Coração Rubro-Negro

Paulo Rink iniciou como profissional pelo Atlético Paranaense em 1989, com 16 anos. Quem o lançou foi o então treinador Nilson Borges. Em 91, foi para o Atlético-MG e devido a pouca idade alternava momentos entre os profissionais e os juniores. Sagrou-se campeão nas duas categorias. Em 92 voltou para Curitiba onde teve que servir o Exército. Nos três anos seguintes, Rink não conseguiu se firmar no Furacão e foi emprestado, por duas vezes, ao Chapecoense (SC). As boas atuações no time catarinense lhe renderam o retorno ao Atlético. Em 95, com Oséas formou na época uma das melhores duplas de atacantes do futebol brasileiro. Com eles, o Atlético foi campeão da Série B em 95, voltou para a elite e fez uma bela campanha no Brasileirão em 96.

Em 97 iniciou sua carreira no exterior jogando no Bayer Leverkusen, na Alemanha, onde permaneceu até 2001.

Teve uma rápida passagem pelo Santos, em 1990. Durante esse tempo naturalizou-se alemão e foi convocado para defender a seleção alemã na Eurocopa-2000, quando a Alemanha era treinada por Berti Vogts, e atuou em 13 partidas. Naquele país jogou também no Nürnberg e Energie Cottbus.

Na temporada 2003/04 atuou pelo Olympiakos Nikosia – Chipre e Vitesse Arnheim – Holanda.

Na seguinte jogou no Chonbuk Hyundai, na Coréia do Sul, e retornou ao Chipre emprestando seu futebol aos clubes Olympiakos Nikosia e Omonia Nikosia.

De lá retornou em 2006 para o Atlético, seu clube do coração. Seu último gol pelo clube foi em 4/10, na derrota contra o Juventude, por 3 a 2, em Caxias do Sul, pelo Brasileiro. Apesar de ter participado da pré-temporada do Rubro-Negro, Paulo Rink fez suas últimas apresentações com a camisa rubro-negra nos amistosos contra o FC Dallas, na Arena e nos Estados Unidos, em 7 e 31 de março, respectivamente.

A Tribuna procurou o jogador para uma entrevista, porém a assessoria de imprensa do clube não permitiu. Informou que o jogador só poderia dar entrevistas na coletiva programada para hoje.

Empatia com a torcida e maturidade

Um dos mais populares jogadores do Atlético e 7.º maior artilheiro do clube, com 80 gols marcados, Paulo Rink, 34 anos, fará a sua despedida dos gramados na 5.ª-feira, 24 de maio, às 19h30.

A Baixada, campo de muitas batalhas para os atleticanos, será o palco para mais um grande espetáculo no qual desfilarão jogadores que atuaram com Rink durante sua trajetória. O jogador sempre teve empatia com os torcedores devido às suas atuações em campo. Se não dava na técnica, ia na raça mesmo. Sua melhor passagem pelo Furacão foi entre 95/96, quando fez parte de um belo time e se destacou para o mundo. Foi negociado para a Europa, iniciando no Bayer Leverkusen, da Alemanha, dando início à carreira internacional, que teve como ápice a convocação para a Seleção da Alemanha. Devido a uma contusão, ficou fora da Copa do Mundo de 2002.

Depois jogou na Holanda, Coréia do Sul e Chipre. Devido às suas andanças adquiriu experiência de vida e maturidade. Enfrentou dificuldades de adaptação em países diferentes, mas soube transformá-las em benefício próprio.

?A característica de superar desafios sempre acompanhou Rink, desde a sua infância?, conforme confidenciou a mamãe Jilcy Mara Rink. Para ela, o filho passa agora por um momento de transição, saindo dos gramados e se programando para uma nova vida – relacionada ao futebol.

Paulo Rink pode se transformar em um dos importantes braços internacionais do Furacão ou fazer parte da direção do clube. Seja qual for a sua escolha, Rink estaria preparado para assumir qualquer função desportiva.

?Ele adquiriu conhecimento e se preparou para o futuro, quando parasse de jogar?, afirmou dona Jilcy, uma das principais incentivadoras da carreira do filho. A poucos dias da festa de despedida na Arena, ela conversou com o Paraná-Online.

Paraná-Online: Chegou a hora do Paulo Rink deixar o futebol?
Jilcy Mara Rink: Ele não está abandonando o futebol, mas passando por uma transição, saindo dos gramados. A hora é essa. Ele está bem, com a parte física em dia. Sai por cima.

