São Paulo – A ameaça antecipada sábado pela Agência Estado se confirmou ontem: a camisa do Corinthians não tem patrocínio. Kia Joorabchian enviou duas cartas ontem agradecendo e encerrando oficialmente o patrocínio da Pepsi e da Siemens. O iraniano não quis nem saber que a intermediária nos contratos encerrados foi Carla Dualib, neta do presidente Alberto Dualib. Os comentários no clube são de que a MSI exigiu no mínimo o dobro de cada empresa. A Pepsi e a Siemens estavam dispostas a pagar o mesmo de 2004 – R$ 12 milhões as duas juntas.
Sem querer comprar briga com a família, o consagrado publicitário Roberto Duailibi, sócio proprietário da DPZ, afirma que Kia está certo em exigir mais dinheiro.
"Quanto mais estrelas, maior o valor que deve ser pago pela camisa. O Corinthians é há anos o clube que atrai maior audiência nas transmissões pela tevê. Isso sem estrelas. Com os jogadores que foram contratados, os valores da camisa realmente precisam ser muito aumentados. A decisão de entrar com a camisa ?limpa? é acertada. Vai despertar a atenção generalizada de patrocinadores importantes", avalia Dualibi. "Seria ótimo que fosse para sempre. Essa história toda está me despertando a nostalgia dos tempos em que o Corinthians não precisava de patrocínio", relembra o publicitário. O clube do Parque São Jorge teve o seu primeiro patrocinador em 1982.
O presidente da MSI já havia avisado na semana passada aos dois patrocinadores que, depois de contratar Tévez, Carlos Alberto e Sebastian Dominguez, iria exigir bem mais do que os R$ 9 milhões que o fabricante de refrigerante pagava por ano e os R$ 3 milhões que a multinacional especializada em telefonia bancava no Corinthians.
O raciocínio da MSI é simples: equiparar o preço da camisa corintiana aos uniformes mais caros europeus. Os valores que Kia pôde usar como comparação e o deixaram alucinado para aumentar os preços da camisa corintiana são estes: o Bayern de Munique recebe 17 milhões de euros (R$ 61 milhões) por ano da Deutsche Telekom, o Manchester United embolsa 12 milhões de euros (R$ 43 milhões) da Vodafone, a mesma Siemens, que pagava R$ 4 milhões pela camisa do Corinthians, gasta mais de dez vezes com o uniforme do Real Madrid (R$ 43 milhões), a Opel desembolsa 9 milhões de euros (R$ 32,4 milhões) ao Milan e o Arsenal recebe 8 milhões de euros (R$ 28,8 milhões) da O2.
O Corinthians só manterá a Nike como fornecedora porque o contrato termina no final de 2006. Pagou R$ 15 milhões pelo direito de fabricar a camisa corintiana assinado em 2004. Caso contrário, Kia tomaria a mesma atitude.
A Agência Estado ligou para a assessoria da Pepsi e da Siemens mas os responsáveis pelo patrocínio não quiseram dar explicações sobre a dispensa corintiana.
"Eu acredito que o Corinthians precisa ter muito cuidado. A Pepsi e a Siemens são duas empresas de credibilidade que levam credibilidade para os clubes que decidem patrocinar. Muitas vezes não vale a pena ganhar mais dinheiro de empresas que não tenham tanta credibilidade", diz Fábio Fernandes, dono da F/Naskar, uma das agências mais premiadas do País.
"Espero que a MSI esteja blefando, porque no mercado não está fácil encontrar patrocinador. Eu sou vascaíno. Se a Siemens e a Pepsi quiserem, a camisa do meu clube está à disposição", brinca, provocativo, Fernandes.
Ontem, Kia contratou o ex-manager do Aston Villa, John Gregory, para ser consultor internacional da MSI na Europa. Daniel Passarella – que ainda não acertou – exerceria o cargo na América Latina.
