mattos, Bruno Octávio, Rosinei e Carlos Alberto; Tevez e Nilmar. Técnico: Antônio Lopes.
Internacional: Clemer; Élder Granja, Ediglê, Edinho e Alex; Gavilán, Perdigão, Tinga e Ricardinho; Fernandão e Rafael Sóbis. Técnico: Muricy Ramalho.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas.
Nilmar encara seu ex-time
Valéria Zukeran
São Paulo (AE) – Enfrentar pela primeira vez o time no qual foi revelado para o futebol profissional é, normalmente, uma situação delicada na vida de qualquer jogador. O atacante Luís Fabiano certa vez afirmou que a sensação de marcar um gol nessas circunstâncias ?é como bater na mãe?. Hoje, no Pacaembu, o atacante Nilmar vai poder falar dessa experiência ao defender o Corinthians contra o Internacional. Garantia, o jogador dá apenas uma: a de que, ao contrário do que fez o ex-atacante são-paulino contra a Ponte Preta, vai comemorar se marcar gol no adversário.
?Não sei como vai ser. Será a primeira vez que estarei do outro lado?, disse o jogador, de 21 anos, sobre o confronto contra o Inter. E tudo fica mais complicado no caso de Nilmar porque o resultado do jogo é crucial para o futuro das duas principais equipes que disputam o título brasileiro.
Ao falar da intenção de festejar gol contra o time gaúcho, explica. ?A gente só não deve comemorar quando tem história no clube. E eu não tive no Inter?, enfatiza, apesar da passagem de quatro anos no Beira-Rio, que lhe rendeu dois títulos gaúchos no currículo.
Um ex-corintiano no Inter
Elder Ogliari
Porto Alegre (AE) – O jogador mais badalado do momento no Internacional, o atacante Rafael Sóbis, já vestiu a camisa do Corinthians ao lado de Bobô, Wendell, Betão, Rosinei e Marcelo e fugiu do Parque São Jorge por motivos que ainda hoje, cinco anos depois, evita revelar. ?Não digo o porquê, perguntem a eles?, desculpa-se, preferindo lembrar que no ano que passou em São Paulo, entre setembro de 2000 e setembro de 2001, meteu muitos gols.
Como continua com faro de artilheiro, poderá se tornar o carrasco de seu ex-time, não por qualquer sentimento de vingança ou desejo de provar alguma coisa, mas simplesmente porque considera o jogo deste domingo o mais importante de sua vida, uma decisão que pode levá-lo à conquista de um título nacional.
?Quero vencer, isso é mais importante que marcar gol?, afirma, sem menosprezar a perspectiva de alcançar Robson, do Paysandu, na artilharia do campeonato deste ano, e de ultrapassar Christian como maior goleador gaúcho em competições nacionais. Por enquanto, Rafael Sóbis tem 18 gols. Robson tem 21. E Christian marcou 23, em 1997, quando ainda jogava no Internacional.
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