Paraná-Online: Ele se daria bem na função de dirigente?
Jilcy: Tenho certeza que sim. Ele está muito bem preparado. Adquiriu experiência, conheceu novos países e idiomas e novas culturas.

Paraná-Online: O que Paulo conquistou de mais importante no futebol?
Jilcy: Maturidade foi o mais importante.

Paraná-Online: Quais foram as principais dificuldades enfrentadas por ele?
Jilcy: Início de carreira é difícil em qualquer setor. Mas para o Paulo foi a adaptação a outros países. É tudo muito difícil. Ele foi para a Europa somente com a esposa. As dificuldades são grandes. Tem que aprender outra cultura, idioma. Imagine ele na Coréia do Sul, onde a dificuldade da leitura é enorme – os coreanos utilizam ideogramas na escrita. No mercado não sabia se estava comprando refeição ou outra coisa qualquer.

Paraná-Online: Alguma vez ele entrou em contato com a família dizendo que pensava em desistir?
Jilcy: O Paulo é muito persistente. Sempre fez de tudo para superar seus limites. Isso desde pequeno. Ele gosta de superar dificuldades.

Paraná-Online: A paixão que ele tem pelo Atlético vem de família?
Jilcy: Claro que sim. Toda a família é atleticana. Isso vem do meu pai, que é um apaixonado pelo Atlético.

Paraná-Online: E os netos, podem também seguir os passos do pai?
Jilcy: É difícil falar. Antes de mais nada, eles têm que demonstrar habilidade – para o futebol. Os filhos do Paulo têm uma preparação e uma cultura diferenciada, devido às experiências que o Paulo teve. Entre eles, é possível que o Guilherme siga a carreira do pai – tem dois filhos: Gustavo, 9 anos, e Guilherme, 5.

Paraná-Online: Há alguma definição do futuro de Paulo Rink?
Jilcy: Ele vem fazendo um planejamento e se organizando para essa transição – jogador para executivo de futebol.

O Paulo é centrado e tem escritórios montados na Europa e amigos por onde jogou.
Paraná-Online: Qual mensagem a senhora deixa para o seu filho nessa despedida dos campos de futebol…
Jilcy: ?Paulo, você foi o melhor que conseguiu ser e espero que continue assim. Sempre no sentido de fazer o seu melhor?.

Tchau com muitas atrações

A despedida do ídolo atleticano acontecerá nesta 5.ª-feira. Os ingressos para o jogo entre Atlético e Amigos de Paulo Rink estarão disponíveis nas bilheterias da Arena, a partir de hoje. Os bilhetes terão preço único: R$ 15. Ninguém dos jogadores envolvidos no amistoso cobrará cachê. Parte da renda será doada para a Santa Casa.

Entre as atrações do jogo estarão grandes estrelas do futebol mundial, como o ex-jogador e técnico da seleção alemã em 2002, Rudi Voeller, Ballack (craque alemão que atuou com Rink na seleção daquele país), o zagueiro Juan, da seleção brasileira, e representantes do elenco rubro-negro de 95 e 96. O destaque fica por conta de Oséas, que irá reviver a dupla que empolgou a torcida atleticana na década de 90.

Sempre na Baixada

Abaixo, alguns trechos de duas entrevistas de Paulo Rink, concedidas recentemente ao site futebolpr.com.br e ao repórter da Tribuna, Cahue Miranda, contam um pouco da vida do atacante, e do que representou o Furacão em sua carreira.

Não há como falar em Arena da Baixada, ou mesmo CT do Caju, sem associar estes dois ?impérios atleticanos? ao atacante Paulo Rink. Um dos principais ídolos do Atlético, além de conquistar importantes títulos para o clube, como o Brasileiro de 95 da Série B, que rendeu a vaga para 1.ª Divisão do Brasileiro, rendeu também a maior negociação da época para o Furacão. Com o dinheiro da venda do jogador para o Bayer Leverkusen, da Alemanha, o clube deu o salto inicial para a reestruturação total, até chegar ao que representa hoje no Brasil.

?O início de torcedor/ jogador do Atlético?

Meu avô torcia, ele é um fanático pelo Atlético. Ele me levava quando pequeno.

Foi coincidência de ir fazer teste no Atlético, porque jogava no Pinheiros, na época. Quando me convidaram para ir para o Atlético topei direto e fui lá fazer teste de kichute ainda. O pessoal tirava com a minha cara, porque todo mundo treinava de chuteirinha bonitinha e eu ia de kichute, mas mandei bem.