Mais dois reforços assinam hoje
São Paulo – Enquanto a situação de Vágner Love se complica, a MSI anuncia as assinaturas de contrato de Domingues Sebastian e Carlos Alberto. O ex-capitão e zagueiro do Newell?s da Argentina e o ex-meia do Porto estarão, hoje, em São Paulo para acertarem compromisso por quatro anos. E com a dispensa de Fábio Baiano, a MSI busca no mercado nacional um novo meia e um lateral esquerdo.
Love complicou a sua situação com a entrevista que deu na semana passada, dispensando o CSKA e assumindo ser novo jogador do Corinthians.
"Não sei onde o menino estava com a cabeça quando resolveu falar essas coisas. Eu acreditava que ele era um homem de palavra respeitável. A sua postura foi mais do que decepcionante. Ele tem contrato de quatro anos com o CSKA. Não cumpriu nem um e cometeu esse erro absurdo. Ele que tente não voltar à Rússia", diz, ameaçadoramente, o empresário Dionísio Castro, que intermediou a sua venda do Palmeiras para o CSKA.
Em off, o empresário jura que ao contrário do que Love vem afirmando, há uma multa de US$ 20 milhões (cerca de R$ 56 milhões) para liberá-lo.
O atleta garante que basta repor os gastos com ele, US$ 9,6 milhões (cerca de R$ 26 milhões).
"Mesmo que não existisse a multa, a atitude do Vágner foi absurda. E influenciará na sua carreira no futuro. Ele tem 20 anos e ficará marcado como um atleta que assina contrato e não cumpre", protestava Castro.
Love já foi orientado pelo seu empresário Cláudio Guadagno a embarcar para a Rússia e tentar apelar para a diretoria do CSKA. Ele continua disposto a não voltar de jeito nenhum. O grande incentivo para brigar é o seu filho Vágner Júnior. Filho de uma ex-namorada, ele não tem como levá-lo à Rússia sem levar a mãe do menino e os parentes dela. Acontece que os dois já estão rompidos.
"Só que não irei ficar longe do meu filho de jeito nenhum", jura Love.
O CSKA ameaça procurar a Fifa se o atacante resolver não voltar. Só que o fato de o atacante estar viajando para a Europa nada significa. Ele não quer jogar de jeito algum.
"Vai ser pior para eles terem um atleta sem vontade de jogar. Eu quero ficar no Corinthians. Isso já está decidido na minha cabeça. Vou fazer o que tiver de fazer para sair do CSKA", prometeu Love.
Em silêncio, Kia Joorabchian mandou um representante para a Rússia.
Os contatos estão sendo diários. A princípio, a diretoria do clube europeu está completamente irritada e está pedindo US$ 20 milhões até como revanche pela atitude ?irresponsável? de Vágner Love.
Kia acredita que acabará convencendo a diretoria do CSKA que o melhor será dispensar mesmo Love. Há a possibilidade levantada de o Corinthians conseguir Love por empréstimo. Por um preço considerado intermediário sobre a pedida russa e o desejo brasileiro: US$ 15 milhões.
A decisão deverá acontecer até o início do Campeonato Paulista na próxima semana.
Luizão não joga no Timão
São Paulo – Não adiantou a reunião de quatro horas e a ?paixão? que o atacante alega nutrir pelo clube. Não houve acordo nem nos valores, nem nas versões para o fracasso.
Luizão promete prosseguir com a ação na Justiça comum para receber os R$ 9 milhões que o clube lhe deve.
A MSI afirma que o jogador pediu salários muito altos.
A empresa garante que vai conseguir convencer Luizão a tirar a ação da Justiça.
A versão do atacante é bem diferente.
"Eu não acertei com aMSI porque o que me ofereceram foi muito baixo. E não tem essa história de tirar a ação por menos do que eu tenho direito. Não vou tirar a ação da Justiça contra o Corinthians. Isso não existe", jurava Luizão. Com o fim da negociação, Kia irá se dedicar ainda mais para fechar com Vágner Love.