?O primeiro jogo?

Como profissional foi em 89 pelo Atlético, joguei com 16 anos pela primeira vez, quando o Nilson era técnico ainda.

?Os ídolos e atletas que serviram de inspiração?

Gosto muito da época do Assis e Washington, o Nilson Borges, que hoje é auxiliar. É uma pessoa que fez muito no Atlético. Tem o goleiro, o Caju, que é famoso, mas não cheguei a ver, só ouço história.

Daí tem o Sicupira também, que se não falo ele me mata (risos).

?O momento mais importante, mais marcante no Atlético?

Conquista do Brasileiro, que a gente subiu para a 1.ª Divisão, em 95. O Atlético deu uma arrancada depois daquele ano.

?Futebol no Brasil e na Alemanha?

A grande diferença é o vigor físico e a técnica. O brasileiro tem mais técnica e o alemão mais vigor físico. Essa é a maior diferença entre o futebol que tem nesses países.

?A convocação pra seleção da Alemanha?

Essa foi uma época que estava em dúvida se acertaria ou não com a seleção, se iria aceitar o convite ou não e liguei para o Luxemburgo, até então treinador do Brasil, e pedi uma opinião de uma pessoa que conheço pessoalmente, que é meu amigo e também era o técnico. Ele falou: ?Paulo, essa decisão tem que ser tua, não posso nunca lhe prometer uma convocação para a Seleção Brasileira?. Falei até ?não é isso que to pedindo, só um aconselho da situação, que é para mim inusitada?. Ele falou: ?Decida o que é melhor para você e eu não posso te prometer nada. Seleção Brasileira é Ronaldo, Romário, Ronaldinho?…

?Quando parar de jogar?

Fiz na Alemanha o curso de empresário, agente Fifa, tenho a licença já, mas não posso usá-la ainda porque atuo como profissional. Usava meu tempo, a minha conexão com a seleção alemã, minha conexão com a DFP, usava para fazer o curso. O período que joguei no Chipre, fui fazendo um curso paralelo na Alemanha. Viajava a cada três semanas. Tenho só que pegar a licença da Federação Alemã quando parar de jogar.

?Ser treinador e agente Fifa?

Treinador não sei se vou seguir essa carreira, é muito ingrata.

O treinador é a primeira pessoa a ser mandada embora do time.

Você muda muito, sacrifica a família. A minha parte vai ser mesmo na parte empresarial, cuidar desses negócios que tenho em Curitiba e em Lages, que tenho bastante coisa para fazer. Vou tocar a parte de empresário de futebol. Vou ser radicado alemão. Minha licença é na Alemanha. Pra mim é uma coisa diferenciada, porque como fui da seleção alemã, falo alemão, a credibilidade do alemão, nesse ponto, é muito melhor. Porque aqui no Brasil, num final de semana você pode tirar sua licença, na Alemanha você não faz num final de semana, fiz durante seis meses. No caso tive que fazer uma provinha em cada semana, aula, lá você tem que fazer mesmo.

?A camisa que não vestiria de jeito nenhum?

Como profissional nunca poderia falar sobre isso, mas teria que pensar 10 vezes antes de acertar um contrato com o Coritiba. Já vi o Tuta, que jogou no Atlético e no Coritiba, mas eu não. Não é a parte financeira, seria mais pra voltar pra casa, mas é difícil vestir a camisa do Coxa. Meu nome no Brasil é vinculado ao Atlético.

?O Coxa na Segundona?

Não estou feliz. Gosto do Atlético, mas vejo o futebol do Paraná primeiro. Acho que o Coritiba não merece, porque é um clube de primeira, tem estrutura e não gosto de rebaixar o inimigo. Acho que ele tem que estar valorizado para a gente ganhar dele bem. Para o futebol paranaense é ruim que o Coritiba esteja assim. Pra cidade de Curitiba é ruim. Não estou contente com esta situação.

?Quem deve jogar no amistoso de despedida?

O Alberto e o Ricardo Pinto estão confirmados. O Matosas, que atualmente é técnico no Uruguai (Danúbio), falou que vem e quer jogar. Pediu para guardar a camisa 8 para ele. O Oséas, que está sem clube, disse que já está entrando em forma. Vai passar na tevê e ninguém quer fazer feio.

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